Na faxina: cuidado com a intoxicação através de produtos de limpeza

Com a chegada dos dias mais quentes, é comum que as pessoas aproveitem para fazer a faxina que faltava em casa após período de muita umidade. Mas, é bom ter cuidado. Uma limpeza em casa não parece trazer muito risco, mas este pensamento é completamente equivocado. As intoxicações advindas de produtos de limpeza são bastante comuns. Um aumento desse tipo de caso ocorreu durante a pandemia, já que, com a chegada do coronavírus, as autoridades sanitárias recomendaram limpeza e desinfecção de objetos e superfícies como importante medida de prevenção à doença.

Sérgio Fernando Monteiro Brodt, chefe do serviço de Medicina Interna do Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre. Foto: divulgação

Sérgio Fernando Monteiro Brodt, chefe do serviço de Medicina Interna do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre explica que os principais tipos de intoxicação com os produtos de limpeza são a ingestão oral, inalação de gases produzidos pela substância do produto e irritação ou queimadura devido ao contato do produto direto com a pele. As crianças são mais suscetíveis a este tipo de intoxicação, justamente por erros de armazenamento ou desconhecimento. Animais domésticos também são muito afetados.

Mas, qualquer pessoa pode passar por esta situação. Por isso, previna estes acidentes. Sérgio destaca que a principal causa de acidentes com produtos químicos é o armazenamento inadequado. Sendo assim, sua primeira dica é que mantenha sempre os produtos de limpeza guardados em locais fechados, fora do alcance de crianças e animais domésticos. Ainda, é essencial que você leia atentamente as instruções nos rótulos, que contém todos os riscos que o produto oferece e as proteções necessárias.

Sérgio também pontua que o contato direto com produtos de limpeza deve ser evitado, portanto, sempre utilize os Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) ideais. Além disso, não manipule produtos químicos fora da orientação do fabricante. “Nunca deve ser reutilizada uma embalagem vazia. Descarte-as sempre em locais apropriados, evitando contaminação humana e do ambiente”, ressalta.

Quando ocorre a intoxicação, a pessoa pode ter alguns sintomas com níveis de gravidade que podem variar de sintomas leves, moderados ou graves, inclusive com risco de óbito nos piores casos. “Isto deve ser identificado de pronto para ser atendido o mais rápido possível”, acrescenta Sérgio. Alguns deles são dor de cabeça; enjôo, náuseas e vômito; irritação na pele, olhos e nariz; coceira localizada ou generalizada; tosse; falta de ar. “É muito variável de acordo com o tipo de substância e com a forma de intoxicação”, explica.

Atenção: não deixe os produtos de limpeza ao alcance de crianças e animais. Foto: istock

Não misture produtos de limpeza
Sérgio explica que a mistura de produtos de limpeza também pode oferecer riscos à saúde, dependendo do produto. “Mistura de água sanitária, que é o hipoclorito de sódio com produtos a base de amoníaco pode causar uma explosão química que, se estiver perto do rosto, pode causar cegueira ou até mesmo queimadura generalizada no corpo. Essa mistura é muito perigosa”, enfatiza.

A água sanitária, mesmo que isolada, quando inalada em grandes quantidades, pode causar falta de ar, asfixia e irritar olhos, nariz e boca. O mesmo pode ocorrer com o cloro de piscina. Por isso, devem ser armazenados em local seguro. A soda cáustica também é muito utilizada e quando ingerida pode causar danos irreversíveis ao trato gastrointestinal, principalmente estômago, esôfago e duodeno, podendo também levar ao óbito, conforme Sérgio.

O que fazer em caso de intoxicação?
O primeiro passo é identificar a gravidade da situração. “Em caso leve, a gente orienta que tenha lavagem com água corrente imediatamente, se for o caso de ter atingido olhos, pele e demais partes do corpo que possam ter entrado em contato com o produto”, explica o médico. Tendo alguma reação alérgica leve, pode ser tomado um antialérgico. Mas, ele alerta: lembre-se que apenas em casos leves as pessoas podem tomar medidas menos agressivas, sem orientação de um profissional.

Nos casos moderados a graves, sempre deve haver avaliação de um profissional de saúde, que pode ser no posto de saúde mais próximo ou até mesmo por telefone. Segundo Sérgio, o Centro de Informações Toxicológicas (CIT) funciona no Rio Grande do Sul e pode ser acionado por ligação através do número 0800 721 3000, para orientações de como proceder e obter acompanhamento. “Cada substância tem um tratamento específico, pode precisar de lavagem gástrica, uso de carvão ativado, hidratação com soro, entre outros”, adianta.

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