Chegar aos 40 anos pode ser um grande feito. Ainda mais para um empreendimento ousado – e abrir um jornal sempre exigiu muita coragem – num país tão instável quanto o nosso. E quem nasceu em 1983, como o nosso Jornal Ibiá, viveu múltiplas turbulências econômicas como o último Plano Delfim, Plano Bresser, Plano Cruzado, Plano Verão, o famigerado Plano Collor (quem lembra?, acordamos com a notícia surreal de que o presidente tinha dado de mão em todas as nossas poupanças!) e viu uns quantos cortes de zeros da moeda (quando mil cruzeiros viraram um cruzado, e depois mil cruzados viraram um cruzado novo, para depois voltar a ser cruzeiro, e mil cruzeiros virarem um cruzeiro real, até o fim, quase que inacreditável, dessa gangorra com a chegada do real e da URV). Se não cortassem tantos zeros, tantas vezes, para se comprar um jornal ou pirulito, hoje, teríamos que levar uma caçamba cheia de dinheiro. E ser milionário (ter um ou mais milhões em dinheiro) não significaria nada além de possuir algumas só moedas no bolso.
Pois o Jornal Ibiá chegou quando a ditadura não havia apagado todas as luzes e não se tinha, ainda, muita certeza sobre a tal liberdade de expressão. O que já multiplicava a ousadia desse momento histórico de sua criação. Oferecer um jornal capaz de ser a nova voz para a sua comunidade, identificado com ela, sem a poluição de duas décadas onde se dividiu o ato de publicar entre o proibido e o bajulador. Ser não apenas uma voz capaz de viver novos tempos, como ser capaz de inovar, experimentar, inaugurar novas fontes de informação e conhecimento. E assim foi. Em seguida, o morador de Montenegro e região já tinha incorporado a expressão “tá no Ibiá” em todas as suas rodas de conversa, em cafés, bares, no trabalho, nos salões de beleza, nas barbearias, nas rodas familiares do campo e da cidade. Ler o Ibiá se tornou um rito necessário à capacidade de estar por dentro de tudo e ser capaz de interagir com o outro. Ler o Ibiá passou a significar informação e prazer a toda uma comunidade.
Claro, a idade chega. E assim como um ser humano vê a maturidade bater à porta, com suas experiências e aprendizados a tornarem o enfrentamento das adversidades mais tranquilos, também vê, ao seu lado, surgirem jovens mais cheios de fôlego para algumas coisas da vida. E talvez a história tenha sofrido acelerações inimagináveis nessas últimas quatro décadas, com a tecnologia invadindo o nosso cotidiano, mudando formas e comportamentos, alterando nosso jeito de viver e trazendo uma leva imensurável de idiossincrasias. É assim que, na era das redes sociais, muitas vozes surgem a todo instante. Mas é a credibilidade de quem sabe o que faz, de quem leva a sério a informação correta e responsável, de quem realmente tem compromisso com a sua comunidade, que faz a diferença nesta hora. Por isto que, impresso ou digital, nossa comunidade ainda busca no Ibiá a chance de saber, de fato, o que acontece. E a chance de ser ver de verdade. Que nosso jornal quarentão e experiente ainda nos brinde com muitas décadas de informação, diversão e conhecimento!