Educação. Rede municipal, em menor escala, e rede estadual de ensino sofrem com ausência de profissionais
Das 17 escolas estaduais de Montenegro, 13 sofrem com a falta de professores ou servidores como merendeiras ou responsáveis pela limpeza. Os educandários de Maratá, São José do Sul, Pareci Novo e Brochier pelos quais o Estado é responsável também sofrem com a ausência de profissionais. A situação que afeta o aprendizado dos alunos, também ocorre na rede municipal, mas em menor escala.
A diretora da Escola Estadual de Ensino Médio Erni Oscar Fauth, de Brochier, Patrícia Cristina Henz Schommer, conta que a instituição de ensino precisa de um professor 12 horas para cobrir as aulas de Espanhol e Literatura, além de uma merendeira. “Os alunos estão sendo atendidos pela direção e pelo apoio pedagógico, mas isso compromete o nosso trabalho. Faltam braços”, lamenta. Ela observa ainda que a escola busca junto à secretaria estadual da Educação (Seduc) a abertura de uma nova turma de 2º ano para que não haja excesso de alunos numa única turma.
Em Maratá, o Colégio Estadual Engenheiro Paulo Chaves está com o quadro de professores completos. No entanto, a escola aguarda a contratação de uma merendeira. A diretora Mirtes Maria Sost conta que a falta de uma pessoa para preparar e servir a alimentação dos alunos está sendo suprida através da realocação de uma servidora e também com o auxílio de mães voluntárias e dos próprios professores. “Estamos adaptando o cardápio para ficar mais fácil. Os alunos não estão deixando de receber lanche nos três turnos”, garante.
A Escola Estadual de Ensino Médio (EEEM) São José do Maratá, localizada em São José do Sul, está com falta de professor nas áreas de Artes e Matemática e também para a turma do 3º Ano do Ensino Fundamental. Em Pareci Novo, a EEEM São Francisco de Assis sofre com a falta de um professor de Espanhol.
No Colégio Estadual Ivo Bühler, o Ciep, em Montenegro, não há professor de Ciências, Artes e Matemática no turno integral. “Estamos revezando professores para atender as turmas. Cada dia é um horário diferente”, revela o diretor Renato Antônio Kranz. “Isso é muito ruim, deixa o aluno inseguro. Precisamos ter uma rotina permanente”, reforça o gestor.
Em outra grande escola de Montenegro, na Escola Estadual Técnica São João Batista, aulas dos cursos técnicos de Química e Eletrotécnica, que ocorrem à noite, não estão sendo realizadas por falta de professores. Além disso, o educandário também sofre com a falta de um professor de Espanhol, uma merendeira e dois funcionários para a limpeza. “O pessoal do noturno, por serem adultos, no dia em que não há professores estamos liberando eles.
São aulas bem específicas, não há o que fazer”, lamenta a diretora Juliana Cabreira Bender. Ela salienta que para os alunos de Ensino Médio que não contam com aula de Espanhol ocorre, quando possível, a substituição por outra matéria ou a realização de outra atividade.
Montenegro prepara concurso público
Enquanto que a rede estadual de ensino em Montenegro sofre com o descaso do Estado, a rede municipal vê soluções sendo apresentadas ao pouco. De acordo com a secretaria municipal da Educação e Cultura (Smec) há uma média de falta de oito professores de Área II (Matemática, Geografia, História, Ciências, Língua Portuguesa e Arte) e uma média de sete falta de professor de Área I (Anos Inicias e Educação Infantil).
Para suprir a demanda, o Executivo está providenciando os trâmites para um concurso público. Além disso, emergencialmente, estão sendo contratados professores.
A Smec, via Assessoria de Comunicação, destaca que a Educação é muito dinâmica. “Sempre temos professores se aposentando e se exonerando. Nesses casos, geralmente, as faltas são supridas com Regime Suplementar de Trabalho (RST) e são repostas a partir de concurso público”, informa o órgão.
“Também o quadro nunca está completo com os professores atuando em sala de aula, pois temos licenças que ocorrem no decorrer do ano: Licença Maternidade, Licença Saúde, Licença Família”, complementa a Smec, por e-mail.
Em 2018, o Executivo nomeou uma média de 60 professores entre as Áreas I e II. Hoje, a Smec tem um quadro de pessoal com 545 professores para atender uma rede de ensino com cerca de sete mil alunos. Em 2019, seguirá a ampliação de duas escolas de Anos Finais – EMEF Lena Rozi Pithan e EMEF Professora Maria Josepha -, que estão atendendo em 2019 o 8º Ano e, sucessivamente, em 2020, o 9º Ano. “Só aí justificamos a necessidade de aumento no quadro de professores da Área II”, ressalta a Smec.
Gestores enfrentam desafios para manter qualidade
Na Escola Estadual de Ensino Fundamental Adelaide Sá Brito, a diretora Rosane de Oliveira Alves se desdobra para não deixar duas turmas – uma de 1º Ano e outra de 5º Ano – sem aulas, além de enfrentar a falta de dois professores de Matemática para atender as turmas de 6º ao 9º ano. Além disso, a escola está sem supervisora e orientadora educacional, bem como só conta, agora, com uma secretária.
“O atendimento das turmas fica impossibilitado. Não há quem faça. Acomodamos com outra colega que tenha horário disponível”, lamenta a diretora. Segundo Rosane, a 2ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) disse estar providenciando os profissionais necessários. Enquanto aguarda uma solução por parte do Estado, a gestora pensa no que fazer, inclusive estudando a possibilidade de unir turmas “Mas o espaço físico e a sobrecarga ao professor dificulta (essa alternativa)”, observa.
