Comportamento dos motoristas está mudando, mas ainda há muito a fazer
Os ciclistas de Montenegro continuam enfrentando problemas nas vias públicas da cidade para se deslocar. A maioria dos motoristas conhece as regras de trânsito, mas opta por não cumpri-las, colocando em risco a segurança de quem anda de bicicleta. A legislação é clara: o motorista deverá realizar a ultrapassagem onde for permitido pela sinalização de trânsito. Além disso, deve manter 1,5 metro de distância lateral. Contudo, o ciclista também tem deveres a observar, em benefício a si próprio.
O vice-presidente da Associação Ciclística Montenegrina (Aciclomont), Marco Aurélio dos Santos, 46, conhece bem as ruas e os desafios que a cidade oferece. Desde cedo, com cerca de três anos, ele já andava de bicicleta com o pai. O tempo passou e o gosto pela atividade ciclística cresceu. Hoje, deslocar-se de uma cidade a outra sobre o veículo de duas rodas é algo comum em sua rotina. A bicicleta está presente das mais variadas formas em seu dia-a-dia.
Marco vai ao banco, paga contas, faz compras, leva os filhos para a escola, sempre em sua bicicleta. E, depois de tudo isso, ele vai para o trabalho, uma loja especializada em… bicicletas. Pedalando diariamente pela cidade, ele afirma que a situação já foi pior. Para ele, há uns cinco anos a postura dos motoristas montenegrinos passou a mudar em relação aos ciclistas. Mas ainda há muito para melhorar.
Como vice-presidente da Aciclomont, ele defende a implementação de ciclovias na cidade e a manutenção das que já existem. Diante das dificuldades enfrentadas no deslocamento, Marco Aurélio espera que, ao menos, regras básicas de trânsito sejam cumpridas, coisa que atualmente ele não tem visto ocorrer. Contudo, Marco chama a atenção ao fato de que o trânsito é formado por todos, ou seja, desde o pedestre até os condutores de veículos, por isso, cada um deve cumprir seu papel. “Falta educação por parte de todos. Temos que lembrar que quem leva a pior é o ciclista”, conclui.
Quem descumpre a norma comete uma infração média
O artigo 201 do Código de Trânsito Brasileiro determina que o motorista deverá realizar a ultrapassagem pelo ciclista somente onde for permitido pela sinalização. Ou seja, ao avistar um ciclista na rua, o certo é esperar a oportunidade de passar por ele quando for possível fazer isso a 1,5 m de distância lateral, mesmo que isso signifique mudar para a faixa da esquerda durante a manobra. Quem descumpre a norma fica sujeito a responder por infração média, com perda de quatro pontos na habilitação e multa de R$ 130,16.
Caso a via não tenha mão dupla com faixa amarela contínua no meio, o motorista deve reduzir a velocidade e esperar uma oportunidade para realizar a ultrapassagem. A regra segue a ideia de que o maior protege o menor.
E, paralelamente, cabe ao ciclista respeitar também as normas: onde houver ciclovia ou ciclofaixa, circular exclusivamente nelas. Onde não existe, deve circular pelo acostamento das ruas, avenidas e rodovias, no mesmo sentido dos carros, nunca na contramão. Onde não tiver acostamento, ele pode usar a mesma pista dos carros, sempre à direita, perto da lateral da via.
Marco Aurélio ressalta a importância do uso de equipamentos de segurança como o capacete, luvas e joelheiras, entre outros. “Para mim, o capacete é o principal item de segurança. Costumo dizer que, se tu quebrar o braço ou a perna dá para consertar, mas, se ‘quebrar’ a cabeça, não tem volta”.
Passeios em grupo oferecem mais segurança ao ciclista
De quatro a cinco vezes por semana, a contadora Márcia Brand, 51, pratica passeios de bicicleta. Durante algum tempo, ela pedalou sozinha, mas atualmente também faz parte da Aciclomont. Integrar o grupo aumentou o sentimento de segurança nela. Para Márcia, os motoristas tendem a respeitar mais os ciclistas quando estes estão em número maior.
Márcia lamenta a falta de informação que existe sobre as questões de trânsito envolvendo os ciclistas. E também reclama da ausência de locais adequados para andar de bicicleta em Montenegro. “As condições oferecidas aos ciclistas são cada vez piores. Só temos duas ciclovias e em péssima situação, com quebra-molas e lixo bloqueando a pista”, comenta.
Para a contadora, os ciclistas da cidade precisam se reunir em eventos que tenham como foco informar sobre direitos e obrigações no trânsito. “Temos que seguir as normas de trânsito. Todos deveriam ter noção disso”, conclui.
Fora o passeio ciclístico de que Márcia participa, promovido todas as quartas-feiras, com saída às 20h da Estação da Cultura, pela Aciclomont, a entidade também realiza deslocamentos pela cidade tendo como foco as crianças. O objetivo é fazer com que os mais jovens não tenham medo de andar por Montenegro em suas “magrelas”.