Após chuvas, citricultores contabilizam prejuízos

Perdas. Estimativa da Emater é de que 20% de frutas maduras e prontas para a colheita foram perdidas na região

Como frutos estragados continuam no pé, colheita é mais trabalhosa

As precipitações que marcaram o mês de junho ainda causam reflexos na agricultura da região. Conforme o assistente técnico regional de Sistema de Produção Vegetal do escritório regional de Lajeado da Emater-RS/Ascar Derli Paulo Bonine, o excesso de chuvas, além de dificultar a colheita, causa rachadura na casca das frutas. A grande umidade no solo também causa reação fisiológica nas plantas, resultando em queda de frutas.

De acordo com Bonine, no Vale do Caí, a queda foi mais intensa nas frutas maduras e prontas para a colheita, como as bergamotas Caí e Ponkan e as laranjas Céu Precoce, Umbigo Bahia, Seleta e Shamouti. A estimativa é que as perdas nos pomares de citros na região tenham chegado a 20%.

Produtor de citros na localidade de Bananal, interior de Pareci Novo, Pedro Jorge Hoerlle, 42 anos, estima que perdeu até 80% da sua produção de bergamota Ponkan. “No início, achei que seria de 10% a 15%, mas agora tem fruta graúda só esperando para cair”, lamenta. Conforme o citricultor, que é secretário da Associação Bom Citros, as precipitações começaram no início da colheita. Ele recorda que um pouco de chuva seria bem vinda naquela época, pela necessidade de a casca se soltar e o fruto criar cor e crescer. “Aconteceu que, com a chuva em excesso, a fruta criou cor, cresceu e caiu. Não deu tempo de colher”, detalha.

Para exemplificar a situação, o citricultor sacode um galho de uma bergamoteira, fazendo com que dezenas de frutos caiam no chão. Conforme Hoerlle, que também tem pomares das variedades Montenegrina e Murcote, a colheita da Ponkan segue sendo feita, mas de forma cautelosa, para garantir que frutos estragados não sejam postos nas caixas. Isto também deixa o trabalho mais lento.

O produtor destaca que há 23 anos trabalha com a variedade Ponkan e nunca antes havia tido tamanha perda. “Outras vezes perdia algo, mas acontecia quando já tinha colhido quase tudo. Agora o mau tempo veio antes de a fruta estar pronta”, analisa. Ele recorda que a última quebra na produção foi em 2015, quando a pinta preta atingiu pomares da bergamota Montenegrina. “O prejuízo na citricultura tu não reverte. Uma nova safra é um novo investimento. Duma fruta que caiu o prejuízo é total”, salienta.

Hoerlle avalia que até 80% da safra de Ponkan de seu pomar foi perdida em razão das chuvas deste mês

Preocupação agora é com proliferação de doenças
Com as perdas amarguradas na variedade Ponkan, Hoerlle diz que agora mantém um cuidado extra com os outros pomares. Segundo o produtor, seu maior medo é que a umidade combinada com uma onda de calor alto possa desencadear a proliferação da pinta preta. Porém, de acordo com Bonine, os citricultores precisam se preocupar também com outras doenças que podem atingir as plantas e os frutos.

O engenheiro agrônomo da Emater explica que o excesso de umidade facilita o aparecimento de podridões, comumente denominadas bolor ou mofo e que são causadas pelos fungos popularmente conhecidos como Bolor-verde e Bolor-azul. “É extremamente difícil o controle dessas doenças no pomar”, alerta.

O lado positivo é que quando há condições de se entrar no pomar com máquinas para realizar a pulverização, as aplicações preventivas de fungicidas podem atenuar o problema.

Últimas Notícias

Destaques