Aumento nos índices pede por maior fiscalização em Montenegro
Em todo o País, no mês de setembro são realizadas campanhas de conscientização para os perigos no trânsito. São debatidos temas que envolvem acidentes, normas de segurança e dirigibilidade. Com apoio de várias empresas, o Ibiá realizou, nesta última semana, um esforço de alerta e de educação no trânsito em todas as plataformas.
A Rádio Ibiá Web recebeu o tenente-coronel Oberdan do Amaral Silva, comandante do 5º BPM; e Vinicius de Oliveira, diretor geral do CFC Montenegro, para um bate-papo sobre o tema tão relevante para a comunidade em geral.
Mesmo com o trabalho diário da Brigada Militar com orientações ao trânsito, o assunto “trânsito” ainda é pouco debatido até mesmo pelo poder público. O tenente-coronel Oberdan destaca que a falta de educação no trânsito ainda é um dos principais fatores para o número de acidentes na cidade. Segundo ele, a falta do uso do cinto de segurança e o uso de celular ao volante são grandes vilões do trânsito que têm chamado atenção com o aumento da acidentalidade na região. Outro problema destacado por Oberdan em toda a região é a dificuldade em respeitar a faixa de segurança e as placas de “pare”.
“É preciso ter empatia”, diz diretor de CFC
Para o diretor geral do CFC Montenegro, Vinicius de Oliveira, o trânsito nada mais é do que educação e comportamento. “É como tu te comporta perante ao município, a sociedade e a tua família. É tu esboçar dentro de um veículo, muitas vezes, um comportamento ilícito, errôneo. Se eu briguei em casa ou no serviço eu vou descontar no trânsito?”, ressalta. “Só que este condutor muitas vezes não sabe que quando ele estaciona o veículo, se torna pedestre. Se tornando pedestre, ele quer que os outros veículos o respeitem na travessia. Temos que saber nossos direitos, deveres e obrigações. É preciso ter empatia no trânsito”, define.
Vinicius afirma que a partir do momento que um indivíduo é aprovado no Centro de Formação de Condutores, ele tem a Carteira Nacional de Habilitação. Assim, precisa estar por dentro das regras e infrações do trânsito e se portar conforme as determinações do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). “É uma questão de educação, é o “me ajuda que eu te ajudo”. Todo mundo sabe o que tem que ser feito, mas não fazem. Nós estamos em 2023. Desde 1997 foi implantado o CTB e ainda as pessoas não fazem o uso do cinto de segurança para salvar sua própria vida”, analisa. Ele ainda relembra que existe maior conscientização no trânsito quando “dói no bolso”, ou seja, quando são, efetivamente, cobrados os valores para as infrações.
“Para que se tenha cada vez mais motoristas preparados e conscientes, é fundamental uma educação de trânsito”, explica. “A educação tem que vir de casa, da escola. Batemos na tecla para que a educação em trânsito seja uma matéria fundamental nas escolas. Mas, ao deixar o aluno na escola, as pessoas param o veículo no meio da rua, simplesmente acionam o pisca alerta como se estivessem imunes a qualquer infração de trânsito e a criança atravessa. Então, que comportamento é esse? Que educação é essa?”, indaga.
Para o tenente-coronel Oberdan, o problema é cultural. “Enquanto a gente não evoluir culturalmente, como sociedade, teremos problemas, não só no trânsito como em várias outras situações. Temos que começar uma revolução, que deve iniciar dentro de casa, ensinando ética para o meu filho, o que é certo e o que é errado”, aponta. Ele conta que é grande a quantidade de autuações no trânsito quando se trata de crianças no banco da frente, reiterando a falta de respeito.
RSC-287 lidera ranking de acidentes
De todas as rodovias estaduais que passam pela região, a RSC-287 foi a que registrou mais acidentes com danos materiais. Foram 35, com 64 veículos envolvidos. Destes, 33 ocorreram entre os quilômetros 0 e 7 (entre a rótula da Antártica e o Frigonal). Os demais foram nos quilômetros 14 e 18. A ERS-124 fica logo atrás, com 28 acidentes e 38 veículos envolvidos. Apenas dos quilômetros 25 ao 30 foram nove acidentes. Já na ERS-240 foram 17 acidentes com 30 veículos. Entre os quilômetros 28 e 33, houve onze sinistros. Na ERS-411, foram quatro acidentes com seis veículos envolvidos, nos quilômetros 1, 7, 15 e 16.
