Educação. O colégio foi criado oito anos depois da Apae Montenegro
A Escola de Educação Especial Nossa Senhora Medianeira, está completando 40 anos nesta terça-feira, 7. Mantida pela Apae de Montenegro, profissionais e alunos comemoram a existência e excelência da instituição na prestação de serviços à comunidade.
Em 1979, oito anos depois da criação da Apae Montenegro, a escola foi gerada pela necessidade de um local de ensino voltado aos assistidos da Apae. Segundo a diretora, Naia Sehn, antes os atendimentos eram clínicos, por vezes incluindo o pedagógico. “Depois de oito anos foi criada a escola para esses atendidos” relata.
As incentivadoras do projeto foram três professoras do Estado: Maria Helena Silva, Dora Kolberg e Estela Marlene Froener, que juntamente com a presidente da Apae na época, Maria Eunice Müller Kautzmann, transformaram o sonho em realidade. Para isso precisava-se de uma sede. “A Apae iniciou em uma sala no salão paroquial da Catedral São João Batista, mas precisávamos de uma sede e a comunidade se mobilizou”, recorda a diretora.
O primeiro terreno foi doado pelo prefeito municipal da época, Ivan Jacob Zimmer, e a construção do prédio foi toda realizada pelos soldados da Brigada do Município. A sede foi construída em módulos, e como os construtores eram voluntários, não se gastou com mão de obra. Segundo Naia, anos depois a Mitra Diocesana doou o terreno onde hoje funciona o ginásio. “A nossa Apae sempre foi muito bem acolhida. Pessoas fundamentais na comunidade ajudaram e se engajaram nessa construção”, declara.
Em 1979 a primeira etapa da escola foi inaugurada com 20 alunos. Em 1980 foi concluída a segunda etapa com 70 alunos, e a terceira etapa em 1982 já tinha uma população escolar de 120 alunos. De acordo com a diretora, o nome da escola é resultado de uma promessa. “A Escola de Educação Especial Nossa Senhora Medianeira foi assim denominada porque uma das fundadoras era devota de Nossa Senhora e ela é a santa das causas difíceis. Como não era nada fácil erguer uma escola, elas fizeram uma promessa pra Nossa Senhora Medianeira e ela ficou como padroeira”, relembra Naia.
Serviços prestados à comunidade
Atualmente a escola conta com 160 alunos, é regular e funciona através de ciclos de um a quatro e EJAS (Educação pra Jovens e Adultos). Além disso, o instituto também atende o Projeto Florescer, que são crianças de três a seis anos incompletos que encerraram a estimulação precoce e vão para a Escola Nossa Senhora Medianeira no contra turno da escolinha, para somente depois ingressarem no ciclo I.
Mais turmas serão abertas em seguida, para melhor atender às crianças da comunidade. “Nós já estamos com um processo de encaminhamento junto ao CRE (Conselho Regional de Educação), para abertura de uma Classe de Educação Infantil”, declara a diretora.
Aliadas às aulas, os atendidos podem contar com atividades transversais para o enriquecimento dos seus potenciais. Tem opção para todos os gostos como: karatê, educação física, hidroterapia, aula de dança, brinquedoteca, biblioteca, oficina de culinária e horta, música e dança folclórica. Já a Apae oferece atendimentos através dos profissionais da fonoaudiologia, fisioterapia, psiquiatria, assistência social, terapia ocupacional, arteterapia, psicologia, fisioterapia aquática e equoterapia.
“Sempre fazemos projetos e trabalhamos para que eles possam ter oportunidades que geralmente eles não teriam, por serem grande parte de famílias carentes”, relata Naia Sehn. Segundo ela, a comunidade ajuda muito para que projetos sejam realizados e, para quem tem vontade de colaborar, existe o grupo de sócios e madrinhas da Apae, que auxiliam a instituição mensalmente.
