CUTELARIA se tornou popular novamente, fazendo renascer uma profissão

O processo manual de produzir facas e espadas tornou-se uma febre mundial, ganhando inclusive reality show em streaming e movendo um nicho de mercado lucrativo. A arte da cutelaria oferece exclusividade por meio da forja com fogo, processo do qual não saem sequer duas peças iguais; entregando uma beleza rústica que desperta instintos primitivos de 8.000 a.c..
Certamente a guerra foi um grande impulsionador ao desenvolvimento de técnicas de fundição e qualificação das peças. Então não foi surpreendente ver Maico Tamiozzo empunhando uma espada medieval de 1,15 metros em frente ao Castelo Kebach. Ele veio de Capão do Cipó (RS) para se reunir no espaço de eventos em Montenegro com outros 60 cuteleiros, durante a 1º edição da Galeria da Arte Afiada.
A peça premiada foi batizada de “Drakaris” (fogo do dragão), inspirada na série Game oh Trones; todavia, não é uma réplica, mas um modelo original. A lâmina de 85 centímetros é fundida em aço Damasco, alcançado pelo entrelaçamento de ligas de aço níquel e carbono, em três dias de forja em forno a 1.100 graus. Tem “inlay” (detalhes) em ouro 18 quilates, empunhadura de duas mãos e bainha em couro de carneiro australiano. O cuteleiro trabalhou por 500 horas, entre perfil, geometria, têmpera e a forja, que sozinha levou três dias.
Cuteleiro da cidade forjou a Tertúlia

Montenegro foi representada pelo cuteleiro Marcelo Lubaczwski, organizador da Galeria Arte Afiada, e que forjou uma peça especialmente para o evento. A faca gaúcha Tertúlia exigiu oito dias de trabalho em forno aos 1.100 graus. A lâmina é em aço Damasco Turco, três “inlays” e dois pinos de fixação do cabo em ouro 24 quilates, e a empunhadura de Marfim de Mamute importado. “O mercado da cutelaria está crescendo muito, tanto para o uso quanto para a coleção da faca artesanal”, confirmou, diante de quase 1.000 visitantes que passaram pelo Cartelo Kebach.
Lubaczwski, mesmo nome da marca que criou, usa forno a gás em sua produção, mas revela que ainda há cuteleiros que usam o carvão para forjar o aço. Mas, no geral, o setor se modernizou, com maquinário específico para as diversas etapas de fabricação, substituindo, por exemplo, a malhação do metal com marreta. Itens como canela de girafa, marfim e madeira usados no cabo são fiscalizados e certificados por órgãos federais.