Quanto a acidentes com lesão corporal, a RSC-287 também lidera o ranking, com 68 acidentes, com 128 veículos envolvidos e deixando 84 feridos. Do total, 42 acidentes ocorreram entre os quilômetros 0 e 3. Após, novamente aparece a ERS-124, com 43 sinistros, com 64 feridos. Vinte dos acidentes ocorreram entre os quilômetros 25 e 30. Em seguida, a ERS-240 teve 29 acidentes, sendo 16 deles entre os quilômetros 20 e 30. O número total de feridos é 39. Já a ERS-411 totaliza sete acidentes, em diferentes locais e que deixaram 12 feridos. Com número bem reduzido está a ERS-440, com apenas dois acidentes, ambos no quilômetro oito e totalizando três feridos. A ERS-122 fica por último com um acidente, no quilômetro 9 e apenas dois feridos.
Negligência, imprudência e imperícia são preocupantes
O diretor do CFC, Vinicius, afirma que o acidente de trânsito muitas vezes se dá por três tópicos: imprudência, negligência e imperícia. Nesta última, entram diversos fatores, como condutor alcoolizado ou desabilitado, veículo sem condições de trafegabilidade, entre outros. “Geralmente, o acidente de trânsito se dá em faixa contínua, onde é proibido ultrapassar e excesso de velocidade. Não tem como conciliar a diminuição de acidentalidade no trânsito se eu tenho estes três fatores e concomitantemente o excesso de velocidade”, explica. Segundo ele, os últimos acidentes que ocorreram nos arredores de Montenegro todos foram por estes três tópicos citados.
O tenente-coronel afirma que Montenegro tem a vantagem de ser uma cidade reta, com poucas ruas estreitas. Assim, há boas condições de fluxo. Para ele, o maior problema é o comportamento dos motoristas. “Enquanto a gente não mudar esta pessoa, gerando empatia, não vai adiantar. Vamos estar sempre adaptando o trânsito, mas dentro do veículo há um ser humano, assim como na rua. Precisamos entender isso para que tudo flua”, conclui.
Com aumento dos índices, fiscalização deve ser mais rigorosa
Em Montenegro, os acidentes de trânsito têm chamado à atenção. Em 2022, de janeiro até 15 de agosto, foram 274 acidentes com danos materiais e 125 com lesões corporais. No mesmo período neste ano, os números são 337 e 138 respectivamente, representando um aumento considerável. Outro dado que chama atenção são os acidentes com óbitos. Em 2022, foram oito acidentes com mortes ao todo. Já em 2023, apenas até o junho, o número somou sete, faltando ainda seis meses para o final do ano.
O tenente-coronel Oberdan destaca que os números preocupantes têm alarmado a Brigada Militar e que o órgão já está em planejamento para redução dos índices. “Isso vai ocorrer através de fiscalização e repressão, verificando as condições dos motoristas, barreiras também. Infelizmente terá que ser desta forma. Já que a conscientização das pessoas não acontece, teremos que atuar com mais rigor”, adianta.
Para ele, o aumento de números se deu principalmente pela falta de conscientização, mas confessa que a fiscalização precisa ser aumentada. “Estávamos focados em ações para diminuir crimes patrimoniais, furtos, roubos, evitar homicídios. O trânsito não era tanto o foco. Isso pelo nosso efetivo”, explica. Ele afirma que, com o aumento dos números, até a própria Rocam (Ronda Ostensiva Com Apoio de Motocicleta) deve focar no trânsito. Também destaca que o cercamento eletrônico do município terá mais investimentos. “Daqui uns meses estará em pleno uso. Vai ser onde a gente vai conseguir uma fiscalização maior do trânsito, podendo fazer autuação através das câmeras”, diz.