A Escola de Educação Especial Nossa Senhora Medianeira tem o foco em cada pessoa, não no diagnóstico que ela traz. “Cada caso é um caso, se fala muito da Síndrome de Down que é o mais conhecido, mas cada down tem o seu nome e o seu jeito de ser”, fala Naia.
Amor pela Instituição
Caminhando pela escola percebe-se o amor dos profissionais que ali trabalham, desde a direção, professores, merendeiras e motorista. Todos interagem com muito zelo e carinho com as crianças, adolescentes e adultos que ali estão.
A professora, Maria Inês Griebeler, começou na Apae aos 20 anos, junto às fundadoras, e diz que participar de todo o progresso ao longo dos anos é uma alegria imensa. “Agradeço muito a Deus por ter a oportunidade de estar trabalhando com essas pessoas que realmente são especiais. E especiais não no sentido da deficiência, mas especiais como ser humanos”, relata.
Segundo ela, todo momento na escola é especial. “Nesses 38 anos não dá para referir um acontecimento que seja mais marcante, porque cada acontecimento por menor que possa parecer aos olhos das outras pessoas que não convivem aqui, são grandiosos frente às dificuldades que os nossos atendidos enfrentam”, comenta a professora Maria Inês.
Funcionário há 35 anos na escola, o motorista e instrutor de marcenaria, Salenei Julio de Souza, compartilha do mesmo sentimento da professora. “É muito bom estar aqui, sempre gostei de trabalhar na escola e não me vejo saindo daqui. Conheço todos os alunos, inclusive me lembro de todos que passaram por aqui. A gente interage muito com eles”, fala Salenei.
Festividades aos 40 anos
Em comemoração aos 40 anos da Escola de Educação Especial Nossa Senhora Medianeira, nesta terça-feira, 7, irá ocorrer uma missa, às 18h30, na Catedral São João Batista. Como a escola é de base católica, a sua festividade principal será na igreja.
Na missa, o ponto alto serão as preces. Elas serão lidas pelos alunos, entre eles, jovens que foram alfabetizados na Apae.
E neste sábado, 11, ocorrerá a “Festa da Família”, que terá uma ervateira, a presença do Grupo de Teatro “Pernas de Pau”, que irá apresentar uma peça, e a participação da Unimed, que vai medir pressão e nível de glicose.
Família tem expectativas altas com a escola
Dentre os alunos que irão ler na missa em comemoração ao aniversário da escola, estão os três filhos de Margarida Elisabete Martinazzo: Miguel Henrique, 14 anos, Vitória Terezinha, 13 anos, e Isadora Inês, de 12 anos. A expectativa pelo momento é tanta que os três levaram as suas partes para casa para treinar bastante. “Eu já me sentei com eles para eles ensaiarem. Em casa eu incentivo eles a decorar e no colégio as professoras também estão ajudando”, comenta a mãe.
Miguel, Vitória e Isadora frequentam a escola de segunda a sexta-feira desde o ano passado, mas têm um acompanhamento na Apae desde 2016. “Por vários anos eles estudaram em outro colégio, mas não aprenderam lá muita coisa. Mas depois que eles foram pra Apae, eles começaram a ler e escrever mesmo”, diz Margarida.
Segundo ela, o aprendizado dos filhos sucedeu-se muito melhor na Apae. Na escola aprenderam a ler, escrever, fazer contas e até a memória melhorou. “Eu gosto muito que eles participem da escola, porque uns 80% que eles sabem hoje aprenderam ali”, comenta a mãe.
Os três estudantes vão de transporte escolar pela manhã e, ao meio dia, Margarida busca os filhos na escola. “Eles adoram a escola e os colegas, têm dias que não é seis horas da manhã e eles já estão todos em pé”, relata.
Participantes ativos das atividades, os alunos fazem parte das oficinas de culinária, educação física, arteterapia, karatê e dança tradicional gauchesca. “Eles já trouxeram receitas que fizeram na culinária, eles me ajudam a fazer os bolos e tudo mais”, completa Margarida.