Dia da Consciência Negra. Data é celebrada nesta segunda-feira e será marcada por evento sobre história e cultura
O Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, nesta segunda-feira, será marcado por um grande evento que culminará com a homenagem a pessoas negras consideradas referências na região. A ação faz parte de um projeto de resgate, divulgação e valorização da história dos negros no Vale do Caí.
O ponto de partida é o documentário “Negro no Vale do Caí”, do professor Roberto dos Santos, já falecido, e uma das referências negras que será lembrada nesta segunda-feira. O jornalista Rogério Santos, que está à frente da pesquisa, observa que é comum falar sobre a influência dos alemães e portugueses, mas observa que a importância do povo negro não é reconhecida.
O estudo vem sendo realizado há alguns anos e, após apurar e divulgar dados históricos sobre a chegada desse povo no Vale do Caí, neste ano o assunto avançou na busca de nomes que se destacam pela sua forma de viver, pensar e ou pelo trabalho que desenvolvem.
Rogério observa que a relação partiu de conversas e tem muito de suas impressões pessoais sobre os nomes escolhidos. Ele esclarece, porém, que se trata de uma lista inicial para estimular o debate sobre o assunto. O objetivo é, a partir deste evento na segunda-feira e da continuidade das pesquisas, listar centenas de nomes de pessoas negras que são referências.
“Nosso Vale sempre foi considerado colonizado por alemães, por português, nenhum registro cita os negros como formadores das cidades da região”, frisa. Com o avanço nas pesquisas, ele espera mudar esse cenário incluindo a participação desse povo na história da região. “Queremos abrir a discussão para surgirem outras referências”, resume.
O evento desta segunda-feira inicia com uma viagem no tempo, através de um painel sobre a formação étnica do Vale do Caí. A atividade inicia às 9h15min, quando serão abordadas as influências dos índios, portugueses, negros e alemães na região.

As atividades se estendem pela manhã, tarde e noite, desenvolvidas no no Espaço Brasken, na Estação da Cultura, com ingresso gratuito. A programação inclui história, cultura, oficinas e atrações artísticas. A participação nas oficinas também é gratuita, mas as vagas são limitados. A inscrição pode ser através do contato com Rogério Santos, pelo e-mail rogeriocufa.rs@gmail.com, ou na hora, se houver vaga.
Programação
9h15min às 11h15 – Painel sobre a formação étnica do Vale Caí: com Professora Lisiane da Silva Lopes – mediadora; professor Thiago Proença – Índios; jornalista Rogério dos Santos – Negros; professor Flávio Azeredo – Portugueses; professor Eduardo Kauer – Alemães
13h30min – Troca de experiências sobre a questão racial
15h – Oficinas
– De bonecas, com as ativistas e oficineira Inês dos Santos e Solange Souza – Sem costura alguma (apenas nós ou tranças), as bonecas não possuem demarcação de olho, nariz nem boca, isso para favorecer o reconhecimento das múltiplas etnias africanas. Inspirado pela tradição dessa arte histórica, as oficineiras Inês e Solange desenvolvem um trabalho único, e com o objetivo de evidenciar a memória e identidade popular do povo brasileiro, valorizando a diversidade cultural. A iniciativa produz versões próprias das Abayomi e a oficina é tanto para ensinar o processo de criação quanto para discutir a importância histórica e social entorno das bonecas.
Público alvo: professores, assistentes e estudantes universitários – 30 vagas
– De dança, com a bailarina e professora Rita Léndé – A oficina será um compilado de movimentos que trazem história do movimento negro para a dança assim como arquétipos de dança.
Duração: 50 minutos: para o público em geral, sem limite de idade – 50 vagas.
19h – Acolhimento
19h30min – Abertura e entrega de certificado às Referências Negras.
19h45min – Mostra de dança afro com a Bailarina Rita Léndé
20h – Exibição do documentário Negro do Vale do Caí, do professor Roberto dos Santos: documentário realizado há 20 anos, no qual mostra a mobilidade do negro na região do Vale do Caí, ou na condição de escravo ou não de já liberto, também foram examinadas no período de transição entre o cativeiro e a liberdade.
20h45min – Breve troca de impressões sobre o documentário
21h – Encerramento com grupo de dança: Grupo Essência Afro – Música: Mandume/cê não faz ideia. Artista: Emicida. Coreografia: Folayan, andar com dignidade;
As atividades serão no Espaço Brasken, na Estação da Cultura
Homenageados
Alcides Gonçalves: funcionário público municipal; já falecido.
Athaydes Lemos: capitão da reserva da Brigada Militar, trabalhou na indústria de Bebidas Antártica e na Tanac como enfermeiro; já falecido.
Domingos dos Santos – “Domingão”: Tenente da reserva Brigada Militar, jogador profissional com passagens de vários clubes do interior gaúcho e recordista gaúcho em salto altura; já falecido.
Elisabete Gonçalves: pedagoga e pioneira do movimento negro e referência em questões da negritude.
Hélio e Silvia Vargas: casal natural de São Sebastião do Caí, símbolos de simplicidade, alegria, e determinação na sociedade.
Luis Antônio – Otiudiu: militar reformado, músico que levava a alegria e solidariedade através da música e grande carnavalesco; já falecido.
Luiz Carlos da Siva – Xandico: Tenente reformado da Brigada Militar, foi conselheiro tutelar por vários mandatos, ligado a Sociedade Floresta e às causas sociais, em especial ligadas à infância e juventude; já falecido.
Pedro – MC Pedrão: guerreiro que luta pelo povo das periferias e favelas através do Hip hop, enfrentando na maioria das vezes falta de apoio, mas segue sempre em frente.
Roberto dos Santos: contador e professor, sempre ligado a movimentos em prol da comunidade montenegrina, fundador do movimento em defesa das causas negras em Montenegro e região; já falecido.
Sônia de Paula: secretária e carnavalesca, sempre disposta a ajudar alguém em dificuldade, como passista foi considerada várias vezes como a melhor do estado, onde recebeu vários convites para desfilar por grandes escolas fora do Rio Grande do Sul, mas nunca deixou a sua Acadêmicos.
Tadeu dos Santos – Tadeu Bauru: jogador de futebol profissional que levou o nome de Montenegro ao mundo, sendo campeão brasileiro pelo Internacional, campeão carioca pelo Flamengo e outros títulos pelo Operário de Campo Grande ou pelo Juventude. Tadeu era alegria e simpatia. Já falecido.
Vera Maria Lopes – mulher exemplar que nunca desiste das coisas, de doméstica para professora, de professora para Assistente Social; montou ONG para ajudar crianças do seu bairro e cercanias e sempre conselheira tutelar.
Waldorino de Souza Milanez – Todinha: tenente reformado da Brigada Militar, conselheiro nato e incentivador nato de jovens negros e grande apoiador do esporte montenegrino; já falecido.