Existem maneiras de evitar os prejuízos provocados por vendavais e chuvas de granizo
Obra projetada por profissional competente, manutenção periódica e localização segura são os itens que dividem as casas que não serão danificadas em caso de vendaval, chuva forte ou tempestade das que acabarão sofrendo algum dano. Há quase três meses, a região foi atingida por um forte vendaval, que deixou centenas de famílias desabrigadas e casas destruídas. Os locais mais atingidos foram Maratá e São José do Sul, além de cidades como Caxias do Sul e outros 133 municípios do Estado. Diante da constatação de que esses fenômenos climáticos serão cada vez mais comuns, fica a dúvida se as casas são ou não seguras.
Quem mora num imóvel projetado e construído por profissionais capacitados, dentro das normas técnicas, não precisa se preocupar, dizem os especialistas. O temor é para os moradores de residências construídas sem planejamento, com material de baixa qualidade e em locais de risco, como próximo a rios e morros.

A arquiteta e urbanista e gerente de Atendimento e Fiscalização do Conselho Regional de Arquitetura (CAU/RS), Marina Proto, afirma que o primeiro passo a ser dado na hora de iniciar uma construção segura é contratar um profissional habilitado.
“Há vários fatores que devem ser observados na hora de construir uma residência, dentre eles: análise do solo para definir as fundações adequadas que irão suportar a edificação; escolha do sistema estrutural mais conveniente e apropriado, em termos técnicos e econômicos; definição do sistema de vedação no que se refere às paredes; e, por fim, a escolha da cobertura”, esclarece.
Especialista aponta cuidados
A engenheira civil e presidente da Associação dos Arquitetos e Engenheiros de Montenegro (Aemo), Daiana Rodrigues, reforça que o primeiro passo é contratar um profissional com formação técnica que projete a casa ou estrutura. “Esse profissional conhece das normas, sabe os princípios básicos para ser construída uma casa para que não se tenha esse tipo de problemas”, argumenta.

Apesar de serem eventos que não podem ser previstos, Daiana explica que, hoje, o mercado possui normas técnicas e padrões que são estabelecidos para que não se tenha problemas. “Já existem estudos dos ventos, estudos para evitar deslizamento de terra, já se prevê isso também”.
Segundo ela ilustra, quando o profissional faz um projeto, dois itens importantes são considerados: o terreno e a incidência dos ventos. “Se vê a topografia do local para não ter alagamento e não construindo abaixo do nível. O profissional dimensiona a estrutura de acordo com os padrões técnicos e de acordo com o pedido do cliente. Então ele vai fazer uma casa com uma fundação e alicerce bem estruturado”.
Cada caso deve ser avaliado individualmente pelo técnico responsável, já que ele é que vai indicar o melhor método construtivo e executivo que pode se aplicar. “Casa de madeira, dependendo do lugar, não é uma casa que vai deixar de oferecer qualidade e conforto para as famílias”, defende.
Quando se contrata um profissional, ele tem responsabilidade sobre esse projeto durante determinado período. “Então, qualquer coisa que acontecer no projeto, se não for bem executado, o profissional é que vai responder, civil e criminalmente”, afirma.
O que fazer em casos de…
Em inundações, a Defesa Civil orienta que se evite o deslocamento para as regiões perigosas. Se a residência oferecer segurança, permaneça em casa. Se for área de risco, abandone o local com antecedência. Separe documentos importantes e embale-os em sacos plásticos. Ao sair de casa, desligue a chave geral de eletricidade, água e gás. Evite atravessar as águas de carro ou andando e, se ficar inseguro, chame o Corpo de Bombeiros.
Em caso de vendaval, a orientação do órgão é de fechar bem as janelas, assim se evita as canalizações de ventos no interior da residência. Desligue os aparelhos elétricos e feche o registro. Evite transitar nas proximidades de fiações elétricas e estruturas que não ofereçam segurança. Se estiver dirigindo, não estacione o seu carro próximo a torres de transmissão e placas de segurança. Outra orientação importante é não se abrigar sob árvores ou estruturas metálicas.
Em caso de granizo, a orientação é de abrigar-se em local seguro. Não ficar embaixo de árvores ou coberturas metálicas. Não estacionar os veículos próximos a torres de transmissão e placas de propaganda. Evite engarrafamentos em ruas e avenidas que foram afetadas pela chuva de granizo. Tenha cuidado com construções mal acabadas.
Reforma também deve ser acompanhada
Quanto ao reforço estrutural no momento da reforma, Marina alerta que deve-se solicitar uma análise técnica para diagnosticar possíveis manifestações de problema e definir as soluções adequadas. “Existem diversas estruturas que podem ser reforçadas numa residência: fundações, vigas, pilares, e estrutura da cobertura. Podem ser feitas de modo a aumentar as dimensões das peças existentes, a substituí-las e repará-las. No caso do concreto, por exemplo, quando as ferragens encontram-se expostas, deve ser feito um preenchimento de modo a interromper uma possível oxidação das barras metálicas”, detalha Marina.
Quando a família é de baixa renda, existe a Lei 11.888, de 24 de dezembro de 2008, que assegura às famílias assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação de interesse social, e profissionais habilitados que atuam em organizações não governamentais com foco em moradia. “As consequências da escolha por soluções mais baratas podem ser o destelhamento parcial ou total, avarias das mais diversas e até mesmo o desabamento da edificação”, adverte a profissional.
Para evitar possíveis danos na construção, Marina defende que é importante considerar a contratação de um profissional habilitado. “Pois, ao contrário do que se pensa, este profissional evitará gastos desnecessários, retrabalhos, reparos, e desperdícios, uma vez que aplicará desde o início os seus conhecimentos técnicos para desenvolver um projeto com soluções adequadas e indicação dos materiais apropriados”, assegura.
Região Sul mais sujeita aos danos por temporais, de acordo com Cptec
De acordo com o Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), a região Sul é a mais propícia para sofrer com temporais, principalmente no verão, quando a temperatura durante o dia é mais alta e, à noite, tem-se uma queda muito brusca. No inverno, isso não ocorre com tanta intensidade. Apesar dos dias quentes, pode-se perceber que não há formação de nuvens cumulonimbus, verticais.
No caso do vendaval de junho, a indicação é de tenha ocorrido uma microexplosão. Os dois fenômenos (microexplosão e tornado) são muito parecidos, caracterizados por correntes de ar extremamente fortes, mas têm diferenças. O tornado é uma forte corrente de ar que desce das nuvens em espiral. Já na microexplosão, a corrente de ar despenca em linha reta, como um “corredor de vento”, sem apresentar espiralidade, sobre uma determinada área.