Doenças respiratórias também surgem no Verão

No Verão, muita gente sofre com doenças respiratórias, mesmo que essas sejam mais conhecidas por afligirem as pessoas no Inverno. Apesar de os principais vírus que causam doenças respiratórias terem sua sazonalidade na estação mais fria, alguns, mais frequentes no Verão, também podem causar sintomas respiratórios. A rinite, asma e amigdalites virais e bacterianas são muito frequentes na época mais quente do ano, mesmo que sejam menos frequentes do que no Outono e Inverno. Ainda mais, no Verão se associam às doenças respiratórias as gastroenterites e até infecções de pele. Mais algumas doenças respiratórias comuns no Verão são sinusite, faringite, bronquite e pneumonia.

As doenças respiratórias são classificadas de acordo com sua duração. As agudas começam rapidamente, demandando tratamento curto e podendo ser curada em, no máximo, três meses. Já as crônicas iniciam gradualmente, exigindo remédios e tratamentos prolongados, durante mais de três meses, podendo se estender para a vida toda. Além de fatores externos, as doenças respiratórias também podem ser genéticas, passando de mãe para filho, por exemplo. Isso significa que algumas pessoas já nascem com elas, como é o caso de pessoas que têm asma desde a infância. As doenças respiratórias agudas podem surgir por conta de diferentes fatores como poluição do ar, produtos químicos, cigarros, entre outros. As infecções respiratórias são as mais comuns nessa patologia.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o índice de umidade relativa do ar (UR) deve ser de 40% a 60%, podendo ficar abaixo de 20% no verão brasileiro. Dessa forma, pessoas que sofrem com doenças respiratórias crônicas precisam redobrar seus cuidados durante a estação mais quente do ano a fim de evitar o agravamento dos problemas respiratórios.

Helena Fleck Velasco, alergista e imunologista adulto e pediátrica do Núcleo de Alergia e Imunologia do Hospital Moinhos de Vento. Foto: divulgação

Segundo Helena Fleck Velasco, alergista e imunologista adulto e pediátrica do Núcleo de Alergia e Imunologia do Hospital Moinhos de Vento, as doenças alérgicas podem ser desencadeadas no verão principalmente devido à falta de limpeza e manutenção adequadas em aparelhos de ar-condicionado e ventiladores; mudanças bruscas de temperatura (sair de um ambiente refrigerado para a rua, por exemplo); diminuição da umidade do ar que causa ressecamento das vias aéreas, entrar em ambientes (como casas de praia) que ficaram fechados por longos períodos; polinização de algumas espécies de flores e, em casos mais raros, pela rinite vasomotora, o contato com o ar frio do ar-condicionado.

Previna-se!
•Lave as mãos constantemente para evitar o contato com contaminantes e agentes alérgicos;
•Não fume, pois a fumaça é extremamente prejudicial para o sistema respiratório;
•Em casas fechadas, areje o ambiente e faxine tudo com panos úmidos e aspiradores;
•Realize a limpeza de filtros de ar-condicionado ao menos uma vez no mês;
•Ventiladores também devem ser higienizados para retirar o pó;
•Realize a lavagem das narinas com soro fisiológico;
•Umidificadores podem ser uma boa opção;
•Faça nebulização caso já tenha alguma doença respiratória, para que ela ajude a desobstruir as vias nasais, facilitando a passagem de ar;
•Mantenha seu sistema imunológico reforçado por meio de alimentação saudável, prática de exercícios físicos, controle do estresse e boas noites de sono;
•Hidrate-se. Isso ajuda a evitar gripes, resfriados e alergias;

Para viajar
Em caso de viagem, é importante combinar com o médico um plano de ação caso tenha uma crise e levar as medicações junto, garantindo uma viagem tranquila. Assim como os outros vírus, as variantes da Covid-19 seguem circulando. “Devemos usar os cuidados que aprendemos durante a pandemia (higiene das mãos, uso de máscaras e evitar lugares com aglomerações) no caso de termos algum sintoma gripal como sinal de respeito às pessoas que convivem conosco, evitando assim a disseminação das doenças virais”, pondera a alergista Helena.

Também é importante estar atento para que o calor não te pegue desprevenido. Há muitas maneiras de se antecipar ao clima quente, como verificando umidade do ar, temperatura, ventos (que aumentam a propagação do pólen) antes de se aventurar e começar o dia. Se houver muito vento, calor extremo ou algum fator gatilho, talvez seja melhor manter as atividades internas.

Gripe ou rinite?
A alergista Helena afirma que apesar de os profissionais tentarem definir as diferenças entre gripe e rinite, na prática clínica, essa diferenciação não é tão simples. “Isso porque nem todos os casos de cada doença apresentam todos os sintomas possíveis. A gripe e as infecções virais costumam causar sintomas sistêmicos, além dos sintomas locais”, explica. Conforme ela, os quadros virais costumam cursar com febre, dor no corpo, congestão nasal, espirros, tosse, cefaleia. “Quando esse quadro evolui para alguma doença respiratória grave, ele acaba associando sintomas como falta de ar, aperto no peito, chiado, febre alta e prostração”, acrescenta.

Já a rinite alérgica costuma apresentar sintomas localizados nas vias aéreas superiores. “Os principais sintomas são espirros em salva, ou seja, são muitos e em sequência, além de acontecer geralmente em crises que podem se repetir após quatro a seis horas. Isso, associado à obstrução nasal, tosse, prurido ocular e na garganta”, ressalta. Sendo assim, a principal maneira de tentar diferenciar os quadros alérgicos é por meio da história clínica passada e familiar e da coceira.

foto: freepik

Ventilador e ar-condicionado
Muitas pessoas têm dúvidas quanto ao uso de ventilador e ar-condicionado. A alergista Helena enfatiza que não há contraindicações no uso dos mesmos. De qualquer forma, pode ser prejudicial, portando, o principal cuidado é mantê-los adequadamente limpos para evitar o pó, que é o grande vilão das alergias respiratórias. “O ar condicionado pode deixar as vias aéreas mais ressecadas e seu uso deve ser avaliado junto ao médico. Em casos específicos, pode haver desencadeamento da rinite pelo ar frio”, argumenta. São estes pacientes que devem evitar o uso do ar-condicionado. Já os que apresentam doenças alérgicas respiratórias devem evitar o ano todo. Helena explica que cada paciente deve investigar e conhecer seus alérgenos, que são os gatilhos da sua alergia, para, assim, poder se prevenir adequadamente.

Passo a passo da lavagem nasal com soro

•Encha uma seringa com cerca de 5 a 10 mL de soro fisiológico;
•Durante o procedimento, abra a boca e respire também pela boca;
•Incline o corpo para frente e a cabeça ligeiramente para o lado;
•Posicione a seringa na entrada de uma narina e pressione até que o soro saia pela outra narina;
•Repita o procedimento com a outra narina;
•Pode-se encher a seringa com mais quantidade de soro, já que será eliminado;
•Para finalizar a lavagem nasal, assoe o nariz após o procedimento, para retirar o máximo de secreção possível.

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