Preparação. Esportistas buscam manter a forma física em meio à quarentena
Praticamente dois meses após a paralisação das competições esportivas em todo o Brasil, clubes e atletas sentem os reflexos da pandemia do novo coronavírus. Grêmio e Inter, por exemplo, adotaram inúmeras medidas para minimizar os prejuízos (financeiros e técnicos) causados por este período sem jogos. Os atletas de alto nível também precisaram se adaptar a esta nova rotina para manter a forma física durante a quarentena.
Em Montenegro, jogadores, lutadores, ciclistas, corredores, nadadores e pilotos estão tendo que se reinventar. Mesmo sem sair de casa, muitos atletas treinam forte para não voltar aos treinos (quando tudo estiver normalizado) longe das condições ideais. Além disso, os cuidados com a alimentação têm sido redobrados.
Atualmente no São Luiz, de Ijuí, o lateral-direito Eduardo Gehlen, o Duda, tem treinado seis dias por semana para manter a forma durante a quarentena. “É uma situação totalmente atípica, temos que buscar uma nova rotina. Tenho mesclado os treinos, entre força, explosão, mobilidade, parte aeróbica e functional patterns. Em média, as atividades duram de uma a duas horas. O condicionamento será afetado ao retornar, pois não estaremos na mesma batida de quando a competição parou”, salienta.
Além dos exercícios voltados à parte física, Duda tem realizados treinos técnicos neste período. O lateral tem feito essas atividades com a irmã Isadora, que também atua profissionalmente, pela equipe feminina do Internacional. “Em relação aos treinos técnicos, existe o lado bom de estar com a Isa agora. Conseguimos nos ajudar e treinar juntos. Somos gratos ao Fera por nos liberar um espaço quando é possível para realizarmos os trabalhos no campo, mesmo em uma situação difícil, utilizando sempre os protocolos de prevenção”, frisa.
O jogador montenegrino ainda comenta sobre a alimentação neste período. “Também é afetada, porque a rotina que o clube possui não existe mais e teus horários de treinos e objetivos em competições também. Temos que nos adequar, procurando, óbvio, cuidar o que se come, o número de vezes ao dia, a periodização e a questão de quando suplementar ou não”, explica.
Além dos treinos físicos e técnicos, Duda também tem aproveitado a quarentena para estudar. Segundo ele, agora o tempo possibilita uma atenção extra à faculdade e alguns cursos. “Minha mãe tem um e-commerce, assim posso estar ajudando e aprendendo. Até brinco com ela que é um estágio ‘forçado’ do meu curso’. De um modo geral, temos que buscar o melhor para manter mente e corpo saudáveis”, completa.
Outro jogador de futebol da cidade que tem dedicado boa parte do dia para o aprendizado é o zagueiro Eduardo Kunde, do Avaí. “Neste período, tenho visto muitos vídeos, séries e filmes, lendo bastante também. Além disso, realizo chamadas de vídeo com familiares e amigos, para manter o contato”, conta o atleta, que permaneceu em Florianópolis durante a quarentena.
Assim como Duda, o zagueiro montenegrino tem treinado seis vezes por semana. “Quando os treinos foram cancelados, tivemos uma reunião. A comissão nos mandou uma programação de treinos para serem seguidos. Todos os dias recebíamos o que era para ser feito. Criaram grupos no WhatsApp, colocaram defensores (zagueiros, laterais e volantes) em um grupo, fizeram outro com meias e outro com atacantes”, aponta.
As atividades de Dudu Kunde intercalam força, potência e aeróbica, com diversos exercícios na academia, com peso e esteira, e no campo (cada jogador em sua residência/condomínio). Ele frisa que os treinos duram, normalmente, de 40 minutos a uma hora.
O zagueiro afirma que está se cuidando bastante durante a pandemia, mas destaca a importância da saúde mental em relação à alimentação. “Estou tendo um cuidado redobrado para chegar bem e com o peso ideal no retorno aos treinos. Estamos falando de uma quarentena, então, às vezes comemos uma coisinha diferente por causa da nossa saúde mental, precisamos ter esse momento”, declara.
Imunidade alta é essencial neste período
A principal preocupação da população neste momento é evitar a contaminação e disseminação do novo coronavírus. Além do distanciamento social e da higienização constante, uma das medidas para minimizar os riscos de contágio é a realização de atividades físicas, que aumentam a imunidade (desde que sejam realizadas corretamente).
Professora e lutadora de muay thai, a montenegrina Fernanda Vodzik relata os cuidados que vem tendo no retorno às atividades. “Estou dando aulas para duas pessoas por horário. A cada treino, a sala é higienizada. Os equipamentos são de uso individual, todos usam máscaras e não há contato físico neste primeiro momento. Atividade física é muito importante sempre, mas neste período ainda mais porque aumenta a imunidade e precisamos estar com a imunidade alta”, enfatiza.
Fernanda garante que a realização de exercícios físicos tem ajudado ela a se alimentar bem durante a quarentena. “Tenho feito flexões de braço no solo, alguns exercícios com TRX, pistol squat com o uso de uma cadeira. E isso tem me ajudado na alimentação e em manter o corpo e a mente saudáveis. É complicado manter uma alimentação balanceada, por isso procuro manter uma rotina de acordar cedo e me alimentar nos horários certos”, complementa.
Um dos destaques do ciclismo gaúcho, Rodrigo Barreto também precisou se adaptar para realizar seus treinamentos. “Quando saiu a notícia da pandemia, foi um baque mesmo. Foram poucos treinos nas duas primeiras semanas, com os horários bem diferenciados para não ter contato com ninguém. Agora, faço os treinos sem paradas para repor água”, diz.
O ciclista montenegrino espera que a pandemia passe logo para voltar a competir. “Nesse período não tem como ficar se testando. A competição hoje é dentro do Strava (aplicativo de celular), que uso para tentar melhorar o tempo. Cada treino é uma prova diária”, conclui.