Educação inclusiva na rede municipal demonstra avanços

Dois projetos de lei já têm aprovação. Outro deve ser votado nos próximos dias

Hoje, em Montenegro, em 28 escolas da rede municipal de ensino, há 197 crianças com algum tipo de necessidade especial, sendo 121 deles com algum grau do Transtorno do Espectro Autista (TEA). A coordenadora de educação inclusiva Giane Campiol afirma que de dezembro de 2022 até agora, houveram mais 21 diagnósticos de TEA, por exemplo. Aumento considerável, levando em consideração que ainda há estudantes da rede em atendimento para avaliação. Assim, vale lembrar que não são apenas os alunos com TEA que precisam deste atendimento especializado, e sim estudantes com deficiências intelectual, física, auditiva e/ou visual.

Atualmente, cerca de 70 assistentes que realizam o atendimento educacional especializado atuam na educação infantil. Já no ensino fundamental, atuam 31 monitores que estão no ensino superior. Giane explica que o atendimento varia de aluno para aluno. Portanto, às vezes um assistente ou monitor pode atender dois alunos, mas, dependendo do grau da deficiência, o estudante precisa ter atendimento individualizado.

A alta demanda também pede ações e projetos de lei para que, cada vez mais, a educação do município seja efetivamente inclusiva. Os próximos meses prometem ser históricos no que se refere ao tema na cidade. Na semana passada, três projetos de lei foram enviados à Câmara de Vereadores e um deles já foi aprovado.

O projeto aprovado autoriza a contratação de até 120 assistentes de educação inclusiva. Agora, após a aprovação, o município abrirá processo para contratação dos profissionais que vão para as salas de aula das 28 escolas municipais para atuarem diretamente com estes alunos. O objetivo da contratação é viabilizar qualidade de ensino e aprendizagem para estudantes com necessidades especiais na rede.

A secretária municipal de Educação e Cultura, Ciglia da Silveira, explica que Montenegro tem, ano a ano, focado mais na questão da inclusão. “Este é um passo bem largo e firme em relação a atender às necessidades dos nossos alunos”, pontua. Para ela, a provação dos projetos representa um novo momento para a educação inclusiva, com melhor estrutura pedagógica e apoio.

Os outros dois projetos são para criação de um Núcleo de Atendimento Inclusivo e de um Departamento de Inclusão, atuando diretamente junto à Secretaria de Educação e Cultura. Eles servirão para gerência de estratégias e ações conjuntas para crianças e adolescentes com deficiência física, auditiva, visual ou mental, além de alunos com altas habilidades ou déficit de aprendizagem.

Em tese, este espaço já existe e funciona na Estação da Cultura, então, o próximo passo é a institucionalização, se aprovado. A coordenadora de educação inclusiva Giane está à frente dos trabalhos. Segundo ela, o local serve para encaminhamento de alunos quando a escola não tem mais recursos para atendimento de algum estudante. “Temos psicóloga, psicopedagoga, laboratório de aprendizagem, oficinas de arte, entre outros”, explica.

Avanços são fundamentais para tornar Montenegro referência em inclusão
João Maciel Donbrowski é tesoureiro da associação Ser Autista em Montenegro e pai do Francisco, 6, que tem Transtorno do Espectro Autista. Para ele, a contratação de assistentes é essencial para inclusão na prática dos alunos com necessidades especiais. “Para isso acontecer, a criança precisa de alguém com conhecimento ao lado dela. Que vá realmente auxiliar no desenvolvimento para que ela seja inserida de acordo para conseguir acompanhar a turma”, destaca.

Ele explica que quando uma criança especial fica sem nenhum tipo de acompanhamento, diversas vezes vão estar correndo em sala ou sem realizar as atividades, o que sobrecarrega a própria professora. “Isso vai influenciar em uma baixa qualidade de educação para ele e para os demais alunos”, diz. Ele relembra que hoje grande parte dos monitores são remanejados de escolas para atender estas crianças ou estagiários contratados. João vê problemática, já que muitas vezes ocorrem trocas de monitores e não existe a criação de um vínculo, que é tão importante no desenvolvimento das crianças especiais.

Quanto ao Núcleo, João destaca que deve ser ampliado após aprovação. “A criação deste centro foi um grande acerto por parte da Prefeitura. É preciso que seja feito treinamento para professores e diretores para que eles realmente trabalhem a inclusão na prática”, assinala. Francisco tem atendimento com a psicopedagoga no Núcleo e João destaca que desde o início dos atendimentos, a interação e desenvolvimento do filho melhoraram consideravelmente.

João afirma que os avanços que vêm ocorrendo são fundamentais para abrir as portas para a inclusão. “Com o tempo, juntando com terapias, a criança vai se inserindo automaticamente, porém ele precisa deste apoio no início. A gente vê que existe um déficit grande destes profissionais para fazer esta monitoria”, pontua.

Ele parabeniza a Prefeitura Municipal pelo espaço de diálogo e olhar especial para a causa. “Nós, que somos da associação, temos contato direto com Legislativo e Executivo. Dialogamos juntos e procuramos definir o melhor para todos”, afirma. “Montenegro está caminhando para um rumo muito bom para a inclusão. Vemos que municípios até maiores não têm o olhar que a nossa cidade tem. Esperamos que esta parceria permaneça por muito tempo para que assim a gente consiga realmente fazer com que Montenegro seja uma cidade referência em inclusão”.

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