Mortes no trânsito caíram 26% em Montenegro em 2016

Vitória. Ano teve 17 mortes, contra 23 em 2015. Fiscalização e melhor formação de condutores começam a dar resultados
Dados extraoficiais obtidos pelo Jornal Ibiá junto ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS) mostram que o município teve uma vitória importante na caminhada pela redução das mortes nas ruas da cidade e nas rodovias que a cortam. Depois de um 2015 marcado por altos índices de mortalidade, quando 23 pessoas perderam a vida ao trafegar por Montenegro, o ano passado teve números um pouco melhores: foram 17 vítimas fatais, ou seja, seis mortes a menos no último ano, o que não é pouco neste contexto em que o número de condutores e de carros em circulação é cada vez maior.

A diretora de ensino do CFC Vida Segura, Cheila Patricia Heydt, avalia que o recuo nas estatísticas decorre de uma série de medidas. “A maioria dos motoristas está levando mais a sério a Lei Seca e a suspensão do direito de dirigir quando se excede a velocidade em mais de 50% da máxima permitida para o local, entre outras”, afirma. A formação dos condutores também está mais exigente, como o uso, desde 2014, do simulador de direção veicular pelos que buscam a habilitação para guiar automóveis. “O objetivo desse equipamento é justamente este: reduzir as mortes e os acidentes de trânsito envolvendo condutores recém-habilitados”, acrescenta.

Apesar da queda de 26% do número de mortes em Montenegro, a diretora de ensino enfatiza que o ideal seria não se perder nenhuma vida. “Para reduzir ainda mais precisamos de mais cuidado, atenção e, principalmente, educação no trânsito.” É por isso que ela defende que Montenegro faça mais neste aspecto, principalmente em sala de aula. “A educação deve acontecer desde cedo. Na autoescola, nós não conseguimos ensinar tudo sobre trânsito em 45h-aula teóricas mais 20h-aula práticas. Neste contexto, se o candidato à primeira habilitação não tiver nenhuma noção sobre hábitos corriqueiros, como usar o cinto, atravessar a rua usando a faixa, não estacionar em local proibido, ultrapassar em locais permitidos, não exceder velocidade, ele, além de ter dificuldade para se habilitar, também vai ser um péssimo cidadão no trânsito”, alerta.

O uso de radares móveis na região, seja pela Polícia Rodoviária Federal, seja pelo Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM), também impacta nas estatísticas. O engenheiro e consultor em transporte e trânsito Osias Baptista Neto acredita que a fiscalização melhora o comportamento do motorista. “O índice mostra que quanto mais os equipamentos [de controle de velocidade] forem conhecidos, melhor será o comportamento do motorista. Quanto mais equipamentos operando, mais respeito à velocidade, com tendência de redução de acidentes”, afirma Osias.

Neste sentido, aliviar o pé do acelerador é importante fator para reduzir a incidência e a gravidade dos acidentes, conforme a especialista em segurança viária Lúcia Brandão. “Os elementos mais frágeis do trânsito são os pedestres, os ciclistas e os motociclistas. Isso porque, em caso de colisão, os corpos dos envolvidos são diretamente atingidos. Fato que torna determinante a redução da velocidade de circulação em trechos onde há presença deles. Em caso de acidente, a velocidade de impacto é responsável pelo nível de danos e gravidade de ferimentos”, sublinha Lúcia.

Acidente entre dois carros na BR-470, em São José do Sul, matou casal de idosos e feriu duas mulheres. Em muitas situações, imprudência é a maior culpada

Situação é tranquila na região, exceto em São José do Sul
Na área de cobertura do Jornal Ibiá, o ano de 2016 não teve muitos casos de acidentes com vítima fatal, exceto São José do Sul, onde houve três acidentes que resultaram em cinco mortes. Todos ocorreram na BR-470. Em 19 de outubro, uma colisão entre dois carros na localidade de São José do Maratá matou o casal de idosos Pedro Lídio Klein (que segundo a PRF estava sem cinto de segurança) e Herta Klein, de Salvador do Sul, e deixou feridas Rosa Mendel e Lurdes Krindges.

