Hepatites virais: previna inflamações do fígado

Em 28 de julho, quinta-feira, é o Dia Mundial contra as Hepatites Virais. O mês é considerado “Julho Amarelo”, com a finalidade de reforçar as ações de prevenção, vigilância e controle da doença. Hepatite é o termo técnico para qualquer inflamação do fígado, que pode ter alterações leves, moderadas ou graves. Assim, as que são causadas por vírus são chamadas de hepatites virais. Quando não são causadas por vírus, as hepatites podem surgir pelo uso de alguns medicamentos, álcool e outras drogas, assim como por doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas. No caso específico das virais, que são o objetivo da conscientização do dia 28 de julho, as inflamações são classificadas como hepatites A, B, C, D e E, sendo as três primeiras as mais frequentes.

Fernando Herz Wolff, chefe do serviço de gastroenterologia do Hospital Moinhos de Vento

Fernando Herz Wolff, chefe do serviço de gastroenterologia do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, adianta que, quando se fala de prevenção, se o problema é hepatite A ou B, o ponto principal é a vacina. “São extremamente seguras e com raros e leves efeitos adversos”, destaca. A hepatite C não tem vacina. Vale lembrar que a hepatite D ocorre em pacientes infectados com o tipo B, portanto, a vacina contra a B, protege contra o tipo D também. A do tipo E, mesmo que quase sem ocorrência no Brasil, tem formas de prevenção muito parecidas com a tipo A.

Além da vacina, a hepatite tipo A pode ser prevenida com bons e frequentes hábitos de higiene, assim como os cuidados durante a Covid-19. Lavar as mãos com frequência, principalmente após o uso do sanitário, troca de fraldas e antes do preparo de alimentos é ponto essencial, além de cozinhar bem os alimentos antes de consumí-los. Em creches, escolas, lanchonetes, instituições fechadas ou similares, adote medidas rigorosas de higiene, como desinfecção do local. Também não se banhe perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo ao esgoto, pois, isso pode ser um prato cheio para o vírus. Não menos importante, sempre utilize preservativos e higienize as mãos, genitálias, períneo e região anal antes e após relações sexuais.

A hepatite B também exige o uso de preservativos em todos os tipos de relação sexual para prevenção. Não compartilhe objetos de uso pessoal, como lâminas de depilação, escovas de dente, material de manicure e também de colocação de piercings e confecção de tatuagens. A testagem das mulheres grávidas ou com intenção de engravidar também é fundamental pra prevenir a transmissão de mãe para o bebê.

Como não tem vacina, a prevenção para a hepatite tipo C consiste no não compartilhamento de objetos que entraram em contato com o sangue, como seringas, agulhas, alicates e escovas de dente. O uso de preservativo nas relações sexuais é importante para evitar qualquer uma das hepatites. Toda mulher grávida precisa fazer os exames para detectar as hepatites B e C, HIV e sífilis no pré-natal. Vale ressaltar que o tratamento da hepatite C não está indicado para gestantes, mas, após o parto, a mulher deverá ser tratada.

Tipo de hepatites e suas características
Hepatite A: tem o maior número de casos. Está diretamente relacionada às condições de saneamento básico e higiene. É uma infecção leve e se cura sozinha.

Hepatite B: é o segundo tipo com maior incidência. Atinge maior proporção de transmissão por via sexual e contato sanguíneo.

Hepatite C: tem como principal forma de transmissão o contato com sangue. É considerada a maior epidemia da humanidade, cinco vezes superior a AIDS ou HIV. Este tipo é a principal causa de transplantes de fígado. A doença pode causar cirrose, câncer de fígado e morte.

Hepatite D: ocorre apenas em pacientes infectados pelo vírus da hepatite B.

Hepatite E: é transmitida por via digestiva, provocando grandes epidemias em certas regiões. Ela não se torna crônica, mas mulheres grávidas que forem infectadas podem apresentar formas mais graves da doença.

Doença silenciosa tem diagnóstico específico
Segundo Wolff, existem as hepatites agudas e as crônicas. A primeira tem sintomas com duração menor do que seis meses. Já a crônica é uma perturbação inflamatória do fígado com a duração superior a seis meses, ou seja, persiste no tempo. Muitas vezes as hepatites são consideradas silenciosas, pois podem facilmente não apresentar nenhum sintoma. Quando há presença de sinais, as agudas se manifestam como qualquer quadro viral, com mal estar, dor no corpo, febre baixa, desconforto no lado direito do abdômen e, em alguns casos, cor amarela da pele e mucosas, urina escura e fezes claras.

O médico destaca que o diagnóstico da doença é feito através de exames de sangue específicos para cada hepatite. O médico realiza o diagnóstico tendo por base a história clínica do paciente, seus hábitos, sinais e sintomas apresentados recorrendo a alguns meios complementares de diagnóstico. As análises do sangue revelam alteração das provas hepáticas, uma vez que apresentam a presença de lesão nas células. Os valores absolutos podem ser muito variáveis e nem sempre refletem o prognóstico, sendo que alguns padrões de elevação podem fazer suspeitar de mais de um diagnóstico. Existe a biópsia hepática, que é raramente realizada.

Wolff relembra que todas as pessoas devem ser testadas para hepatites virais, já que a maioria dos operadores não está nos grupos de risco. Entretanto, usuários de drogas injetáveis são grupo de mais alto risco, assim como pessoas que receberam transfusão de sangue antes de 1992.

