Durante a manhã de ontem, 19, o Espaço Braskem, localizado na Estação da Cultura, esteve de portas abertas para dar seguimento à programação do mês da Consciência Negra. No evento, promovido pela Cufa, foi exibido o documentário de 1996, “O negro do Vale do Caí”, do professor Roberto dos Santos. Tal documentário abrange a história dos negros da região com entrevistas e pontos relevantes que ficaram para trás com o tempo.
Após, foi realizado o Painel Negro no RS, com falas de Reginete Souza Bispo (consulesa honorária do Senegal, antropóloga e coordenadora geral do Instituto Akanni), Beatriz Meinerz (professora doutora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Mimmo Ferreira (professor, percussionista, baterista, compositor e integrante do grupo Alabê Ôni) e Rosângela Lopes (ativista negra e bacharel em Direito).
Reginete realizou, anos atrás, o mapeamento dos quilombolas da região do Vale do Caí e explica que o mês da Consciência Negra é uma vitória. “É importantíssimo porque a luta dos negros foi e é muito longa. Resolvemos não comemorar o 13 de março como o marco de uma abolição da escravatura não acabada, e sim 20 de novembro, por causa do grande Zumbi dos Palmares que, hoje, é considerado um herói nacional do nosso povo”, ressalta.
Ela salienta, ainda, que eventos como esse servem para retomar a parte da história negra que foi marginalizada. “É um momento de resgate da nossa auto-estima, da nossa dignidade, de reverência ao nosso povo”, finaliza.
Carolinne Caramão esteve na atividade e se emocionou ao se pronunciar da plateia, fazendo um apelo aos brancos presentes. “Não quero ofender ninguém, mas a gente que é branco que tome vergonha e reproduza as informações que estamos tendo acesso aqui para outras pessoas. Nós somos privilegiados em qualquer lugar que a gente vá. Podemos ir em um mercado que ninguém vai ficar nos olhando torto só pela nossa cor de pele. Eu fiquei muito emocionada com o documentário e com as histórias. Eu me sinto mais segura para falar sobre o assunto agora e quero seguir isso tudo a diante. Então eu peço pra que a gente siga os ensinamentos que tivemos aqui”, pontua.
Confira programação completa:
20/11 – Na Câmara de Vereadores de Montenegro
19h30min – Projeto Negro no Vale do Caí – Onde estamos! Para onde vamos! Encaminhamentos das pesquisas bibliográficas: como serão utilizadas e como pesquisar
23/11 – Coletivo Kubalumuka, na Sociedade Floresta, das 15h30 às 19h
– Abertura – SLAM – Henry Adriel membro do Coletivo Kubalumuka
– Mesa de Discussões – Componentes:
Fahby Ferraz (Cantora e compositora Montenegrina) – A musica para as mulheres Negras; Dwed (Mc do Guerreiros da Perifa) – O Rap para o Negro; Adriano Karan (Artista da Montenegrino) – Descrição e discussão sobre sua nova coleção de obras.
– Atividade recreativa junto com a plateia com Adriano Karan.