Mulheres conquistam CNH e liberdade após os 40

A persistência foi fundamental para alcançar o objetivo. Agora elas desfrutam de mais independência no dia a dia

COM A CNH definitiva há um ano, Meri já viajou 15 mil quilômetros

Se você tem mais de 40 anos e acha que já sabe tudo que tinha para aprender e que agora é tarde para encarar novos desafios, conheça duas histórias que mostram que a vida pode “começar” depois dos 40. Meri Dunker, de 51 anos, e Rosane Oliveira Vicente, 46, dão exemplos de força de vontade e superação a si próprias. Durante anos, ambas tentaram obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), mas a conquista só chegou após os 40 anos, mostrando que nunca é tarde para se dedicar a algo novo.

Dona de casa, Meri Dunker integra a lista das mulheres que “conquistou a liberdade” através da carteira de habilitação. No mês de abril ela celebra um ano com a CNH definitiva, mas o caminho percorrido até a realização desse sonho não foi nem um pouco fácil. Ela “rodou” cinco vezes na prova prática.

Meri conta que, quando jovem, não se imaginava dirigindo e acreditava não ter capacidade para passar nas provas do Centro de Formação de Condutores. Contudo, o tempo passou e surgiu a vontade de ter mais autonomia sobre sua própria vida. Um dos grandes desejos da hoje motorista era pegar a estrada e viajar para onde tivesse vontade.

Com o apoio do marido, Ângelo Dunker, 58 anos, tenente reformado da Brigada Militar, Meri se inscreveu na auto escola já depois dos 40 anos. O medo de não conseguir a habilitação era grande, mas não maior que o incentivo recebido do companheiro. “Não pensava em fazer a carteira, foi ele que me motivou. Quando eu pensava em desistir, ele me apoiava”, conta.

A força dada pelo cônjuge foi tão intensa que, durante as aulas teóricas, ele chegava a aguardar a mulher sentado no fundo da sala de aula. “Achei importante dar apoio a ela”, reforça. Os instrutores da parte prática também estiveram na torcida e colaboraram para que Meri conseguisse a CNH. Ela chegou a ser separada dos demais alunos para que não os visse serem reprovados.

Rodar cinco vezes não foi motivo de desânimo. “Eu rodava e, no outro dia, já estava no CFC para marcar mais aulas de direção. A gente queria passear”, revela. Com essa iniciativa e desejo, ela acabou conquistando um de seus maiores objetivos de vida: a carteira. “Mudou tudo na minha vida. Se eu digo vamos viajar, pego o carro e vamos. Eu pensava que não teria capacidade para conseguir a carta de habilitação, mas estava enganada”, diz Meri.

Orgulhosa por não ter recebido nenhuma multa nesses 12 meses em posse da CNH definitiva, ela e o marido já rodaram mais de 15 mil quilômetros. Depois de desbravar a região metropolitana de Porto Alegre e o litoral gaúcho, o casal partiu para o Paraná. As próximas viagens já estão planejadas: Rio de Janeiro e São Paulo são as primeiras cidades da lista. “Queremos ir de carro, não importa quantas horas vamos levar para chegar lá. Já vi que não é difícil dirigir na estrada. É uma emoção”, define Meri.

“Sem a carteira, a gente não consegue fazer nada. Um pequeno papel muda tudo na vida”, comenta Meri. Conhecedor de todas as dificuldades enfrentadas pela esposa até a realização desse sonho, o marido conclui. “Ela é minha heroína.”

Rosane precisou de ajuda médica

ROSANE Oliveira comemora autonomia para ir e vir aonde quiser

A dona de casa Rosane Oliveira Vicente, 46, rodou tantas vezes na prova prática de direção que prefere nem numerá-las. Ela conta que queria muito conseguir a habilitação, mas sua vontade esbarrava no pavor que sentia em relação ao trânsito.

Enfrentar a si mesma foi o pior desafio que teve de superar para receber a autorização para dirigir. “Eu ficava muito nervosa. Entrava em pânico, queria fazer a prova logo para ir embora”, conta. Para controlar o sistema nervoso, foi preciso buscar ajuda de um especialista. Rosane recorreu a um neurologista e deu início a um tratamento para controlar a ansiedade. O resultado foi positivo, pois ela conseguiu se manter calma e passar na avaliação do CFC.

“A carta de habilitação foi uma das coisas mais difíceis que já consegui conquistar. Na hora, quase não acreditei que tinha passado. De tantas vezes que fiz e rodei, não estava acreditando que tinha passado”, conta Rosane. Para ela, a habilitação também trouxe mudanças na rotina. “É necessário ter a carteira, ela é sinônimo de liberdade”, acredita.

Com a CNH em mãos há pouco mais de 30 dias, Rosane ainda não arrisca ir longe de casa sem a companhia do marido. Porém, adora colocar os filhos, Gabriel Oliveira Vicente, 16, e Ana Maria Oliveira Vicente, 6, no carro e passear pelo bairro São Paulo, local onde mora. Apoiada pelo filho, hoje, ela já vai até o supermercado.

Para quem ainda não conseguiu a carteira de motorista, Rosane aconselha. “Não desista. Se é um de seus objetivos, insista nele. Vale muito a pena. A vida muda sob vários aspectos.”

Mulheres habilitadas no Rio Grande do Sul – por faixa etária
Dados até dezembro de 2017
18 anos –  4.775
19 anos  – 14.120
20 anos – 20.563
Idade de 21 a 25 anos –  161.588
Idade de 26 a 30 anos  – 218.166
Idade de 31 a 35 anos – 241.056
Idade de 36 a 40 anos  – 220.722
Idade de 41 a 45 anos –  167.732
Idade de 46 a 50 anos –  143.907
Idade de 51 a 55 anos  – 134.688
Idade de 56 a 60 anos – 109.947
Idade de 61 a 65 anos  – 84.181
Idade acima de 65 anos  – 138.928
Total  – 1.660.373
Fonte – DAER/RS

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