Drag representa a Cidade das Artes Rio Grande do Sul afora
O montenegrino Eduardo Rosa, 24, dá vida a Drag Queen Mônica Viper desde 2017. Nascido e criado na Cidade das Artes, ele explica que o nome Mônica é inspiração da música “Eduardo e Mônica”, da banda Legião Urbana, e o Viper veio de sua presença de palco, como uma víbora. Eduardo relembra que o primeiro contato que teve com a arte drag foi na adolescência. “Comecei a me montar, nome que usamos para a transformação, nas festas à fantasia. Logo surgiu a antiga Casa da Esquina, que promovia a festa Drag-se, na qual ocorria competições de performance. Lá eu me aprofundei mais”, conta.
Em seguida, Mônica se apresentou na parada LGBTQIAP+ na Estação da Cultura, estreitando laços com promotores de eventos da região. Foi a partir daí que iniciou a trajetória de Eduardo como Mônica, com participações em eventos de São Leopoldo e demais paradas Rio Grande do Sul afora. Em 2021, Mônica conquistou o título de Top Drag Diversidade de Novo Hamburgo, conseguindo segundo lugar no concurso Estadual.
Seu maior feito durante a trajetória ocorreu mês passado. Foi no concurso Miss Drag Queen RS, em Rosário do Sul, que Mônica concorreu com performance, desfile coletivo e avaliação oratória. Desta vez representando Montenegro, Viper conquistou o título de 1ª Vice Miss Drag Queen do RS. Para o artista, representar a cidade natal depois de anos é uma realização pessoal. “Poder, depois de todas as incertezas que passamos devido a pandemia, viajar e representar ao município foi uma sensação muito boa. Me senti realizado de poder falar “Sou a Mônica Viper e represento a Cidade das Artes, Montenegro”, pois tenho muito orgulho e respeito pelo chão onde nasci”, destaca.
Esforço e aprendizado constantes
Eduardo conta que, quando decidiu que iria começar sua trajetória, já tinha em mente que queria ser Top Drag, dançando e “fazendo o bate cabelo”, por isso, foi necessário muito estudo para aperfeiçoar a técnica. Ele conta que acompanhar vídeos e entrevistas de referências como Márcia Pantera e Robbit Moon era muito comum. “Ensaiei, treinei bastante, principalmente para evitar lesões e machucar o pescoço e fui aperfeiçoando os movimentos, assim como ao longo do tempo estou sempre em evolução de figurinos e maquiagens”, afirma. Outro ponto de destaque foi o apoio de outras drags e produtoras de eventos. “Vendo a evolução da sociedade, percebo que hoje as drags saíram da bolha LGBTQIAP+ e são encontradas em diferentes segmentos do entretenimento”, acrescenta.
Eduardo afirma que toda vez que decide participar de um concurso, ocorre toda a preparação, onde ele mesmo coloca a mão na massa. “Eu melhoro meu condicionamento físico, me planejo financeiramente, decido a temática da performance, desenho figurinos, costuro, edito músicas e por aí vai. Tudo que aparece, eu mesmo quem faço”, ressalta. O artista salienta que uma das principais dificuldades foi a chegada da pandemia. “Os eventos começaram a ocorrer de forma on-line, então tive que me adaptar e adaptar as performances para este formato”, diz. Em contrapartida, voltar aos palcos foi um dos melhores sentimentos. “O melhor de tudo é trazer alegria para as pessoas. A euforia. O estar no palco. Hoje sinto-me realizado em poder mostrar minha arte em qualquer lugar, sabendo que sou fruto da cidade, assim como tantas outras drags que passaram por aqui e outras que estão por vir”, conclui.