Até 8h20min, 180 candidatos tinham retirado a ficha de seleção da empresa Agrosul na agência do Sine na cidade
A fila em frente à agencia FGTAS/Sine, ontem pela manhã, 23, surpreendeu muitos que passaram por ali. Quase 200 pessoas aguardavam para preencher ficha de seleção para a empresa Agrosul, de São Sebastião Caí, muitas delas desde a madrugada.
A empresa busca candidatos para preencher 20 vagas de auxiliar de linha de produção. A preferência é de jovens que buscam o primeiro emprego e pessoas com deficiência, e a única exigência é ter Ensino Fundamental completo ou estar cursando. A função do Sine é apenas intermediar a seleção entre candidatos e empresariado.

Franciele da Silva Soares, 22 anos, desempregada há um ano, busca reintegrar-se ao mercado de trabalho e cedo já aguardava na fila. “Mas está realmente muito difícil encontrar emprego. Eu vi a divulgação das vagas da Agrosul através do Facebook e vim tentar uma colocação”, salienta a jovem.
Também Ana Lúcia Pires da Silva, 50 anos, deficiente visual, tem a esperança de conseguir uma ocupação na empresa. “Há três meses, estou desempregada e acho que o que mais pesa na hora de conseguir uma vaga é a idade, a cor da minha pele (negra) e o estado de saúde. A partir dos 45/50 anos, começa a dificuldade. Já vi muitas vagas com designação de idade entre 18 e 35 anos”, explica.
A exigência de experiência na área, solicitada por muitas empresas, também é um empecilho, segundo Ana. “E em muitas seleções é preciso prática comprovada na Carteira de Trabalho. E agora que peguei minha ficha para a Agrosul, é preencher, esperar a avaliação e torcer para que chamem para a entrevista. Espero que consiga uma das vagas de PDC. Trouxe até laudo hoje. A minha sorte é que não preciso pagar aluguel, pois tenho casa própria. Desempregada, seria difícil”, pontua.
A família toda em busca de uma vaga para vencer a crise

Marta Regina Souza Barbosa, 41 anos, sua filha Thalia Barbosa da Silveira, 15 anos, e o genro Mallony Osorio de Vaz, 17 anos, foram juntos ao Sine na manhã de ontem. Marta e Mallony tentavam uma das vagas de auxiliar de produção, enquanto a jovem Thalia tentou, sem hesito, tirar a Carteira de Trabalho.
“Há quatro anos, estou sem trabalho, seria bom conseguir uma vaga para ajudar meu marido. Espero muito conseguir, pois está bem complicado ultimamente. Há muitas exigências no processo de seleção”, destaca Marta.

Mallony também nutre a expectativa de conquistar o primeiro emprego na Agrosul. Essa é a primeira vez que participa de uma seleção e confessa ter se assustado com o tamanho da fila de candidatos. “Estou esperançoso, principalmente porque a prioridade da empresa é recrutar jovens que ainda não tenham trabalhado. Mas, se não conseguir dessa vez, tentarei novamente”, conclui.
Já Thalia não teve sucesso na hora de fazer seu documento, pois o sistema estava fora do ar. “Mas fiquei de ligar para agendar. Quero muito tirar o documento e começar a trabalhar para ajudar meu pai. Também quero pagar alguns cursos que pretendo fazer. Já estou na aula de informática, mas ainda quero cursar administração, contabilidade e inglês”, termina.
Até as 8h20min, 180 pessoas atendidas nos guichês
De acordo com o coordenador da unidade montenegrina do Sine, Roque da Rocha, até as 8h20min, 180 pessoas tinham buscado pelas fichas da Agrosul. O prazo para entrega do documento preenchido, de acordo com o gestor, é o meio-dia de hoje. “Nós sempre esperamos uma boa procura, mas a de hoje foi bem maior. E mesmo com a divulgação, pelos cartazes externos e através da mídia, descrevendo a preferência de candidato, o público que buscou por essas vagas foi bem diversificado”, salienta.
Roque considera elogiável a atitude das pessoas, que mesmo com as dificuldades, acordaram cedo, enfrentaram a fila para tentar uma reintegração ao mercado. “Nós, da agência, somos facilitadores do processo. E muita gente já aproveitou a oportunidade para preencher a ficha aqui mesmo, no Sine; não perdeu tempo. E tenho conhecimento de que, desde as 5h, já havia candidato aguardando”, salienta.