Nos últimos meses não choveu muito no Vale do Caí, o que deixa preocupados técnicos e agricultores da região

Nos últimos meses, tem chovido pouco. É notório que a instabilidade tem chegado poucas vezes com intensidade. Na maioria das vezes, são apenas chuvisqueiros rápidos. De acordo com a engenheira agrônoma da Emater/Ascar de Montenegro, Luísa Leupolt Campos, a falta de chuva pode provocar perdas e danos nas lavouras. “A água no solo é o que faz as plantas conseguirem absorver os nutrientes que precisam para seu desenvolvimento e produção. Com o solo seco por muito tempo, os nutrientes ficam indisponíveis”, explica a profissional.
A falta de chuva acarreta danos principalmente para a olericultura (produção de hortaliças), na qual as espécies são mais sensíveis aos fatores precipitação e radiação solar. Luísa destaca que ,no Vale do Caí, o cultivo de olerícolas é representativo, portanto, essa situação de baixa precipitação, se prolongada, pode ocasionar perdas de vários ciclos. “Outra cultura muito presente na região, e que também pode ser prejudicada, é a dos citros. A falta de chuva afeta principalmente os frutos, que podem ter seu crescimento prejudicado, além de aparecerem rachaduras na casca”, comenta.
Luísa ressalta que uma planta, independentemente da espécie, bem nutrida e bem manejada, sofre menos do que uma em condições opostas. Assim, a prevenção começa com análises de solo e folha, adubação e correção do solo conforme recomendação técnica. “Para olerícolas, a estratégia é a irrigação, aspersão e gotejamento, que vai minimizar ou até neutralizar os efeitos da falta de chuva. Para a citricultura, a irrigação também pode ser utilizada, mas é muito incomum”, comenta. Em Montenegro, por exemplo, ela diz ter conhecimento de apenas uma propriedade que possui irrigação nos citros. Assim, o foco na nutrição da planta e também o cuidado no local de implantação do pomar são essenciais.
Em relação à silvicultura (eucalipto, acácia, etc), o maior problema é na semeadura e no crescimento da planta, pois são fases onde a umidade do solo é essencial. Luísa afirma que os agricultores que trabalham com estas culturas devem se preocupar, sim, com a estiagem. “Porém, ainda que uma árvore necessite de grande quantidade de água, a perda com a falta de chuva não é tão grande. No decorrer de seu desenvolvimento, que é longo, o solo vai armazenar água e ela vai conseguir se recuperar”, diz.
Seca no RS

O governo gaúcho enviará seis caminhões com reservatórios de água aos municípios atingidos pela estiagem. A medida foi anunciada em encontro entre prefeitos com o órgão, em São Lourenço do Sul, na quinta-feira. Os prejuízos chegam a R$ 1 bilhão, segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). A falta de chuvas afeta principalmente a Região Sul do RS, onde ao menos 23 municípios sofrem com a estiagem, mas também causa prejuízo no Centro-Sul e na Campanha gaúcha. Quatro novas cidades tiveram os decretos de situação de emergência homologados pelo Estado: Canguçu, Cerro Grande do Sul, Arroio do Padre e São Jerônimo. Além deles, Cristal, Amaral Ferrador, Hulha Negra, Morro Redondo e Pedras Altas também estão na lista.
CHUVAS NA REGIÃO
Mês – Ano – volume
Dezembro – 2017 – 109,0 mm
Janeiro – 2018 – 183,0 mm
Fevereiro – 2018 – 47,5 mm
TOTAL – 339,5 mm
Dezembro – 2016 – 194,5 mm
Janeiro – 2017 – 167,0 mm
Fevereiro – 2017 – 192,5 mm
TOTAL 554,0 mm
Sol continua forte
Depois de uma área de instabilidade que trouxe chuva ao Estado, o avanço de uma massa de ar seco de origem polar abriu o tempo em quase todo o Sul do Brasil. Apenas o litoral segue com nebulosidade alta. De acordo com a meteorologista do instituto Climatempo, Josélia Pegorin, o tempo segue firme. A presença do ar seco já reduziu os níveis de umidade relativa do ar no interior da Região Sul nos últimos dois dias. “O friozinho, por enquanto, fica restrito à noite e à madrugada com a diminuição da nebulosidade no céu. Algumas áreas poderão começar o dia até com nevoeiro e há possibilidade de geada no alto da serra de Santa Catarina nos próximos 15 dias”, declara.
Abastecimento está garantido

Ao passar pelo cais do Rio Caí, é difícil não perceber que o nível está mais baixo. No entanto, isso não influencia o fornecimento de água para toda a cidade. De acordo com Lutero Fracasso, gerente da Corsan Montenegro, nos últimos três meses, a vazão realmente diminuiu, devido à falta de chuva. “Entretanto a distribuição não, porque contamos com duas estações de tratamento. Sendo assim, conseguimos distribuir sem problemas nesse período”, explica. Não há previsão para chuva forte nos próximos 15 dias, porém há possibilidade de precipitações na sexta e no sábado, chegando a 40 mm.