Trabalho no frio: o desafio de algumas profissões

Para sair de casa cedo e chegar ao trabalho, muito montenegrinos precisam enfrentar baixas temperaturas

Nos últimos dias, as baixas temperaturas surpreenderam a todos. Com o frio intenso que chegou ao Rio Grande do Sul, os trabalhadores que cumprem expediente contrário ao horário comercial enfrentam o desafio de sair cedo de casa e encarar o clima gelado. Abrir mão da cama quentinha, pegar o transporte ou tentar se aquecer durante o trabalho transformou-se em um grande obstáculo para muitos desses montenegrinos.

Enquanto a rotina da maioria das pessoas tem início em horário comercial – normalmente das 8h ou 9h às 18h –, no bairro Rui Barbosa, a da padeira Angélica Ferreira Franco, 29, é diferente. Para chegar na padaria do Mercado Brunivi, onde trabalha, a rotina da montenegrina começa pontualmente às 5h45min. Apesar dos três anos dedicação à profissão, ela conta que é sempre desafiador levantar da cama, ainda mais quando as temperaturas colaboram para o aposto. “Dentro da padaria é tranquilo, o pior é chegar até aqui”, revela Angélica.

“Como trabalho na cozinha, tenho a vantagem do calor do forno que acaba aquecendo o ambiente e facilita meu trabalho, além disso, eu e as meninas estamos sempre em movimento, o que diminui o frio”, explica a padeira. “Com o tempo, a gente acaba se acostumando com a rotina, e eu aprendi a gostar do que faço porque amo cozinhar.”

Apesar do frio, Angélica Ferreira Franco e Patrícia Daniela de Souza revelam amor pela profissão de padeira

Quem divide essa mesma rotina é a montenegrina Patrícia Daniela de Souza, 31. Para que os clientes da padaria tenham produtos fresquinhos logo nas primeiras horas da manhã, ela é um das primeiras a chegar ao mercado, mas para isso, conta com muita força de vontade e dedicação para trabalhar na estação mais fria do ano. “Desde que estou trabalhando aqui, nunca tinha visto um Inverno tão rigoroso como esse”, dispara a funcionária. “Eu prefiro mil vezes o Verão, porque nesse frio é muito mais difícil”, completa.

Assim como os padeiros, muitos profissionais acabam tendo que buscar alternativas para driblar o frio nessa época do ano, como é o caso dos frentistas, vigilantes, entregadores, entre outro. Quando se trata de clima, quem trabalha na construção civil entende bem sobre o assunto e a influência que ele exerce, como conta o pedreiro Fabrício Lopes, 33. “Apesar de o Verão castigar quem trabalha nessa área, para nós é bem melhor”, comenta Lopes.

“Quando tem só o frio não é tão complicado, mas quando ele vem acompanhado de vento é horrível, principalmente porque trabalhamos ao ar livre e não tem como nos proteger totalmente. Outro problema é a água, que está presente em quase todos os processos e, devido às temperaturas baixas, ela acaba tirando a sensibilidade das nossas mãos”, relata o pedreiro, enquanto mostra os ferimentos nos dedos.

Casaco grosso, boné e bota. Assim é a vestimenta do pedreiro que, nas outras estações, costuma usar roupas leves e frescas. “Por mais que a gente coloque roupas quentes, o vento passa e parece cortar nossa pele”, desabafa Lopes. O expediente do pedreito também inicia bem cedinho. “Começamos a trabalhar às 7h30min e seguimos até às 18h, mas o pior horário é quando o sol some e a temperatura despenca, geralmente a partir das 16h”, acrescenta.

Cafezinho é aliado contra o frio
Além dos agasalhos, uma grande aliada contra o frio durante o expediente é a parada para o tradicional cafezinho, como conta a padeira Patrícia Daniela de Souza. “Aqui na padaria a gente só para na hora do café e do chá, quando aproveitamos para nos esticarmos um pouco e esquentar o corpo”, disse.

Perto dali, na obra do Fabrício Lopes, as regras são as mesmas e a parada para o cafezinho é obrigatória. “Tem que ter café preto”, disparou o pedreiro. “Não tem como Deus agradar todo mundo, então faço frio ou calor, temos que trabalhar”, brinca Lopes.

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