CONTRAMÃO. Enquanto o Estado comemora queda de homicídios, cidades da região contrariam a estatística
As cidades de Triunfo, Vale Real, Montenegro e Brochier, na Região do Vale do Caí, em um passado não muito distante, já tiveram dias mais tranquilos. Porém, desde o início deste ano, a criminalidade decorrente do tráfico de drogas tem causado preocupação, principalmente nesses municípios, onde o número de homicídios vem crescendo. Para a Polícia, não há motivo para pânico, pois na maior parte dos casos, os autores foram identificados e presos.
Enquanto o Estado comemora a queda do número de homicídios, registrada no primeiro semestre de 2019, com menos de mil assassinatos, duas cidades do Vale do Caí colocam as autoridades policiais em alerta, são elas Triunfo e Vale Real. De janeiro até junho, Triunfo já registrou oito casos com um total de 11 mortes, Vale Real três, contra sete e zero, respectivamente, em todo o ano de 2018. Segundo o Delegado Regional Marcelo Farias Pereira, em todos os casos, as investigações apontam para envolvimento com o tráfico de drogas. “Isso é bem claro nas investigações. Brigas de facções e por espaço dentro de Triunfo. Na mesma linha, tivemos um aumento de mortes em Vale Real”, reitera.
Contudo, a visão do delegado regional em relação à resolução dos homicídios na região é otimista. “O importante é que estamos trabalhando nisso, focados nesses inquéritos e temos um índice elevado de solução aqui no Vale do Caí. O que, de certa forma, nos dá tranquilidade para acreditarmos que iremos resolver os outros casos”, comenta.
Para o delegado, às mortes registradas em Montenegro e Brochier não refletem aumento da criminalidade. “Tivemos nesse primeiro semestre dois homicídios em Montenegro, um já solucionado, e o outro em processo de apuração com a delegacia. O caso de Brochier é bem específico, não reflete o aumento de violência naquela comunidade, mas sim um caso, que está sendo bem apurado para ver se é uma tentativa de roubo”, explica. Brochier registrou o primeiro homicídio em uma década.

Mortes que marcaram o primeiro semestre em Triunfo
O primeiro homicídio registrado este ano em Triunfo, na localidade de Barreto, ocorreu no dia 9 de janeiro, quando a família Borges perdeu quatro de seus membros, mãe e filhos, em uma verdadeira história de horror, protagonizada por um vizinho. Cinco dias depois, uma nova morte voltou a mexer com a comunidade local. Miguel Honório da Rocha, de 61 anos, foi atingido por disparo de arma de fogo. O crime aconteceu na localidade de Tapera Queimada, Rodovia TF-130. Ainda em janeiro, outros dois casos deram indícios de que este seria um ano complicado para os triunfenses.
Nos dias 20 e 26, duas novas mortes foram constatadas. Lauri Valnei Freitas Gonçalves, 55, e Doracy Anjolin, 82, também foram vítimas de mortes trágicas. Lauri foi morto quando transitava de bicicleta pela BR-470, na localidade de Barreto, populares encontraram o corpo e acionaram a Brigada Militar. Doracy foi morto por arma de fogo e a suspeita é de latrocínio. O crime ocorreu na chácara onde o idoso morava, na localidade de Piedade. Passados três meses, quando a população já estava mais tranquila, um novo homicídio foi registrado. Dessa vez, a vítima foi Lindiomar da Silva de Avila, 19. Ele foi morto com diversos tiros e o corpo encontrado no pátio da casa onde estava morando, na localidade de Baixadão, na Coxilha Velha. O crime ocorreu no dia 16 de abril.
Com um período menor de intervalo entre os casos, no dia 3 de maio, o montenegrino Givan Azevedo Trasel, 36, foi assassinado na localidade de Morro do Marinheiro, em Triunfo, logo após deixar sua filha na escola.
O número chama atenção, mas a Polícia afirma estar empenhada para elucidar os casos e impedir o crescimento desses registros. Nessa quarta-feira mais um suspeito foi localizado pela Polícia Civil de Triunfo. O homem identificado apenas como C.D.R., de 28 anos, suspeito pelo homicídio de Miguel Honório da Rocha, foi preso preventivamente.
De acordo com o Delegado Lúcio Melo, responsável pela investigação, a prisão foi fruto de um trabalho qualificado realizado pela Polícia Civil. “Desde o fato ocorrido, em janeiro, trabalhamos diversas linhas de investigação e agora conseguimos obter a confissão do acusado e sua prisão preventiva”, destaca o delegado. Após os trâmites policiais o indivíduo foi encaminhado ao sistema prisional.
De maio a junho deste ano, Vale Real teve três mortes registradas
Matheus de Freitas Pinzon, de 20 anos, não resistiu aos ferimentos de tiros, disparados dentro da casa onde morava, na noite do dia sete de junho e morreu na noite do dia nove, no Hospital Pompéia, em Caxias do Sul. Os bandidos invadiram a residência, localizada na rua Pedro Mello, no bairro Vila Nova, e renderam a família de Matheus. O padrasto dele, Andrio Vinícius da Silva tentou conversar com os criminosos, mas acabou sendo baleado e morreu.
Esse foi o terceiro homicídio em Vale Real, em menos de um mês. No dia 12 de maio, dois jovens foram baleados quando estavam em uma parada de ônibus na esquina das ruas Maximiliano Krewer e Paris.
O crime ocorreu por volta da 1h da madrugada. Dois homens teriam passado de carro e efetuado os disparos. Alefe Freitas Modesto, 25, não resistiu e morreu no local. Evandro Junior Zimmermann, 23, sobreviveu.
Em Montenegro foram dois homicídios em 2019
Leandro de Melo Mateus, 30 anos, foi atingido por seis tiros na noite de 1º de junho. O crime ocorreu na rua Ernandes Azevedo Fernandes, esquina da Benjamin Alves Barreto, no bairro AeroClube, em Montenegro, na qual moram o pai e a mãe dele, a quem iria visitar. O suspeito pelo crime foi localizado e prezo dias depois.
Já na madrugada do dia 30 de junho, Cristiano Telles de Castro e tinha, 30 anos, foi baleado e não resistiu aos ferimentos. O caso aconteceu próximo a uma lancheria, perto da estação rodoviária de Montenegro.
De acordo com a Brigada, um veículo de cor prata passou e efetuou três disparos que acertaram o indivíduo. O homem foi socorrido pelo Samu e levado ao Hospital Montenegro, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu.
Já o Rio Grande do Sul registra queda na criminalidade
Pela primeira vez depois de nove anos, o Rio Grande do Sul voltou a encerrar o 1º semestre com menos de mil assassinatos – a última ocasião havia sido em 2011, com 870 vítimas. Entre janeiro e junho de 2019, foram 962 mortes, numa queda de 24% em relação às 1.265 do mesmo período do ano passado. Os dados fazem parte dos indicadores de criminalidade divulgados pela Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP). A redução também aparece na leitura mensal. Enquanto junho de 2018 registrou 194 homicídios, no mês passado, em todo o Estado, houve 152 (-21,6%) – o menor número desde 2013, com 135 vítimas.
Para o delegado Marcelo Farias, o cenário reflete a adoção de algumas diretrizes. “Essa diminuição nos números reflete o acerto de uma política que esta sendo empregada no Estado. Uma política que a gente vê na região Metropolitana de reforço e incremento das delegacias de homicídios, que conseguem dar vazão nos inquéritos e fazer uma melhor instrução dos procedimentos e remessa ao Poder Judiciário”, sublinha.