Tratamentos possibilitam a cura
A hepatite tem cura na maioria das vezes, mas, em alguns casos, quando o paciente não é devidamente tratado ou não segue orientações prescritas, a doença pode evoluir com complicações, inclusive, levando à morte. Os casos mais graves podem necessitar de internação hospitalar para o controle da doença, já que a hepatite crônica aumenta o risco de desenvolvimento de cirrose hepática, que, por consequência, aumenta o risco de câncer hepático. A principal complicação da hepatite B crônica, por exemplo, é o desenvolvimento de cirrose, sendo que estes pacientes têm também risco aumentado de cancro do fígado.

Segundo Wolff, a hepatite C tem cura em quase 100% dos casos, a tipo B tem um bom controle da doença e prevenção da evolução e a na A, o tratamento é sintomático, já que a cura ocorre espontaneamente em algumas semanas (com exceção de casos raros que evoluem com hepatite fulminante).

O médico explica que o tratamento é feito com medicações via oral. “Na hepatite B, o tratamento é prolongado por vários anos. Já na C, o tratamento, na grande maioria dos casos, é por 12 semanas, ou três meses. Efeitos adversos ao tratamento são raros e muito leves”, acrescenta. Vale lembrar que o tratamento é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde, o SUS.

fotos: freepik

Em Montenegro, 645 casos em mais de 10 anos
As hepatites virais são um enorme desafio à saúde pública em todo mundo. Elas são responsáveis por cerca de 1,4 milhão de óbitos, anualmente, como consequência de suas formas agudas graves ou, principalmente, pelas complicações.

No Rio Grande do Sul, a incidência de hepatite A é de 0,5%. Já as patologias de tipo B e C chegam a 5%. Em Montenegro, desde 2011, foram contabilizados 645 casos notificados e confirmados de hepatites tipo B e C. Foram registrados 87,6% do tipo C e 15% do tipo B. As Hepatites B e C são inflamações no fígado causadas porvírus.

Sintomas gerais das hepatites
– Febre;
– Fraqueza;
– Cansaço frequente
– Mal-estar;
– Dor abdominal (principalmente do lado direito)
– Enjoo e Náuseas;
– Vômitos;
– Perda de apetite;
– Urina escura (cor de café);
– Icterícia (olhos e pele amarelados);
– Fezes esbranquiçadas.

* Na maioria dos casos, as hepatites são silenciosas, ou seja, não apresentam muitos ou nenhum dos sintoma

Município fará “Dia D” de testagem contra hepatites
Em alusão ao Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, a Prefeitura de Montenegro promoverá uma ação especial com a comunidade dos bairros atendidos pelo posto de saúde da Esperança. Por meio do Comitê de Prevenção da Mortalidade Materna, Infantil e Fetal, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) está preparando um “Dia D” de testagem das Hepatites e de outras doenças virais.

A atividade será no dia 6 de agosto, um sábado, na Estratégia de Saúde da Família (ESF) Esperança, no bairro Senai. Será disponibilizada testagem para a população por agendamento. O atendimento será das 8h às 12h e contará com a parceria da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) – campus Montenegro. Na oportunidade, haverá testes de HIV, Sífilis e hepatites B e C.

Os agendamentos serão feitos por telefone a partir da próxima quinta-feira, 28, pelo número (51) 3649-3529, das 8h às 12h e das 13h às 17h. De acordo com a enfermeira da SMS, Sabrina Rosa de Oliveira Müller, o Dia “D” será fundamental para que as pessoas tenham o diagnóstico precoce dessas doenças. “Quanto antes o paciente descobrir o vírus, mais fácil é combatê-lo”, ressalta. No mesmo dia, além dos testes, também haverá orientações de medidas preventivas.

Atendimento em Montenegro
Atualmente, as vacinas para as hepatites A e B são disponibilizadas em todas as salas de vacina de Montenegro. A vacina contra a tipo A é realizada nas crianças com 15 meses em dose única. Já contra a B, é feita em crianças logo ao nascer com seguimento de mais duas doses, até completar as três sem reforço. É ofertada para todas as pessoas, sem limite de idade. A enfermeira Katia Kern explica que os testes rápidos também são ofertados em todos os postos do município, realizados sob agendamento prévio. Leva 30 minutos para ter o resultado em mãos. Para fazer o teste, o paciente deve ter consigo o cartão SUS, RG e CPF.

Segundo Katia, faz oito anos que Montenegro oferece atendimento de enfermagem aos portadores de hepatites virais. Isso inclui não apenas os testes rápidos, mas exames laboratoriais, de carga viral e genotipagem, ecografia, entre outros. O acompanhamento vai desde o diagnóstico até o monitoramento pós tratamento. Para mais informações, caso precise dos serviços, entre em contato com o setor de infectologia da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) através do número (51) 3649-4348.

Locais para realizar o teste rápido:
UBS Centro – (51) 3632 8444
SMS Timbaúva – (51) 3632-3102 (ramal 234)
Setor de Infectologia – (51) 3649-4348
ESF 1 – (51) 3649-4360
ESF 2 – (51) 3649-3529
ESF 3 – (51) 3632-9532
UBS Sto Antonio – (51) 3632-0460
UBS Santos Reis
UBS Muda Boi
Penitenciária Modulada – (somente os apenados)
CAPS – (pacientes atendidos)

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