Em Brochier, conforme o Detran, foram registradas duas mortes — sendo uma em via estadual e outra em via municipal. Os municípios de Pareci Novo e Salvador do Sul tiveram, cada um, uma morte no trânsito. Já Maratá fechou o ano sem nenhuma vítima fatal.

Estado tem menor número de mortes dos últimos dez anos
No Rio Grande do Sul, o último ano teve 1.679 mortos nas rodovias e nas ruas. Apesar de ser um número muito elevado, a estatística chama a atenção por ser a menor de toda a série histórica, que foi iniciada em 2007. Em 2010, por exemplo — ano em que o recorde negativo foi atingido, o trânsito gaúcho deixou 2.190 vítimas fatais. De lá para cá, o queda no número de óbitos chega a 23,33%.

A comparação dos números de 2016 com 2015 mostra que, nos últimos 12 meses, o total de mortes no trânsito do Rio Grande do Sul caiu 3,2%. Pouco a pouco, a violência vai perdendo espaço, mas o ritmo ainda é lento demais.

Guarda Municipal vai fiscalizar o trânsito ainda este ano
O Jornal Ibiá entrevistou Edar Borges Machado, oficial da reserva da Brigada Militar especializado em trânsito e atual secretário de Obras de Montenegro, para analisar as estatísticas sobre os acidentes fatais ocorridos na cidade e na região no ano de 2016, com base em dados extraoficiais do Detran-RS. Segundo ele, tanto a educação quanto a fiscalização são condições indispensáveis para diminuir os danos e o número de mortes e feridos.

Na sua opinião, o que motivou a queda no número de mortes no trânsito de Montenegro na ordem de 26%, no ano passado?
Pode-se atribuir a um conjunto de fatores. A União, o Estado e o próprio Município desenvolveram campanhas de educação para o trânsito, buscando a conscientização, um melhor comportamento de pedestres e motoristas, considerando-se que as rodovias, tanto federais quanto estaduais, não passam pela fiscalização, controle e gerenciamento do Município. Ainda assim, essas ocorrências entram na contabilidade das mortes no trânsito. Com relação às vias municipais, hoje nós temos uma frota de mais de 35 mil veículos e considerando dois acidentes que deixaram duas pessoas mortas, podemos dizer que foram números baixos, dentro do contexto da média nacional. Tem havido uma mudança de comportamento. Os CFCs estão cumprindo a sua missão de formar novos condutores e de fazer cursos de reciclagens eficazes.

Foram 17 mortes no município, sendo duas em vias locais. O que senhor acha deste número?
Para as famílias das vítimas, isso é 100% a mais. Mas dentro de um dado estatístico, eu considero esse número baixo, ainda mais observando as complexidades do trânsito de Montenegro. Somos polo de uma região com mais de 10 cidades e 200 mil pessoas circulando. As pessoas têm em Montenegro uma referência para a indústria, o comércio, o lazer, o esporte, a educação, a saúde e outros serviços.

Como reduzir ainda mais o número de acidentes?
Temos de trabalhar com dois vieses comportamentais: a questão da educação e da fiscalização. Precisamos de mais educação, de mais campanhas, de todos os entes (União, Estado e Municípios), além de mais fiscalização. Por isso estamos planejando a Guarda Municipal para cumprir essa missão da fiscalização. Educação e fiscalização é a fórmula para termos menos acidentes.

Que medidas a Prefeitura projeta para a cidade reduzir ainda mais o índice de acidentalidade, o que inclui até as colisões leves, tão corriqueiras no perímetro urbano?
Queremos implementar em 2017 a fiscalização da Guarda Municipal e entrar com uma campanha de educação para o trânsito. Sem essas colunas básicas, não se fala em possibilidade de redução de acidentes. Acidentes ocorrem porque as pessoas falham. E falham porque não cumprem regras de convivência social, de circulação. Nisso se incluem pedestres, ciclistas, carroceiros, motociclistas e motoristas de automóvel, de veículo de carga, de transporte de passageiros. Todos precisam cumprir as regras.

Locais dos acidentes
Dos acidentes fatais ocorridos em Montenegro em 2016, sete foram em rodovias estaduais, cinco em rodovias federais e dois em vias municipais. Sete pessoas morreram em estradas de domínio do Estado, oito em federais e duas em ruas do Município.

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