Cristian defende selecionado brasileiro na Colômbia

Oportunidade. Jovem participou do Torneio FIFPró América 2017, disputado em Cali. Brasileiros ficaram em 4º lugar

Hoje com 22 anos, Cristian Fabrício Gomes Machado talvez nunca tenha imaginado que a vinda para Montenegro, quando pequeno, poderia mudar a sua vida e levá-lo a jogar futebol na Colômbia. Natural de Santana do Livramento, o jovem acabou se destacando ainda jovem no futebol montenegrino e passou pelas categorias de base do Juventude, do Figueirense, do Novo Hamburgo e de outras equipes, até ser chamado pelo serviço militar obrigatório. Depois de sair do quartel, ele jogou no Esporte Clube Palmeirense, de Palmeira das Missões, e no Ipanema Atlético Clube, de Alagoas, clube que disputa a primeira divisão do Campeonato Alagoano.

Cristian aproveitou ao máximo a experiência

Atualmente sem contrato, ele foi convidado para disputar um amistoso pelo Sindicato dos Atletas Profissionais do Rio Grande do Sul (Siapergs) no final de dezembro do ano passado contra o Caxias. Ao se destacar na partida, o jovem que atua como meia ou volante foi convidado a integrar o grupo que iria disputar na Colômbia o Torneo FIFPro América 2017, realizado pelas federações dos Sindicatos dos Atletas de diversos países. Assim, Cristian passou a treinar com a equipe formada por outros 12 atletas do Rio Grande do Sul, dois do Rio de Janeiro e dois do Rio Grande do Norte.
O embarque para Cali aconteceu no dia 16 de janeiro. Na terceira cidade mais populosa da Colômbia, a equipe representante do Brasil terminou a competição na quarta colocação. Na primeira fase, o time brasileiro empatou em 1 a 1 com o México e perdeu por 1 a 0 para os donos da casa. Assim, classificou-se para a disputa de terceiro e quarto contra o Peru. O selecionado brasileiro acabou batido por 1 a 0, levando o gol num lance de bola parada.
Após essa participação, Cristian e os demais colegas retornaram nesta segunda-feira para o Brasil. Ontem mesmo, a equipe participou de um jogo-treino contra o Grêmio. Realizada no Centro de Treinamento Presidente Luiz Carvalho, a partida terminou em goleda: 7 a 0 para o Grêmio. Segundo Cristian, essa semana a equipe de atletas profissionais realiza ainda um amistoso contra o São José.
Apesar do curto tempo no exterior, o jovem valoriza muito a primeira chance de mostrar seu futebol em outro país. “Foi uma experiência única, minha primeira vez jogando fora do país e treinando com atletas mais experientes, que já jogaram em grandes clubes do Brasil e de fora”, destaca. Cristian comenta ainda que os atletas formaram uma forte amizade. “Me tornei titular na equipe e isso conta bastante. Eu era um dos mais novos do time titular e tinha a confiança e o respeito de todos”, reforça.
Apesar de admitir que o resultado não foi o esperado, Cristian entende que o desempenho como equipe foi bom. “Por estarmos representando o Brasil fomos muito visados dentro e fora de campo”, relata. Cristian destaca que os que acompanharam a competição puderam ver a qualidade técnica e tática dos jogadores brasileiros. “Mas aqui (na competição) é muita força e velocidade, sem falar na questão de juiz e outras”, comenta.

Jogo entre Brasil e Colômbia teve um minuto de silêncio e troca de camisetas antes do início do confronto
foto: Divulgação/FIFPro

Expectativa de colher bons frutos

A competição da qual Cristian participou reúne atletas das Associações de Futebol Sul-Americanas e tem como principal objetivo permitir que os jogadores profissionais sem contrato no momento tenham a oportunidade de jogar e serem vistos por empresários ou clubes. E o jovem morador de Montenegro crê que a sua atuação pode garantir bons resultados. “Agora é dar sequência ao trabalho. Tenho certeza que renderá bons frutos”, assegura. Inclusive, o atleta revela que tem feito alguns contatos. “Mas as coisas no futebol são complicadas quando não se tem um ‘padrinho’ ou um empresário forte no meio”, lamenta.
A oportunidade também serviu para o meia sentir na pele o que é o futebol sul-americano. “Estou aproveitando e aprendendo toda essa questão de altitude, catimba, juiz estrangeiro. Era bastante coisa do meio do futebol que eu via pela TV”, aponta. Cristian destaca ainda as diferenças entre os estilos de jogo. De acordo com o atleta, o brasileiro mostra mais técnica e maior qualidade com a bola, enquanto que os outros sul-americanos jogam com intensidade e raça, apostando na força física.

Recepção calorosa e interação entre jogadores

Assim como o brasileiro, o povo colombiano é considerado caloroso e receptivo. Após a tragédia envolvendo a Chapecoense, a empatia entre os dois países aumentou muito. E isso foi bem percebido por Cristian. “Depois do acontecido com a Chapecoense ficou um afeto, um companheirismo maior”, detalha. Inclusive, no jogo contra a Colômbia, houve troca de camisas com os colombianos, sendo que, no uniforme entregue pelos brasileiros, tinha o escudo da Chapecoense; e um minuto de silêncio em respeito às vítimas da tragédia.
Além disso, houve uma grande interação entre as equipes que disputaram a competição, já que todos ficaram no mesmo hotel. “Todos nos trataram com muito respeito. Dentro de campo, as coisas mudam, mas são pessoas boas”, afirma. Uma surpresa foi encontrar o plantel do América de Cali hospedado ali. Os “Diabos vermelhos” são a principal equipe da cidade e estão concentrados durante a pré-temporada no mesmo hotel em que o jovem ficou. Sobre a cidade em si, Cristian, que teve a hospedagem e as passagens pagas pelo Siapergs como o resto da delegação, diz que pouco a conheceu, mas percebeu ser uma cidade onde a vida é corrida. “Tem muito trânsito e todas aquelas coisas de cidade grande”, resume.

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