Na EEEF Coronel Álvaro de Moraes há a falta de um professor para o 4º Ano, um de Educação Física, outro de Geografia e de um supervisor. A diretora Daíse de Moraes conta que as orientações para a montagem do quadro de profissionais das escolas sempre chegavam no início janeiro. Neste ano, no entanto, elas só vieram no final do primeiro mês do ano, a poucos dias do início das aulas. “Deixar para os 45 do segundo tempo os recursos humanos de uma escola é o suprassumo do abandono da educação”, desabafa. “O descaso não é com o salário, é com a estrutura da educação: tanto física quando de recursos humanos, que geram a qualidade da educação”, reforça.
Municípios da região suprem necessidade com contratações
Em 2018, o Município de Brochier realizou um concurso público no qual abriu quatro vagas para professores de Educação Infantil e Séries Iniciais. A necessidade para suprir a demanda de alunos foi tamanha que o Executivo já nomeou 11 professores que realizaram esse concurso, sendo que, até o momento, sete já assumiram seus cargos. Além da convocação de profissionais para Regime Suplementar de Trabalho (RST)
Na cidade, também levantou-se polêmica sobre o falta de professores formados para atender as turmas da Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Sapatinho de Cristal, que ganhou três novas salas no final do ano passado. No entanto, a coordenadora pedagógica do Município, Glaé Machado explica que a escola conta com 10 turmas, sendo que em todas elas há presença de professoras formadas trabalhando com os alunos, conforme determina o parecer 398/2005 do Conselho Estadual de Educação do Rio Grande do Sul (CEED/RS).
Em Pareci Novo, a secretária da Educação, Carla Specht, diz que o quadro de professores está praticamente fechado, com o Município apenas realizando contratações de forma emergencial para suprimento de vagas abertas por profissionais em Licença Saúde. Em Maratá, o Município deverá abrir concurso público no meio do ano, enquanto isso a demanda, que é necessária somente na EMEI Descobrindo a Vida, é suprida por contratação através de Processo Seletivo Simplificado. O Executivo de São José do Sul também foi questionado sobre a situação do quadro de professores na rede municipal, mas não respondeu até o fechamento desta matéria.
Estado diz que demanda está sendo suprida imediatamente
Questionada pelo Jornal Ibiá, a secretaria estadual da Educação (Seduc) informa que a rede estadual de ensino conta com 61.805 professores ativos. Em 2018, esse número era de 62.520. “O que ocorre, de fato, é a readequação da estrutura de forma compatível ao número de estudantes”, garante o órgão estadual. Conforme a pasta, nos últimos 15 anos, entre 2003 e 2018, o número de alunos da rede pública estadual caiu de 1,5 milhão para 900 mil. O número representa uma de queda de 40%.
A declaração enviada pela Assessoria de Imprensa da Seduc afirma ainda que, em casos específicos, o que ocorre, é que existem áreas do Estado que enfrentam o aumento ou o recuo populacional devido à construção de moradias irregulares e o êxodo rural. “Entretanto, quando são identificadas estas situações, os profissionais são imediatamente supridos pela Mantenedora”, diz a pasta.
Situação nas escolas estaduais de Montenegro
Colégio Estadual Ivo Bühler – Ciep
Há falta monitor para a manhã e de professores de Ciências, Artes e Matemática para as turmas do turno integral.
E.E.E.F. Adelaide Sá Brito
Há falta de professor para o 1º e o 4º Ano e de dois professores para matemática para turmas do 6º ao 9º. Também não há orientadora educacional e supervisora, bem como há a falta de uma secretária 20 horas.
E.E.E.F. Coronel Januário Corrêa
Há falta de um professor de Ciências.
E.E.E.F. Dr. Jorge Guilherme Moojen
Não faltam professores, mas há falta de um servidor para limpeza.
E.E.E.F.José Garibaldi
Quadro completo.
E.E.E.F. Adão Martini
Quadro completo.
E. E. E. F. Yara Ferraz Gaia
Quadro completo.
E.E.E.F.Junto ao Núcleo Habitacional Promorar
Há falta de uma supervisora e de professores para o 1º Ano e para as disciplinas de Geografia e Língua Portuguesa.
E.E.E.F. Manoel de Souza Moraes
Está com quadro praticamente completo, uma professora aposentou-se após o início do ano letivo e aguarda a chegada de uma profissional de 40 horas para atender ao 4º e ao 5º Ano.
E.E.E.F. Osvaldo Brochier
Há falta de funcionário para a limpeza e de professor de História e Geografia.
E.E.E.F. Tanac
Há a falta um professor 20 horas para Matemática.
E.E.E.F. Coronel Álvaro de Moraes
Há falta de professora para o 4º Ano e também de Educação Física e de Geografia. Também falta um supervisor.
E.E.E.F. Aurélio Porto
Quadro fechado.
E.E.E.F. Delfina Dias Ferraz
Há falta de professor 25 horas de Língua Portuguesa e professor cinco horas para Matemática.
Escola Estadual Técnica São João Batista
Há falta de professores na área técnica de Química e de Eletrotécnica e de Língua Espanhola. Ainda faltam dois funcionários para a limpeza e uma merendeira.
Colégio Estadual A. J. Renner
Os turnos da manhã e da tarde estão com quadro completo, no entanto, à noite, falta um professor para Literatura e Língua Portuguesa.
Colégio Estadual Dr. Paulo Ribeiro Campos – Polivalente
O quadro de professores está praticamente fechado, com a escola aguardando retorno de professora de Inglês, que volta de licença-gestante até abril.
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