Vereadores, representantes da comunidade e da RGE se reuniram na sexta-feira para tratar do assunto na Câmara
Quando a água do Rio Caí sobe, as complicações começam. Além da enchente, o desligamento da energia elétrica em pontos alagados e próximos deles é uma das grandes reclamações. Para discutir este problema e buscar soluções, o vereador Cristiano Braatz, do PMDB, convocou uma reunião na Câmara com o secretario municipal de Viação e Serviços Urbanos, Ricardo Endres, representantes da comunidade e com funcionários da RGE, a concessionária de energia elétrica. Depois de um longo debate, ficou decidido que as comunidades trabalharão em conjunto com a Defesa Civil e com a RGE para fazer um levantamento dos pontos em que o corte não é necessário.
Logo no início, o vereador Erico Velten, do PDT, questionou os representantes da RGE sobre os cortes de luz em residências nas quais a água não chegou. “É um incomodo para os moradores, pois se a cheia não chegou até eles, não há por que ficarem sem o serviço. Mas entendo que é uma forma de precaução”, declarou. Em resposta, o supervisor de Obras e Manutenção da RGE, Marcelo Flores Pereira, explicou que, em muitos casos, isto acontece em função da localização do transformador. “Em épocas de enchentes, técnicos ficam atentos 24 horas à subida da água. Caso alguma casa esteja correndo risco, toda a rede é desligada e, às vezes, isso afeta moradias onde a água ainda não chegou. Quanto a isso, não há muito o que fazer. É uma forma de proteger o cliente e não de tirar algo dele”, justificou.
Após a explicação, Lauri Cornelius, um dos representantes do bairro Ferroviário, solicitou aos funcionários da RGE um ofício explicativo para tratar o assunto com os moradores de sua comunidade. “Gostaria de ter um documento em mãos para explicar a eles. Mostrar o que está acontecendo e como as pessoas podem agir”, comentou. O gestor de atendimento ao poder público da RGE, Thiago Pedroso de Oliveira, explicou que os cortes também prejudicam a concessionária. “No momento em que desligamos a energia de certa quantidade de pessoas, estamos perdendo dinheiro. Ou seja, isso também é ruim para nós. Exigimos que as instalações elétricas sejam feitas a um metro e 60 centímetros do chão, para o acesso dos trabalhadores sem a necessidade de escadas. Mas o fato é que a empresa não tem o objetivo de cessar a energia elétrica de nenhum consumidor”, diz.
Na parte final da reunião, o secretário de Viação e Serviços Urbanos, Ricardo Endres, sugeriu que a Defesa Civil atuasse ao lado da comunidade para que estas situações possam ser minimizadas. “Minha proposta é que a comunidade vá à Defesa Civil para discutir o problema. Seria interessante se o órgão, em parceria com os moradores, criasse um mapa, identificando onde estão os problemas. Por que, em muitos casos, ele pode ser resolvido e evitar que muitas casas fiquem sem luz antes que água chegue. Não seria 100%, mas poderíamos reduzir a quantidade de 100 para 20 residências, por exemplo”, opinou.
Os representantes da RGE apoiaram a ideia, bem como os demais participantes. “Seria ótimo ter um levantamento e um mapeamento indicando os lugares em que as redes estão, pois poderíamos estudar cada caso e realizar possíveis melhorias”, disse Marcelo. O presidente da União Montenegrina das Associações Comunitárias, Airton Quadros, comprometeu-se a falar com os representantes de cada localidade. “Esse é um trabalho que vamos começar em breve. Talvez não consigamos resolver isto em curto passo, mas precisamos começar”, conclui.
O que mais foi dito
– Segundo representantes do bairro Olaria, há, no mínimo, 50 casas que ficam sem energia elétrica desnecessariamente em época de enchente, pois estão situadas em pontos altos.
– Técnicos da RGE ressaltaram que moradores com deficiências possuem prioridade na volta da energia. Pessoas que necessitam do uso contínuo de aparelhos elétricos devem entrar em contato pelo telefone 0800 970 0900 e informar a empresa. Isso não evitará o desligamento, mas dará prioridade na volta da energia elétrica. Eventualmente, funcionários da concessionária visitam estas residências a fim de comprovar se a informação não é falsa.
– De acordo com representantes da RGE, nos próximos anos, muitas obras serão feitas. A previsão é investir R$ 4,7 milhões em melhorias para Montenegro.
– Em Montenegro, há 9.649 postes, sendo que 5.900 estão na área urbana e 3.749 na zona rural. Do total, 4.300 são de concreto. A empresa pretende trocar 750 postes até o fim do ano.