A iniciativa partiu de uma moradora de Ijuí e ganhou força em Montenegro

Uma ação idealizada pela organizadora de eventos Clarice Ribeiro aproximou, ainda mais, três cidades do Rio Grande do Sul: Ijuí, local onde mora, Montenegro e Porto Alegre. A empresária está confeccionando toucas para serem doadas ao Instituto do Câncer Infantil da capital e acabou ganhando um importante reforço através da parceria da voluntária Gislene Orth, moradora de Montenegro. Ambas uniram forças para mostrar que fazer o bem é algo que, realmente, vale a pena.
Clarice conta que a iniciativa nasce de um fato triste. Em 1997, ela perdeu sua primeira filha, vítima de hidrocefalia. Foram seis meses de luta no Hospital Santo Antônio, em Porto Alegre. O bebê passou por três cirurgias, mas não resistiu e, em novembro daquele ano, acabou falecendo. A dor da perda tornou-se ainda maior quando, quatro meses após a partida da filha, ela também perdeu o marido. A morte ocorreu durante uma rebelião no Presido Central, local onde ele trabalhava. Contudo, pouco tempo depois, Clarice descobriu que o marido não a havia deixado sozinha. Grávida da segunda filha, ela encontrou força para levar a vida em frente.
No final de 2017, a empresária pensou em uma forma de homenagear os 20 anos da partida de ambos. Inspirada no que viu durante sua estada pelos hospitais, ela resolveu confeccionar toucas para crianças e jovens com idades de três a 18 anos. “Eu sempre mantive eles presentes comigo. No fim do ano passado, pensei em fazer algo de bom, algo em memória deles”, conta. Conforme Clarice, a touca como objeto principal da ação se baseia no fato de que a cabeça de algumas crianças com hidrocefalia é maior, o que dificulta serem cobertas. Com isso, no inverno, eles acabam passando frio.
Gislene Orth apóia a causa e busca reforços na comunidade
A ideia já estava em andamento quando os caminhos de Clarice e Gislene se cruzaram. Ambas se conheceram através da postagem de uma amiga no Faceboock. A dona do perfil comentou que não pretendia ajudar mais ninguém. Foi aí que Clarice argumentou e contou sobre sua iniciativa. Gislene também se manifestou em favor da caridade. Foi então que elas acabaram se aproximando e viraram amigas. “Eu não consigo viver sem fazer caridade”, afirma a voluntária de Montenegro.
Dessa forma, Gislene quis saber mais sobre a ação iniciada por Clarice e ofereceu ajuda. A parceria começou há pouco mais de 20 dias e já ganhou novas apoiadoras. Gislene recrutou amigas para que também produzam toucas e gorros. Ela perdeu as contas do número de peças confeccionadas, mas, em média, sozinha, faz quatro toucas por dia. A meta das voluntárias é chegar a 300 unidades, por isso, quanto mais gente envolvida com a causa, mais rápido se atingirá o objetivo.
Quem quiser contribuir com a ação pode entrar em contato com Gislene através do telefone 51 9 984344063. A ajuda pode se dar de duas formas: por meio da fabricação das toucas ou pela doação de lã. Ao alcançar a marca das três centenas, a entrega das toucas será feita ao Instituto do Câncer Infantil que deverá repassar o material para os hospitais que oferecem atendimento oncológico ao público alvo da campanha. A intenção é realizar a entrega no mês de abril, época em que o frio começa a atingir o Estado.
Super-heróis e personagens carismáticos de filmes de animação infantil foram escolhidos como motivos para estampar as toucas. “Essas crianças que lutam para viver são super-heróis e merecem ser homenageadas”, diz Gislene. “Quero fazer isso porque sei o que é passar seis meses em um hospital com poucos recursos e sem esperança”, conclui a idealizadora da ação.