Infraestrutura. Vale do Taquari se mobilizou com força e, em Brasília, conquistou uma 3ª sessão para debater o tema
O debate com relação à instalação de pedágios na BR-386 — um deles em Montenegro — será ampliado, mas não como exigem autoridades locais, que queriam uma reunião aqui na cidade. Bem mobilizado e articulado, o Vale do Taquari acabou contemplado neste sentido. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) anunciou na última sexta-feira que Lajeado sediará, no dia 16 de março, a terceira sessão presencial da audiência pública que discute a questão, que ainda não “desceu bem”, principalmente naquela região, porque o usuário terá de desembolsar R$ 36,10 para percorrer o trecho de 200 quilômetros entre Tio Hugo e Montenegro. As duas primeiras ocorreram em Porto Alegre e Brasília, nos dias 16 e 23 de fevereiro.
Outra crítica, conforme o deputado estadual Gilmar Sossela, é que o programa prevê obras de duplicação somente a partir do 12º ano de concessão. “A conservação da rodovia tem sido feita satisfatoriamente pelo Dnit. Para isso, não precisamos pagar pedágio”, defende.
Conforme a ANTT, foi prorrogado o período para envio de sugestões à minuta do edital, ao contrato de concessão e ao Programa de Exploração da Rodovia (PER) do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Interessados agora têm até as 18h do dia 31 de março deste para encaminhá-las.
No Vale do Taquari, a construção de pedágios é encarada com naturalidade, mas exigem-se obras e tarifas justas. O Fórum das Entidades Empresariais e Sociais de Lajeado, formado por 14 organizações, tem a mesma posição do Conselho Regional de Desenvolvimento (Codevat). Em reunião na última semana, o grupo se colocou a favor dos postos de cobrança, mas desde que “seja tudo feito com transparência e que pelo menos parte dos recursos gastos hoje pelo governo federal na manutenção da rodovia seja também investida em obras de duplicação”.
A presidente do Codevat, Cintia Agostini, salientou a importância do apoio da classe empresarial para que haja “a construção mais madura de nossa posição em relação ao tema”. O presidente da Associação Comercial e Industrial de Lajeado, Miguel Arenhart, pondera que nos países de primeiro mundo as rodovias são concedidas à iniciativa privada, porém as tarifas têm preços justos. Na Itália, por exemplo, nas autoestradas, paga-se por quilômetro rodado.
O presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços do Vale do Taquari (CIC VT), Ito José Lanius, analisa a situação sob o ponto de vista do custo logístico, que é próximo de 20% do Produto Interno Bruto. Quanto mais alto o custo, pior a competitividade do país no cenário internacional. “Nos países desenvolvidos, esse custo é inferior a 10%. É por isso que admitimos o pedágio. Alguém tem que investir na manutenção das rodovias, que é o modal mais usado no Brasil”, opina.
Saiba Mais
– A primeira sessão ocorreu em Porto Alegre no último dia 16 e, na semana seguinte, dia 23, houve a segunda sessão, desta vez em Brasília, com a participação de 100 pessoas;
– A 3ª sessão presencial vai ocorrer em Lajeado dia 16 de março, das 14h às 18h, do auditório do Centro Universitário Univates, que fica na avenida Avelino Talini, 171, bairro Universitário;
– a concessão de trechos das BR-101, 290, 386 e 448 terá duração de 30 anos, a partir de 2018. O programa vai gerar investimentos da ordem de R$ 7,9 bilhões e R$ 5,31 bilhões em custos operacionais (valores de março de 2015, data-base dos estudos).