Venda é realizada para supermercados e packings da região
Morador da localidade de Faxinal, interior de Montenegro, o agricultor José Spuhn, 80, trabalha há 30 anos com a produção de uma fruta não tão comum na região: o caqui. O interesse pela fruta surgiu na época em que ele ainda trabalhava na Ceasa de Porto Alegre, onde realizava a venda. “Eu trabalhava no Ceasa e comprava o caqui pra vender lá. Na época, o Ceasa ficava na Av. Praia de Belas e trabalhávamos com uma Kombi fazendo até duas viagens por dia até lá”, conta o agricultor.
A plantação do pomar de caqui começou aos poucos. Hoje são cerca de 300 mudas plantadas, de diversas variedades. A venda é feita diretamente para o consumidor, através de supermercados, além de packings da região. O amor e a dedicação pela plantação são fáceis de notar. Mesmo com tantas mudas da fruta plantadas no pomar, seu José caminha pelo meio do pomar como se conhecesse cada uma das árvores. “Não pulverizo e não coloco veneno. Mesmo nos anos em que a colheita é em uma época mais quente, não tem mosca nenhuma. Agora os pés cresceram muito, aumentou muito de tamanho. Por isso vou podar por cima, porque daí tu consegue colher mais fácil”, diz o agricultor.
A colheita da fruta começa no início do mês de março. Com uma demanda bem menor de consumo este ano, a colheita está sendo realizada apenas por seu José e a esposa, dona Adélia. “Eu coloco um cesto, apoio ele e corto com a tesoura as frutas. Quando o cesto está cheio tu despeja dento de uma caixa de plástico e depois faz a classificação das frutas”, relata o agricultor.
Mesmo com as vendas em baixa, seu José não desanima e mantém a esperança de que no próximo ano as vendas sejam melhores. “Eu vi que muitos estão cortando os pés de caqui, mas eu não vou fazer isso. Esse ano pode ser ruim, mas no ano que vem, a situação pode estar melhor”, afirma.
Plantação de caqui se adaptou bem ao clima da região
Originário da Ásia, onde é cultivado principalmente da China e no Japão, o caqui se adaptou bem ao clima das regiões sul e sudeste do Brasil. De acordo com a extensionista da Emater de Montenegro, Luísa Leupolt Campos, o caquizeiro é uma planta tipicamente subtropical, por isso é capaz de se adaptar muito bem a diversas condições de clima e solo, a depender da variedade. No Rio Grande do Sul, a região com maior produção da fruta é a Serra, que concentra boa parte da produção do Estado.
No Vale do Caí, onde a citricultura é a principal cultura, o agricultor José Spuhn relata que a plantação de caquizeiro também se adaptou muito bem ao clima da região. “O melhor é em anos como esse, que não está muito quente em março. Porque a fruta demora mais pra madurar no pé e a gente consegue ir colhendo aos poucos para a venda”, conta o agricultor.