Despejo de resíduos no rio Caí assusta internautas

Um vídeo compartilhado no Facebook apresenta tubulações excretando sujeira muito escura após uma enxurrada

Um vídeo que tem circulado nos últimos dias, nas redes sociais, chamou a atenção dos montenegrinos. O conteúdo foi gravado momentos após uma enxurrada em Montenegro e flagrou o despejo de muita água vinda de tubulações, direto no rio Caí. A mancha que se formou nas águas do manancial, com a limpeza dos canos, trouxe à tona questões relacionadas ao saneamento da cidade. O vídeo teve diversos compartilhamentos e comentários como “Nossa, que horror! Tudo poluído” ou “Petróleo”, referindo-se à tonalidade escura do líquido derramado.

O presidente do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema), Rafael Altenhofen,41 anos, diz que há 99% de chances de que o derramamento seja proveniente de esgoto cloacal – das residências – não tratado, acumulado na rede pluvial.

Rafael ainda destaca que a revisão no sistema de tratamento e saneamento básico de Montenegro está vencida. O plano municipal de 2011, de acordo com ele, inclui o prazo de quatro anos para a revisão da rede – com ampliação da data. Isso significa que a realização deveria ser feita ainda em 2015, 2016. Problemas de adequações legais, para definição de órgão gestor e de fundo municipal de saneamento, também entram em questão. A regularidade é importante para que problemas como o do vídeo não aconteçam, ou, caso ocorram, sejam investigados. “Na gestão do então prefeito Paulo Azeredo, em 2014, o Comdema foi convidado a assumir a função de órgão gestor municipal de saneamento e recursos. Mas, dentro dessa proposta, a alteração de lei do Conselho Municipal do Meio Ambiente deveria ser realizada. Dados técnicos do projeto e especificação de atribuições, para garantir a eficácia nas atividades, integram as exigências”, explica. O projeto de lei do Executivo número 01/2015 foi enviado para análise e aprovação, porém, por não contemplar as exigências legais, a tramitação foi interrompida no mesmo ano. “Algumas especificações de funções não foram incluídas pelo Executivo no documento”, destaca.

Em 2016, o Comdema retornou com protocolo de alteração na lei, mas em março fechará um ano sem obter resposta. “O plano original atual está defasado e inadequado em certos aspectos”, conclui o presidente da entidade.

O que diz a Prefeitura Municipal sobre o caso
De acordo com o secretário municipal do Meio Ambiente e de Viação e Serviços Urbanos, Ricardo Endres, o problema não é assim tão grave. Ele afirma que o que sai dos canos após enxurradas são os resíduos que se acumulam dentro das tubulações. “Não se trata de dejetos de esgoto cloacal”, enfatiza.

Ele confirmou que, na quarta-feira, esteve em reunião no Fórum juntamente com a promotoria e a Companhia Riograndense de Saneamento, para definir detalhes sobre o convênio com a Prefeitura Municipal. “Em 30 anos, conforme convênio, a Corsan deve prestar suporte ao esgoto cloacal da cidade. Em maio deste ano, o prazo expira. O planejamento será executado conforme o acordo. Aos poucos, sairá do papel. O primeiro passo será a usina de tratamento de esgoto cloacal. Não adianta fazer primeiro o encanamento se não tiver onde o material ser despejado” destaca.

Referente à falta de órgão gestor, o secretário afirmou que duas reuniões já foram realizadas para debater a questão. “Apresentaremos à Promotoria, em 90 dias, um plano de trabalho para estabelecer um órgão gestor da Prefeitura e da Corsan. Sobre a verba, o Governo Federal destinaria mais de R$ 50 milhões para início das obras de saneamento na cidade, mas não deu mais vestígios. Então, em assembleia, o presidente da Corsan se comprometeu em custear, nem que seja com recurso próprio, a manutenção”, conclui Endres.

Secretário Municipal do Meio Ambiente Ricardo Endres afirma que material despejado no rio é apenas sujeira acumulada na tubulação.

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