Nem que seja só pela brincadeira no tempo livre de escola, jogar para ver quem derruba primeiro o rei do adversário é uma disputa saudável e que trabalha a concentração do jogador. Isso porque o xadrez é um esporte, classificado como um jogo de tabuleiro de natureza recreativa e competitiva para duas pessoas. A forma atual do jogo surgiu no sudoeste da Europa, na segunda metade do século XV, durante o Renascimento, depois de ter evoluído de suas antigas origens persas e indianas.

A primeira experiência com o jogo geralmente é incentivada na escola. Foi o que aconteceu com o brochiense Ladir Brandt, de 60 anos, que começou a jogar aos 14. “Quem me ensinou os primeiros movimentos foi um amigo de infância, Sérgio Klunck. Logo buscamos um conhecimento maior e fomos apresentados ao professor Zanotta, este sim um campeão”, lembra. Em pouco tempo, Ladir estava participando de campeonatos estaduais. Para ele, o xadrez tem uma característica peculiar: “é um jogo em que o fator sorte não existe, dependendo exclusivamente do enxadrista a vitória ou a derrota”.
Ladir afirma ainda que a prática do xadrez o auxiliou em várias áreas de sua vida, como na atenção e na concentração. “O julgamento e o planejamento; a imaginação e a antecipação; a memória e a inteligência; a vontade de vencer, a paciência e o autocontrole; o espírito de decisão e a coragem; a lógica matemática, o raciocínio analítico e sintético; a criatividade; a ética; a organização metódica do estudo e o interesse pelas línguas estrangeiras. Enfim, várias pontos”, comenta.
Campeão estadual Sênior e Máster (acima de 40 e 50 anos respectivamente), representando Montenegro, e medalha de ouro no JIRGS de 2006, Ladir também foi presidente da Federação Gaúcha de Xadrez em 2007 e 2008. O brochiense mostra preocupação com o momento. “No caso da realização de eventos, depende do poder público. Em 2017, não tivemos. Aliás, o último foi a final do campeonato brasileiro, em 2013”, diz. Montenegro já sediou várias finais importantes para os amantes do xadrez, como campeonatos estaduais, sulbrasileiros e essa decisão do Brasileiro, que foi o maior evento da categoria por aqui.

Gêmeos mantêm as peças em movimento
Os irmãos gêmeos Lucas e Felipe Batista Miranda, de 17 anos, apreciam tanto o jogo que escolheram o regulamento e a história do Xadrez para apresentar na Feira de Iniciação Cientifica da escola AJ Renner, onde estudam. Eles começaram a praticar o esporte aos 10 anos, mas não se interessam por participar de campeonatos: jogam apenas por lazer. “É algo que eu gosto muito de fazer. Tu senta para jogar, exercita a tua cabeça e melhora a concentração. Tu tem que prestar atenção no teu jogo e no do outro, analisando todas as possibilidades”, comenta Lucas.
Na feira, a dupla explicou que a partida de xadrez é disputada em um tabuleiro de casas claras e escuras, sendo que, no início, cada jogador controla 16 peças com diferentes formatos e características. O objetivo da partida é dar xeque-mate (também chamado de mate) no rei adversário. “Existem várias estratégias para ganhar, mas a pessoa que está jogando tem a opção de abandonar a partida antes de receberem o mate”, comenta. As competições enxadrísticas oficiais tiveram início ainda no século XIX, sendo Wilhelm Steinitz considerado o primeiro campeão mundial de xadrez.
Regras básicas para sair jogando
Durante uma partida de xadrez, cada enxadrista controla 16 peças, que podem ser de cor clara ou escura (normalmente brancas e pretas), sendo que as brancas devem sempre fazer o primeiro lance. São necessários um tabuleiro com oito fileiras e oito colunas composto por 64 casas (sendo metade claras e metade escuras, alternadamente) e um relógio de xadrez, que é opcional para disputas não oficiais.
Na partida, quando o rei de um enxadrista é diretamente atacado por uma peça inimiga, é dito que o rei está em xeque. Nesta posição, o enxadrista tem que mover o rei para fora de perigo, capturar a peça adversária que está efetuando o xeque ou bloquear o ataque com uma de suas próprias peças, sendo que esta última opção não é possível se a peça atacante for um cavalo, pois ela pode saltar sobre as peças adversárias. O objetivo do jogo é dar xeque-mate no adversário, o que ocorre quando o rei oponente se encontra em xeque e nenhum lance de fuga, defesa ou ataque pode ser realizado para anular a situação. Neste caso, ou a peça é capturada pelo adversário ou o concorrente perdedor tomba o rei, como sinal de desistência.
O enxadrista ainda dispõe de três lances especiais: o roque, que encastela o rei, protegendo-o de ataques inimigos; a captura en passant, quando um peão avançado toma outro peão oponente que apenas passou pelo primeiro com o seu lance inicial de duas casas; e a promoção, obrigatória ao peão que, ao alcançar a oitava fileira, deve ser promovido a cavalo, bispo, torre ou dama, de mesma cor.