Travessia da RSC-287 coloca estudantes em risco

Longe do fim. Falta de efetivo da Guarda Municipal impede auxílio a PRE

A RSC-287 é uma das rodovias mais movimentadas e perigosas de Montenegro. Mesmo assim, dezenas de crianças são expostas diariamente aos perigos de atravessá-la. A situação é pior para quem mora de um lado da estrada e estuda do outro. Em muitos casos, para tentar garantir a segurança dos filhos, os pais os levam até a escola. Um levantamento feito recentemente pela Guarda Municipal (GM) aponta para a necessidade de ações específicas para a segurança de todos que utilizam a via. Contudo, a falta de agentes da GM e do Grupo Rodoviário Estadual impede que isso ocorra.

O perigo ao qual estão expostas as crianças chama a atenção, mas é preciso lembrar que os adultos também correm riscos. “O fluxo de veículos aumenta e não vemos nenhum avanço em relação à segurança dos moradores”, comenta Daniela Link Kranz, 38 anos, moradora do bairro Panorama. Daniela tem dois filhos que estudam na Escola Municipal de Ensino Fundamental Walter Belian. “Tenho muito medo das crianças atravessando a rodovia, tanto que meus filhos nunca fizeram isso sozinhos”, relata.

O caso dela não é exceção. Muitos outros pais acompanham os filhos até a escola e, quando isso não é possível, adotam medidas para diminuir o risco. “Meu filho vai de transporte pra escola porque tenho medo de deixar ele atravessar sozinho. Para ajudar, emergencialmente, poderia ter um guarda ou um monitor controlando o trânsito para a travessia dos pedestres em horário determinado, ou uma sinaleira”, opina Ângela Maria Tonelo, mãe de um aluno do sétimo ano, e moradora do bairro Santo Antônio.

Cidadãos pedem socorro pelos filhos
Com o pensamento semelhante ao de Ângela, um grupo de moradores pediu apoio à Guarda Municipal de Montenegro, para tentar arrumar uma solução paliativa para o caso. Só que aí surgiu uma polêmica. Agentes estiveram na rodovia e ajudaram as crianças na travessia, mas foram acusados de estar atuando fora de sua jurisdição.

De acordo com o secretário municipal de Administração, Edar Borges Machado, os cidadãos procuraram o tenente Elton José dos Santos, coordenador da Defesa Civil, que na época estava respondendo pela chefia da Guarda, porque o titular encontrava-se de férias, para expor o risco enfrentado pelas crianças. “Diante dessa demanda de Segurança Pública, o tenente foi até o Pelotão da Polícia Rodoviária de Montenegro e combinou que seria feito um teste de operação conjunta, conforme prevê o convênio do Sistema Integrado de Segurança com os Municípios (SIM). O objetivo era fazer uma avaliação do número de crianças, quais eram as preocupações da comunidade, fluxo de veículos, etc”, explica Edar.

A intenção era Guarda e PRE avaliarem o trânsito, mas diante de um atraso da Polícia, a GM acabou intervindo na travessia dos estudantes, o que não seria permitido, tendo em vista que seu trabalho é zelar pelo patrimônio público. “A polêmica foi levantada em cima de um momento, de poucos minutos. Nesse lapso temporal houve a necessidade da intervenção da Guarda porque crianças estavam transpondo a rodovia. Em nome da segurança, a Guarda fez a primeira intervenção naquele período. Foi para evitar que uma criança fosse atropelada e morta na frente da Guarda sem que essa fizesse nenhuma ação de proteção”, afirma o secretário. “Era uma ação da Guarda junto com a Polícia Rodoviária, como prevê o convênio, para fazer um diagnóstico daquele cenário”, reitera.

Conforme Edar Borges, o próprio tenente Elton elaborou o relatório com o diagnóstico sobre o local. O documento foi entregue ao prefeito e também deve ser apresentado à secretaria municipal de Educação (SMEC) e à Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR). O documento aponta uma solução, mas, ao mesmo tempo, mostra que não há como colocá-la em prática devido ao déficit de pessoal.

Segundo Edar, o que pode ser feito é a travessia pela ação policial, juntamente com a Guarda Municipal, como estava previsto no ensaio. “O diagnóstico foi feito para constatar a necessidade, mas, nesse momento, a Guarda não tem pessoal suficiente para assumir essa responsabilidade. A própria PRE não tem pessoal para efetuar intervenções sistemáticas.”, lembra o secretário de Administração.

A polêmica gerada sobre o “ensaio”
Os vereadores Talis Ferreira (PR ) e Rose Almeida (PSD) pediram explicações sobre o que Edar Borges chamou de “ensaio”. “Queremos saber quem autorizou a ação da Guarda Municipal sem a presença da PRE, se existe convênio para isso e o documento de autorização. Não somos contra a ação, mas sim à forma como foi feita”, diz o vereador Talis. Ele passava pela rodovia quando viu a ação da Guarda, mas não teve os esclarecimentos que buscava.

A vereadora Rose conta que o fato chamou a atenção, pois uma semana antes o vereador Erico Velten (PDT) havia levantado a possibilidade da GM atuar nesse tipo de operação e, na mesma ocasião, foi alertado que não há amparo legal. “Atuar no local sem a presença da Polícia Rodoviária não é permitido à Guarda. Ela é uma Guarda Patrimonial, não poderia ter colocado cones na rodovia. E se ocorresse um acidente naquela hora? Isso pode ser considerado improbidade administrativa”, destaca a vereadora.

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