Prefeitura terá que remediar situação, inclusive por que a rachadura avança
No mesmo dia que a capa do Jornal Ibiá estampou a manchete “Cais do Porto corre o risco de desabar”, o previsto se concretizou e o patrimônio histórico sucumbiu à deterioração e à falta de manutenção. Por volta das 14h de sexta-feira, 31, cerca de 60 metros da estrutura, em frente à Escola da Brigada, foi abaixo, jogando no fundo do Rio Caí mais de 100 anos de memória. Mas o pior ainda não passou.
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Pois, se continuar chovendo nesta semana e uma enchente de “São Miguel” flagelar Montenegro, será grande o risco do desabamento se entender. Isso por que a rachadura vista no local onde ocorreu o dano se estende pelo Porto das Laranjeiras. São perceptíveis desníveis e afundamentos dos palanques de concreto e da calçada. Novamente, nada preventivo é realizado. Inclusive no domingo, dezenas de pessoas estavam sobre essa área de risco.
A fresta aberta na calçada de “pedra ferro” é assustadora, apresentado um degrau com cerca de 5 centímetros. Esse trecho fica exatamente em frente à Pizzaria Du Cais, até esquina com rua João Pessoa. Ali também há afundamentos e buracos pontuais, mas aparentemente todos em consequência da deterioração na estrutura. Existe inclusive a percepção que, entre a tarde de sábado e de domingo, uma fresta com cerca de um milímetro abriu dentro da rachadura.
“Porta arrombada, tranca de ferro”
A Defesa Civil isolou o acostamento a partir da esquina com a rua Ramiro Barcelos (da pizzaria) em direção ao Passo do Manduca. A orientação é para que os cidadãos evitem circular, inclusive de carro. Também foi cortada a energia elétrica nos postes de iluminação. Outra providência foi colocar lona sobre a área degradada para evitar o avanço da erosão. O vento já soprou parte dela e o Rio elevado está batendo por baixo.
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Nada disso foi pensado antes pelos responsáveis. Pois, além de usar esse plástico para evitar que a infiltração pela rachadura continuasse comprometendo a base, o local deveria ter sido isolado. Se não fosse o tempo chuvoso da sexta-feira alguém poderia ter se ferido. Na segunda-feira, quando o Ibiá fez a reportagem, duas crianças brincavam justamente sobre as pedras do afundamento.
Outra ação da equipe dos Serviços Urbanos foi cortar as correntes que prendiam os palanques de concreto caídos no barranco. Assim, aquilo que ainda poderia ser salvo, acabou submergindo na água. O secretário Municipal de Obras Públicas, Argus Oliveira Machado, foi olhar o acontecido e se negou a gravar entrevista. Ele argumentou que tudo que havia para ser dito foi colocado na entrevista de quinta-feira, realizada na Secretaria de Gestão e Planejamento.
Nem secretário, nem nota falam de futuro
A mudança de cenário a partir de sexta-feira foi ignorada pelo secretário Argus, que se limitou a dizer que a Prefeitura aguarda por dinheiro vindo de Brasília, através do Ministério da Integração Nacional. A assessoria de imprensa da Administração Municipal enviou nota, que inicia com a frase “as condições climáticas desfavoráveis nesta sexta-feira (31) foram fatores que contribuíram para que um trecho do Porto das Laranjeiras sofresse dano em sua composição”, uma obviedade, e que não deve limitar o desastre previsível à intempérie.
O texto ainda discorre a respeito do Projeto de Prevenção de Desastres enviado ao Ministério, onde técnicos da própria Prefeitura classificaram a situação do Porto como gravíssima. Todavia, assim como o secretário Argus, a nota oficial não indica nada a respeito de futuro. Fica no ar a pergunta sobre o que será feito agora, que parte do talude caiu.