Animais peçonhentos: atenção redobrada em dias mais quentes

Presença do escorpião amarelo na Capital trouxe medo

Com a chegada dos dias quentes, há a possibilidade de aparecimento de animais peçonhentos como cobras, escorpiões e aranhas. De acordo com a chefe da Vigilância Sanitária de Montenegro, Silvana Schons, os principais acidentes causados no Brasil são por algumas espécies de serpentes, de escorpiões, de aranhas, de lepidópteros (mariposas e suas larvas), de himenópteros (abelhas, formigas e vespas), de coleópteros (besouros), de quilópodes (lacraias), de peixes, de cnidários (águas-vivas e caravelas. “Esses animais possuem presas, ferrões, cerdas, espinhos entre outros,

capazes de envenenar as vítimas”, destaca.

Chefe da Vigilância Sanitária de Montenegro, Silvana Schons orienta população sobre cuidados com animais peçonhentos. Foto: arquivo Ibiá

Previna-se contra acidentes com estes animais
Jornal Ibiá: Alguns hábitos de segurança devem ser adotados pelas pessoas nessa época do ano. Quais as orientações individuais?
Silvana: Individualmente, evitar a aproximação com a vegetação próxima ao chão, principalmente no início da manhã e no fim do dia, quando as serpentes estão em maior atividade. Inspecionar e sacudir roupas, toalhas, calçados e tapetes antes de usá-los. Passar as roupas também ajuda, além de afastar as camas da parede e evitar que roupas penduradas fiquem fora dos armários.

JI: E quais as orientações para a população em geral?
Silvana: De modo geral, não depositar ou acumular lixo, entulho e materiais de construção junto às habitações; evitar que plantas trepadeiras se encostem às casas e que folhagens entrem pelo telhado ou pelo forro. Outra medida é não montar acampamento próximo a áreas onde normalmente há roedores (plantações, pastos ou matos) e, por conseguinte, maior número de serpentes. Também se abster de piquenique às margens de rios, lagos ou lagoas, e não encostar-se a barrancos durante pescarias ou outras atividades. Indica-se, ainda, limpar regularmente móveis, cortinas, quadros, cantos de parede e terrenos baldios (sempre com uso de equipamentos de proteção). Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés; utilizar telas, vedantes ou sacos de areia em portas, janelas e ralos, mantendo limpos os locais próximos das residências, como jardins, quintais, paióis e celeiros. Controlar roedores existentes na área e combater insetos, principalmente baratas (são alimentos para escorpiões e aranhas). Caso encontre algum animal peçonhento, afaste-se com cuidado e evite assustá-lo ou tocá-lo, mesmo que pareça morto, e procure a autoridade de saúde local para orientações.

JI: Já há registros, em Montenegro, de aparecimento desses animais?
Silvana: Até o presente momento foram registradas pela Vigilância Epidemiológica 42 notificações entre picada de aranha, serpente, e escorpião apenas um caso.

JI: Quais cuidados adotar para verificar pátios e interior das casas?
Silvana: Os trabalhadores devem usar luvas de raspa de couro e calçados fechados, entre outros equipamentos de proteção individual (EPI), durante o manuseio de materiais de construção (tijolos, pedras, madeiras e sacos de cimento), transporte de lenhas e movimentação de móveis. Atividades rurais, limpeza de jardins, quintais e terrenos baldios, entre outras atividades também devem ter o mesmo cuidado. É preciso olhar sempre com atenção o local de trabalho e os caminhos a percorrer, além de não colocar as mãos em tocas ou buracos na terra, ocos de árvores, cupinzeiros, entre espaços situados em montes de lenha ou entre pedras. Caso seja necessário mexer nesses lugares, usar um pedaço de madeira, enxada ou foice.

JI: O quê fazer em caso de acidentes?
Silvana: Procure atendimento médico imediatamente e informe ao profissional de saúde o máximo possível sobre as características do animal. Espécie, cor, tamanho, entre outras devem ser especificados. Se possível, e caso tal ação não atrase a ida do paciente ao atendimento médico, lave o local da picada com água e sabão, mantenha a vítima em repouso e com o membro acometido elevado até a chegada ao pronto socorro. Em acidentes nas extremidades do corpo, como braços, mãos, pernas e pés, retire acessórios que possam levar à piora do quadro clínico, como anéis, fitas amarradas e calçados apertados.

JI: O que não se deve ser feito?
Silvana: Não amarre (torniquete) no membro acometido e não corte e/ou aplique qualquer tipo de substancia (pó de café, álcool, entre outros) no local da picada. Jamais tente “chupar o veneno”, pois essa ação apenas aumenta as chances de infecção local.

JI: E sobre diagnóstico e tratamento?
Silvana: O diagnóstico é realizado com base na identificação do animal causador do acidente. Em alguns casos, há recomendação de exame complementar. O tratamento é sintomático e com soro antiveneno, de acordo com cada espécie. Sempre que possível, leve o animal para identificação.

JI: Há alguma ação de conscientização realizada pela Vigilância?
Silvana: Emissão de alertas e boletins com orientações e cuidados para rede escolar e unidades de saúde (postos e hospitais).

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