Dos casos positivos, maioria não chegou a apresentar sintomas
Montenegro ainda tem um retrato restrito da contaminação pelo novo coronavírus entre seus habitantes. Com 88 casos confirmados até o fim da semana passada, antes do feriado, o Município havia realizado 441 testes para a doença. Em relação ao total de moradores da cidade, a testagem alcançou apenas 0,67% dos montenegrinos.
Cristina Reinheimer, secretária municipal de Saúde, considera o percentual positivo. Ele está acima da proporção nacional, de 0,44%, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas); mas abaixo do de alguns municípios menores da região, que vêm testando proporcionalmente mais. São Sebastião do Caí testou 1,84% de seus munícipes. Bom Princípio, 2,88%.
A secretária garante que só não são testados mais pacientes em Montenegro porque estes não procuram a rede de saúde apresentando a sintomatologia necessária para aplicação. São os sintomas como febre, tosse e falta de ar, principalmente. “Todos os que procuram (com a sintomatologia) são testados”, colocou a titular da Saúde, através da assessoria de comunicação da Prefeitura.
Para além da procura, também chegaram a ocorrer ações específicas de testagem para alguns grupos. Foram focadas, especialmente, nos adicionados pela secretaria estadual de Saúde para receberem lotes de testes rápidos. Entrou a população indígena e trabalhadores do transporte coletivo e da assistência social, por exemplo. Foi uma dessas iniciativas que testou 52 índios que vivem no bairro Centenário e detectou 28 casos positivos.
O RISCO DOS ASSINTOMÁTICOS
A ampliação da testagem da população vem sendo debatida no mundo todo. O diretor para doenças transmissíveis da Opas, Marcos Espinal, criticou o Brasil no início deste mês por não aplicar testes suficientes. A entidade é o braço regional da Organização Mundial da Saúde. “Melhorou. São cerca de 4.430 testes para cada 1 milhão de habitantes (0,44% do total), mas existem países fazendo 25 mil, 20 mil, 15 mil para cada um milhão. É imperativo que os testes aumentem”, declarou Espinal.
Especialistas avaliam que a testagem permite obter números mais claros da doença para a tomada de decisões quanto à restrição ou flexibilização de atividades. Também serve de alerta para que o cidadão se isole melhor até estar curado, visto que, ao menos entre os testados em Montenegro, a grande maioria dos que está ou esteve doente não chegou a apresentar sintoma algum, como foi o caso dos índios.
“Qualquer pessoa que possa estar ao nosso lado pode estar positivada”, comentou a secretária municipal de Saúde ao divulgar o dado em live transmitida pelo Facebook na noite desta segunda-feira, 15 de junho. Do acumulado de 95 casos positivos no Município até segunda, 35% eram assintomáticos e só souberam que estavam com o coronavírus após o teste.
O indicador, segundo Cristina, evidencia a importância dos cuidados básicos, como a higienização das mãos e o uso de máscaras. As medidas evitam a proliferação da doença entre os que desconhecem que estão com ela e podem vir a infectar pessoas mais propícias a desenvolver complicações.
Incidência da doença entre jovens e crianças preocupa
Entre os testados e positivados em Montenegro, a predominância do novo coronavírus está entre os mais jovens, menores de 59 anos de idade. O novo indicador divulgado pela Prefeitura no início desta semana aponta que, ao menos entre o grupo de risco de letalidade da Covid-19 (os idosos) a proliferação parece estar mais controlada, como demonstra o gráfico a seguir.
Por outro lado, a secretária de Saúde, Cristina Reinheimer, aponta que chama a atenção o número de crianças e adolescentes que testaram positivo. Doze dos 95 casos são de crianças com idades entre zero e nove anos. E oito são de jovens entre 10 e 19. “A criança dificilmente terá a sintomatologia, mas ela é o vetor que levará o vírus para casa”, alerta. Cristina faz um apelo aos responsáveis: “Tenham cuidado. Tem crianças nas ruas sem máscara, brincando, jogando bola e tendo contato umas com as outras. Mantenham seus filhos em casa para que a gente não tenha a contaminação ainda mais elevada na cidade.”
Ocupação hospitalar é baixa
Entre moradores de Montenegro, dos 95 casos positivos até a noite de segunda-feira, 77 se trataram ou estão em tratamento em casa. Do total, apenas 13 precisaram de atendimento em enfermarias e 5 em UTI’s. O movimento de atendimento no Hospital Montenegro e no Unimed Vale do Caí, que são referência para toda a região, tem sido relativamente tranquilo se comparado a demais instituições de saúde do Estado e do País.
Segunda a Prefeitura, para além dos assintomáticos, os montenegrinos positivados com o coronavírus tiveram, principalmente, febre como sintoma (22% do total). 18% tiveram tosse e 10% falta de ar. Em menor proporção, os pacientes citaram diarreia, dor de garganta, cefaleia, perda de olfato, perda de paladar e coriza como sintomas verificados. O Município registra apenas um óbito até o momento, desde o primeiro caso, em 8 de abril. Foi uma idosa com problemas cardiovasculares que contraiu a doença e faleceu em Porto Alegre. Dados da segunda-feira mostram que a maioria dos contaminados testados (63%) está curada.