Há oito anos a família de Adalberto vive em uma peça nos fundos da casa que seria reconstruída com ajuda da Prefeitura, que até hoje ficou só na promessa
É com um nó na garganta e lágrimas nos olhos que dona Genessi aceita conversar com a nossa equipe. Escoltada pela filha e pela neta, ela abre o portão da casa onde mora no bairro Municipal. “Claro. Aceito conversar contigo. Mas entra!”, pede ela.
Assim que se entra na casa se percebe o porquê das lágrimas. Na humilde moradia, as divisórias foram removidas. As paredes externas têm buracos, cobertos com placas de madeira para evitar a entrada do vento frio e de animais. As janelas, sustentadas pela fé, já estão cedendo. O assoalho, tomado por ondulações, range a cada passo. Partes do forro são seguradas com pedaços de tecido pregados na madeira. Há apenas uma geladeira, um sofá (sem uso), fogão e balcão de pia.
A casa não serve mais como sala de visitas, de jantar, ou para acomodar os quartos. Os móveis e as divisórias foram removidos por um pedido da Prefeitura, já que havia a promessa da construção de uma nova casa. Coisa que não aconteceu.
O lar adquirido há 28 anos, há pelo menos oito está se deteriorando cada vez mais. Hoje a família se acomoda em uma peça de 4X4- que fica logo atrás a casa. Dona Genessi Nunes da Silva, 55 anos, com problemas de saúde; Adalberto Teixeira da Silva, 65, deficiente visual; uma filha de 12 e a neta de 8 anos, vivem no local que seria uma solução provisória.
Na época de projetos sociais que concediam moradias às famílias mais carentes, a de Adalberto ficou de fora. Não teve sorte no sorteio, como chegaram a falar a ele. “Já faz oito anos que a Habitação (Secretaria) prometeu uma nova casa. Eles mandaram uma arquiteta olhar aqui. Chamaram nós lá porque iam fazer a casa toda aqui e não era pra nos preocupar. Depois começaram a nos negar”, conta Adalberto.
Mesmo com a limitação visual, ele foi várias vezes até a Secretaria para ver da possibilidade de conseguir ajuda do Executivo para uma nova casa. Até que se cansou e procurou o Judiciário. “Cansei de ir e vir. Fui lá no Fórum, coloquei direto na Justiça. A juíza chamou eles lá e deu 15 dias para eles (Prefeitura)vir olhar e avaliar a casa”, lembra.
Parecia que tinha finalmente conseguido. A Prefeitura tinha prometido fazer 62 metros quadrados de casa. “Mas aí vieram só trocar o ‘assoalhinho’ daquela peça dos fundos lá e o restante veio um fiscal dizer que o que eles podiam fazer era só isso. Se na frente quiséssemos mais, teríamos que desmanchar e fazer sozinhos”, revela ele que sustenta a família com o salário da aposentadoria e o apoio da esposa que é autônoma.
Agora ainda esperam a resposta da justiça. Da Prefeitura a família pede providência e cumpra com que prometeu. “Mas minha admiração é para a administração de Montenegro: lesar uma pessoa deficiente. Fazer mil promessas e um troca-troca de gente lá dentro e nada foi feito até hoje”, critica.
A família chegou a receber a oferta de aluguel social, mas a casa a ser alugada ficava na volta do morro e sem acessibilidade. Como Adalberto é deficiente não teria como a família se mudar para o local designado.
Ainda, conforme Adalberto, a Prefeitura, por meio da decisão judicial, está sendo multada a cada dia que nega o auxílio a moradia à família. “Eles estão tendo mais ônus com a multa do que se fizessem a casa aqui. O desinteresse deles é grande”, reclama.
O que diz a Prefeitura
O secretário municipal de Habitação, Desenvolvimento Social e Cidadania (SMHAD), João Marcelino da Rosa, afirma que esse caso ainda não chegou até ele. No entanto, ele explica que o morador, ou a família, deve ir até a SMHAD para explicar toda a situação e para que a pasta faça uma visita à moradia.
Na oportunidade, eles esclarecerão várias questões: avaliação socioeconômica, se a moradia está em uma área regular, se a família está cadastrada no banco de materiais e no Bolsa Família, entre outros. Com essas informações, a SMHAD buscará auxiliar o morador da forma mais correta e precisa possível.