Hipertensão x hipotensão: como saber se a pressão está “boa”?

Você provavelmente conhece pessoas que apresentam pressão alta, a hipertensão, ou pressão baixa, a hipotensão. Porém, nem sempre é clara a diferença entre esses dois quadros, assim como seus sintomas que podem não ser identificados. A pressão arterial é um importante indicador da saúde cardiovascular. Quando está fora dos níveis considerados normais, pode causar uma destas duas condições.

Vamos começar do início: a pressão arterial é a força que o sangue faz na parede das artérias quando é bombeado pelo coração. Em condições normais, essa força é capaz de levar o sangue às diversas regiões do corpo sem causar danos aos vasos sanguíneos. Ela é medida em dois números e a dupla ideal, segundo as sociedades médicas, é o conhecido “12 por 8” (que significa 120 x 80 mmHg). Se usa “mmHg” para indicar quantos milímetros o mercúrio sobe no medidor do aparelho.

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Mas, afinal, como saber se a pressão está “boa”? A pressão 120 x 80 é considerada ótima. Entre 120 x 80 e 129 x 84 é considerada normal, mas não é ótima. Entre 130 x 85 e 139 x 89 já é considerada pré-hipertensão. Por fim, acima de 140 x 90 é considerada hipertensão. Estes valores servem de referência para o cuidado com a saúde do coração. Se a sua pressão está na faixa ótima, você é exemplo. Se não, é hora de procurar um especialista e ter orientação das melhores práticas para o seu caso.

Carisi Polanczyk, chefe do Serviço de Cardiologia, Cirurgia Vascular e Cardíaca do Hospital Moinhos de Vento, explica que a única forma de sabermos se a pressão está nos níveis normais é medindo a pressão com um aparelho adequado. De acordo com ela, há o esfigmomanômetro, mas, há hoje em dia também os manuais, chamados por método oscilométrico, fáceis de utilizar pelo próprio paciente e também muito adequados. “A recomendação é que qualquer pessoa acima de 20 anos de idade procure algum médico que faça a aferição, ou medida da sua pressão arterial”, adianta.

Para ter o diagnóstico, meça a pressão!
Carisi explica que as causas de hipertensão arterial são múltiplas. “90%, 95% das pessoas tem a chamada hipertensão essencial, que é multifatorial, ela tem um componente genético, uma predisposição que o indivíduo tem ao longo da vida e que a gente sabe que associado a alguns fatores como obesidade, ingesta de sal mais elevado do que deveria, inatividade física, obesidade, pode levar ao desenvolvimento de hipertensão”, detalha.

A hipertensão arterial é caracterizada pelos valores acima de 140/90 mmHg de pressão arterial. Esse quadro é grave e um dos mais importantes fatores de risco para desenvolvimento de problemas cardiovasculares, cerebrovasculares e renais. A hipertensão arterial pode manter-se silenciosa por anos, sem causar nenhum dano perceptível ao organismo. Muitas vezes, os sinais aparecem apenas quando já houve comprometimento de órgãos ou quando a pressão chega a níveis elevados, como 180/110 mmHg, o que é um valor extremamente perigoso.

“A hipertensão também pode ser causada por distúrbios que a gente chama secundários, menos de 2%, 10% são causas secundárias que sempre devem ser avaliadas ou excluídas, e nesse grupo estão distúrbios endócrinos, como hipertireoidismo, ou mesmo distúrbios renais, como insuficiência renal ou estenose das artérias do rim”, explica a profissional.

Quanto a hipotensão arterial, as causas podem ser inúmeras e estarem relacionadas a doenças cardíacas, volume de sangue reduzido, problemas nos rins, problemas nas veias e artérias e hábitos como manter períodos de jejum prolongado. Ainda, a postura pode ser uma causa, após o indivíduo ficar muito tempo deitado e se levantar de repente, já que fica mais difícil para o sangue nas veias das pernas retornar ao coração.

A profissional afirma que algumas pessoas relatam que percebem, quando a pressão está elevada, certa pressão ou desconforto no peito, falta de ar e até mesmo cefaleia. “Isso é muito variável. As pessoas associam algum desconforto, vão medir sua pressão e ela está alterada pelo desconforto, e não necessariamente porque tenham pressão elevada. A gente não pode confiar no que a pessoa sente ou não para atribuir isso à pressão elevada. Pressão precisa ser medida”, alerta.

Sendo assim, a única forma de obter o diagnóstico é com a medição adequada, seja a domicílio ou em um consultório médico. “Recentemente as orientações têm sido colocar um aparelho chamado mapa, que é a monitorização ambulatorial da pressão, durante 24 horas do dia. Ele nos dá uma medida mais precisa de qual a média da pressão do indivíduo durante o dia e a noite. Assim, com critérios bem estabelecidos, podemos dizer se a pessoa tem pressão alta ou não”, conclui.

Prevenção

Quanto à prevenção, geralmente tem a ver com um estilo de vida saudável. Assim, os especialistas recomendam, para prevenir a pressão alta e baixa, uma alimentação regulada; prática de exercícios físicos; não fumar e evitar bebidas alcoólicas; moderar o consumo de sal; ter um sono de qualidade; evitar o consumo indiscriminado de medicamentos; reduzir situações de estresse; fazer consultas médicas regulares e medir a pressão pelo menos uma vez ao ano. Para prevenir a baixa em específico, é indicado que o indivíduo se levante devagar. Lembre-se: compreender os sinais da pressão alta e baixa e as formas de prevenção é essencial para manter a saúde em dia. Por ser uma doença crônica, a hipertensão requer atenção especial.

Pressão alta pode causar outras doenças
Carisi pontua que a pressão arterial é responsável por uma parcela importante dos problemas cardiovasculares e neurológicos, bem como renais. Então sim, pressão alta ao longo da vida acarreta muitos danos. “É uma das causas diretas de acidente vascular cerebral, a chamada isquemia ou derrame, de infarto agudo miocárdio, obstrução das artérias do coração, obstruções de outras artérias do organismo, membros inferiores, das pernas, das artérias renais”, aborda. Sendo assim, é uma causa importante da doença chamada aterosclerótica. “Além disso, pressão alta afeta muito a função renal e é uma das causas no Brasil, junto com o diabetes, de levar os pacientes à hemodiálise por insuficiência renal crônica”, acrescenta.

Tratamento
A profissional explica que o tratamento para pressão alta tem duas grandes vertentes. O chamado tratamento não farmacológico é cuidar dos fatores de risco que levam ao aumento da pressão, como sedentarismo, obesidade, excesso de peso, aumento de ingesta de sal, uma dieta saudável e adequada. “Isso tudo faz parte de medidas para reduzir um pouco os níveis de pressão. Se bem feitos, às vezes a gente consegue evitar o uso de medicamentos, mas pessoas que desenvolvem hipertensão essencial, usualmente vão precisar de tratamento farmacológico”, assente.

De acordo com ela, o tratamento farmacológico é feito à base de diferentes classes de medicamentos que visam baixar a pressão. “No sentido de fazer uma vasodilatação periférica, isso é uma das coisas que tem efeito nos remédios, ou diminuindo também um pouco os líquidos do nosso organismo e o sal do nosso organismo, através dos diuréticos que também são utilizados para isso”, diz.

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