Em luto, comunidade pede mais atenção das autoridades para a falta de segurança na travessia

Uma das rodovias mais movimentadas e perigosas de Montenegro, a RSC-287 é, novamente, alvo de manifestação por parte dos moradores. Munidos de cartazes e muita indignação, um grupo de pessoas protestou no fim da tarde dessa segunda-feira, 2, contra a falta de segurança na travessia da rodovia. O ato ocorreu na travessia entre os bairros Panorama e Rui Babosa, próximo ao local onde, no último sábado, 29, ocorreu um acidente que vitimou o ciclista Juarez Rocha Neto, 26 anos, e também o motorista Eduardo Fernandes Bundchen, 21.

“Filhos dos políticos: segurança total. Filhos dos eleitores: segurança divina”, dizia o cartaz segurado por uma das manifestantes. Sob o sol forte, ela e outros moradores do bairro Panorama pediam mais atenção das autoridades para um problema que já fez várias vítimas fatais. “Moro aqui há 30 anos, e infelizmente posso dizer que nunca teve segurança, ninguém respeita”, disse o aposentado Décio Schreiner, 67. “Muitos já morreram tentando atravessar essa faixa, eu mesmo presenciei uma criança que soltou a mãe da avó e foi atropelada bem na nossa frente. É triste, mais isso acontece.
Para evitar que mais tragédias aconteçam, diariamente o líder comunitária Airton Quadros se desloca até o perímetro para auxiliar as criança na travessia. “Estamos aqui para reivindicar por mais segurança, tanto para as crianças das escolas que circundam esse local, quanto os trabalhadores e população em geral”, destacou o líder. “Nós estamos simplesmente pedindo que eles façam aquilo que nos é de direito”, completou.
Com 96 anos, a moradora Anália Rodrigues não pensou duas vezes em preparar um cartaz e levar sua indignação para a beira da rodovia. “Moro no Panorama há 53 anos e estou aqui para dar uma força para nossa comunidade, porque algo precisa ser feito”, salienta a aposentada que já perdeu o compadre por atropelamento no local.

De acordo com relatos, muitos moradores levam de 20 a 30 minutos para conseguir atravessar a rodovia diariamente, nos horários de pico e, para o líder comunitário, a solução do problema está muito além da faixa de pedestre feita no local. “Precisamos de sinalização aqui e de alterações estruturais, como por exemplo, uma mureta no eixo da faixa para que não transponha mais para o outro lado”, destacou Quadros, que estava com uma faixa preta no braço em forma de luto pelas duas mortes ocorridas no local no último sábado.
Dois morreram em acidente na RSC-287 nesse final de semana
O acidente mais recente registrado na RSC-287 ocorreu no local onde aconteceu o protesto ontem. Por volta das 5h de sábado, dia 29, no quilômetro um da rodovia, o ciclista Juarez Rocha Neto, de 26 anos, foi atingido por um caminhão Ford Cargo no acostamento da rodovia, após o veículo de carga ser acertado por uma VW Saveiro. Juarez morreu na hora. Já o condutor da Saveiro, Eduardo Fernandes Bundchen, faleceu horas mais tarde.

De acordo com a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), o condutor da Saveiro seguia no sentido Centro/Centenário e invadiu a pista contrária na altura do bairro Panorama. Após ter seu veículo atingido, o motorista do caminhão perdeu o controle e invadiu o acostamento por onde Juarez transitava, atingindo-o.
O motorista da Saveiro, Eduardo, ficou preso nas ferragens, mas foi socorrido e encaminhado em estado grave do Hospital Montenegro, onde acabou falecendo na madrugada de domingo, 1º de março. O motorista do caminhão não se feriu.
A Polícia investiga o acidente.
Famílias em luto
Juarez Rocha Neto deixa uma filha de dois anos, sua companheira, dois irmãos, a mãe, o pai e demais familiares. O jovem, que é natural de São Vicente, no estado de São Paulo, morava em Montenegro desde 2007 e trabalhava na empresa JBS. “Por ser uma pessoa muito simples e de coração muito bom, ganhou o respeito de todos por onde passou. Era muito trabalhador e vinha sendo reconhecido por isso, tanto que no dia do fato acontecido ele tinha ganho um aumento salarial”, conta Raniery Ribas , 29, irmão de Juarez.
O sepultamento de Juarez ocorreu às 17h de domingo, no Cemitério Municipal de Montenegro. “Ele vai fazer muita falta. A dor que a família está sentindo jamais passará. O Juarez foi uma vítima da imprudência no trânsito. Nunca foi um rapaz de botar sua vida em risco”, acrescenta Raniery.
Eduardo Fernandes Bundchen ficou internado em estado grave na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Montenegro, mas por volta das 3h da madrugada de domingo, 1º de março, não resistiu e foi a óbito. Eduardo era solteiro e não tinha filhos. Morador de Montenegro, o jovem residia no bairro São Paulo. Ele trabalhava com o pai, Marcelo Bundchen, na lancheria da família. “Ele era uma pessoa maravilhosa, um amigo fantástico, o que ficou comprovado pelo número de pessoas que se reuniram no velório”, diz Miriam Chapuis, tia de Marcelo, pai de Eduardo.
Amigos do jovem realizaram uma carreata pelas ruas do bairro Timbaúva na noite de domingo, em homenagem a ele. O sepultamento ocorreu às 10h dessa segunda-feira, no Cemitério Municipal de Montenegro.