Proposta quer incentivar táxis acessíveis para PCD

Iniciativa da vereadora Kellen de Mattos sugere que veículos possam ser adaptados com plataformas elevatórias

Motivos para usar os serviços de táxi podem ser variados, independentemente de ter ou não um carro. Esses veículos se tornam um meio prático para solucionar um ou vários problemas e deslocar com mais agilidade. Mas e quando o passageiro é cadeirante e o carro não é adaptado, como faz?

 

Janete conta que já deixou de usar o serviço em função da falta de acessibilidade

“Já precisei ir até a rodoviária e não tinha táxi adaptado, aí tive ir com a cadeira de rodas”, revela dona Maria Janete Mello Ferreira, cadeirante e moradora do bairro São João. Ela conta que já precisou de táxi, mas muitas vezes acaba desistindo de chamar justamente pela mão-de-obra que é embarcar. “É muito complicado sempre depender do motorista descer e embarcar a gente. Acho que por isso tem gente que não pega táxi. Tem cidade que até tem Uber adaptado, aqui nem táxi tem”, protesta.

Vera Lúcia Roballo, aposentada, também é cadeirante e conta que já fez uso de táxi e que a dificuldade é entrar no carro. “O motorista precisa descer, pegar no colo e colocar no banco. Das vezes que peguei táxi, eu fui sempre muito bem atendida”.

Laerte Schrammel, taxista há 18 anos, não possui carro adaptado, mas já fez corridas para cadeirantes diversas vezes. Ele conta que nesses casos a dificuldade é de acomodar o passageiro, já que a cadeira de rodas vai no porta malas e é preciso auxiliar o cliente a se instalar no acento do passageiro. “Às vezes a gente precisa de duas ou três pessoas, ou tem a ajuda de um familiar”, revela.

A vereadora Kellen de Mattos (PSD) levantou o debate durante as últimas sessões da Câmara. Pela proposta da legisladora, os carros utilizados na prestação do serviço poderão ser adaptados para atender as precisões de deslocamento de pessoas com necessidades especiais, o que não impede de atender qualquer outro passageiro. “A ideia é de que a gente consiga colocar a inclusão não só nos táxis, mas começando por eles e depois se estendendo pela logística da cidade”, argumenta.

Larte, por sua vez, defende que a iniciativa é louvável, mas para adaptar o carro ou até adquirir um já adequado, o custo é alto e Montenegro não possui demanda suficiente para arcar com esses valores, por mais que o veículo pudesse ser utilizado para ambos os clientes, cadeirantes ou não.

Já para Vera, a sugestão é de que os legisladores olhem para os espaços públicos, como calçadas, que não oferecem nenhuma acessibilidade para os deficientes. “A cidade precisa de muito mais acessibilidade, não só de táxis”, reforça.

Segundo a vereadora, mudança é um passo para a promoção da acessibilidade no transporte da cidade
Na prática, o que mudaria nos carros é a inclusão de uma plataforma elevatória na extremidade traseira ou lateral (de acordo com o modelo do automóvel) a ser aprovada pelo órgão competente, observadas as determinações e especificações técnicas e de segurança.

Kellen afirma que os táxis acessíveis trazem gastos, mas em compensação, há benefícios como o licenciamento e possibilidade de ponto livre

De acordo com Kellen, os táxis acessíveis trazem gastos, como a adaptação dos veículos, mas em compensação também há benefícios como o licenciamento, que tem vida útil mais longa, e ainda a possibilidade de ponto livre.

“Através da lei é definido de quanto em quanto tempo a empresa de táxis fará a troca da frota. Outra vantagem é o ponto livre, ou seja, ele pode para em qualquer lugar e pegar passageiros em qualquer lugar”, explica a vereadora. Segundo ela, esta é uma forma de facilitar o deslocamento de pessoas com deficiência e ainda traz retornos ao próprio taxista.

A lei número 7.335/ de dezembro de 2012, de Joinvile, foi a primeira legislação que definiu normas de acessibilidade nos carros de serviço de transporte de passageiros. Para Kellen, o que falta para a cidade é debater essa proposta e adaptar a legislação municipal para que os táxis acessíveis sejam realidade. A proposta já passou na Comissão Geral de Pareceres (CGP) e agora tramita na Câmara. “Para quem não sente na pele isso, seja com parente ou amigo, passa despercebido, mas para quem realmente precisa é que sente a falta”, justifica.

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