Analuz pelo Mundo chegou em solo brasileiro

No último domingo, dia 29, Manu e Rodrigo chegaram ao Brasil após quase dois anos. O casal comemorou o momento com um abraço emocionado em solo nacional

Dificuldades fizeram Manu e Rodrigo retornarem ao Brasil após quase dois anos

Em maio de 2019, os montenegrinos Manuela Petry e Rodrigo Arnhold saíram do Brasil a bordo da Kombi Analuz para o mundo. O casal, que pretendia cruzar fronteiras, desde então iria fazer Analuz de casa em diversos países. Toda equipada, ela conta com energia elétrica, fogão à gasolina, cooler e até um “chuveiro” instalado com sistema de canos. Na rota: a primeira parada foi Santa Maria, de lá, Uruguai (litoral), passando para a Argentina, até Ushuaia. Do Sul, iniciaram a subida pelo Chile, Peru, Equador e de lá até a Colômbia. E por aí o trajeto teve parada obrigatória. O maior problema era o menos esperado: A chegada da pandemia. Por conta dela, uma viagem que deveria durar no máximo um ano, já dura quase dois.

Presos na Colômbia
Foi na Colômbia que o casal permaneceu com Analuz por nove meses. Lá, o sistema de fechamento devido à Covid-19 foi um dos mais rigorosos e longos do mundo e o casal pôde sentir os efeitos na prática. Só na praça de Medellín, no Centro do país, a Kombi permaneceu por cinco meses. “Foi o período mais difícil. Tava tudo muito fechado lá. Vivemos com o fechamento total do país”, afirma Manu.

E como poder seguir caminho para voltar para casa nessa situação? Rodrigo conta que foi apenas no segundo e terceiro mês após o início da pandemia que os dois começaram a se preocupar com toda situação e claro, com a volta. Desde junho, o casal realizou o requerimento de documentos para a repatriação, que seria o pedido de liberação para volta ao Brasil, com a abertura das fronteiras que estavam fechadas. Porém foi negado.

Foi há apenas um mês trás que o casal conseguiu, finalmente, a permissão de abertura das fronteiras terrestres para retornar ao Brasil. Mas se engana quem pensa que foi fácil. Além de um longo tempo para conseguir a permissão, o casal ainda teve, como condição, um prazo a ser seguido rigorosamente para cruzar cada país. “Fizemos a documentação para cruzar da Colômbia para o Equador, de lá para o Peru e do Peru ao Brasil, pelo Acre. Só que foi bem burocrático. Tivemos diversos problemas com a comunicação com a embaixada do Brasil e ela com os países para permissão. Para ter ideia, ficamos quatro dias na ponte que divide Colômbia e Equador esperando a documentação”, relembra Manu.

Fronteira entre Equador e Peru com os sete carros brasileiros da repatriação

Os dois ressaltam alguns problemas com a embaixada brasileira. “Para eles, todos os turistas viajam de avião. Então para a gente, que tava de carro, não tinha protocolos definidos quanto à situação da pandemia. Tudo que eles fizeram foi do zero. Nem eles mesmos sabiam o que fazer. Acho que faltou pensar nos turistas que viajam de carro, pois isso dificultou e atrasou muito os processos”, afirma Manu.

Rodrigo ressalta a dificuldade nesse período. “Foram duas coisas difíceis. A primeira foi conseguir a documentação e depois cruzar o país no tempo que eles nos davam. No Equador, por exemplo, a gente teve 72 horas para atravessar. No Peru, 15 dias”, conta. Por conta dos prazos estipulados, o casal, de Kombi, teve que focar no volante. Tanto é que dentro da Colômbia, passaram até 17 horas dirigindo em um dia. Em média, o tempo no volante por lá foi de 11 a 12 horas diárias. “Do norte da Colômbia até o Brasil deu cerca de 6 mil quilômetros em 18 dias. Atravessamos quase metade do continente nesses 18 dias” destaca Manu.

Chegada ao Brasil e expectativas
Após travessia da Colômbia, o casal voltou ao Peru e, no último domingo, 29, entrou no Brasil pelo Acre. Agora, estão em Rio Branco, capital do estado. Depois de tantas experiências e também o sufoco para retornar ao país de origem, Manu e Rodrigo só pensam em rever familiares e amigos, mas querem diminuir o ritmo.

A ideia é estar de volta a Montenegro em Janeiro de 2021. “Agora, queremos dirigir um pouco menos do que durante a repatriação. Não precisa mais as loucuras de 17 horas no volante por dia, por ser muito exaustivo. A gente não aguenta, a Kombi não. Queremos voltar mais tranquilos. Viajar com a Kombi agora nas férias, feriados, em situações mais tranquilas agora pelo menos até que tudo esteja 100% tranquilo”, finaliza Manu.

Mariloy Petry, mãe de Manu, conta que a viagem sempre teve seu apoio, mas que teve medo ao pensar no tempo longe da filha. Já quando o casal tinha saído do Brasil, Mariloy comenta que muitos momentos foram fortes para ela, mas que o contato, mesmo que virtual, acalmava. “Passamos por alguns momentos de angústia, por ficar sem notícias, mas quando a gente ouvia eles ou os via numa chamada de vídeo o coração acalmava. Na virada do ano de 2019 estivemos com eles, em Cusco, no Peru”, relembra.

“Este ano é que a preocupação veio mais forte, com o fechamento das fronteiras por causa da pandemia, ficamos muito preocupados, pois eles não podiam sair da cidade onde estavam em Medellín. A gente se preocupa com o vírus, com assaltos, com hostilidades, com tudo. Mas agora a gente acompanha diariamente, às vezes até mais de uma vez por dia, onde estão, quantos km rodaram, como dormiram, o que comeram. Mas estamos muito felizes, muito felizes de verdade porque estão voltando. Prometi fazer pudim para a Manoela e arroz de leite para o Rodrigo, doces que eles adoram. Foi muito difícil ficar longe dos dois, afinal Rodrigo é como outro filho. Quando a gente sabe que estão bem, com saúde e felizes fica mais fácil de aguentar a distância”, finaliza.

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