Muay Thai. Lutadora de Montenegro conquistou o título sem lutar na Tailândia
Mesmo sem subir no ringue para lutar, a atletaFernanda Vodzik se sagrou campeã mundial de Muay Thai na Tailândia, na última terça-feira. Como a argentina Lolla Russo, que enfrentaria atleta de Montenegro na disputa do cinturão, não conseguiu bater o peso (67,5 kg), a organização do Campeonato Mundial declarou Fernanda como campeã do mundo na categoria Pro Am.
Inicialmente, a representante da Academia Nitro Team teria como oponente uma lutadora da Espanha, que acabou sendo desclassificada da competição por indisciplina. Com isso, Fernanda se dispôs a subir de peso para ter a possibilidade de disputar o cinturão. A comissão organizadora colocou Lolla Russo em seu caminho, mas o combate não aconteceu, já que a argentina estaria cerca de 15 kg mais pesada que a atleta de Montenegro no momento da luta.
“Me preparei durante muitos meses, com treinos técnicos, alimentação, sparring, preparação física… Estava pronta para fazer quantas lutas tivessem e para enfrentar qualquer adversária no meu peso. Tanto que até me dispus a lutar em uma categoria acima da minha, pois estava me sentindo muito bem preparada, no meu melhor momento. Infelizmente, a argentina não teve o mínimo de profissionalismo e não chegou nem perto do peso combinado”, lamenta Fernanda.
A atleta de Montenegro embarca hoje para o Brasil, com a medalha de ouro na bagagem, mas sem o tão almejado cinturão. “Como não teve a luta da final, não ganhei o cinturão neste ano. Mas é apenas um sonho adiado, pois esse ano vou participar novamente de todas as seletivas e vou me classificar novamente para, no próximo ano, estar novamente integrando a Seleção Brasileira de Muay Thai, e conquistar meu cinturão”, ressalta.
Para chegar ao Mundial, Fernanda venceu todas as seletivas no País (Campeonato Gaúcho, Copa RS, Copa Brasil). Foram meses de preparação exclusivamente para a competição na Tailândia, noites mal dormidas, saudade da filha e cuidados com a alimentação. Ela estava pronta para lutar com qualquer oponente.
“Recebi o reconhecimento e a medalha de campeã do mundo, porque fiz a minha parte. No entanto, gostaria de ter lutado para colocar em prática tudo o que me preparei para fazer, mas a falta de seriedade da argentina impediu que eu mostrasse o quão preparada estava. Fiquei triste por isso, pois levei o Mundial muito a sério e é um título muito importante para mim. Sonho há anos com ele”, reforça.
O baixo número de atletas por categorias profissionais também chamou atenção. Na categoria de Fernanda, que é até 63,5 kg, apenas a lutadora de Montenegro e a atleta da Espanha (desclassificada por indisciplina) estavam inscritas. Na categoria acima (até 67kg), a argentina Lolla Russo estava “sozinha”. As postulantes ao título mundial só ficaram sabendo disso no primeiro dia de pesagem oficial. “Do profissional, a única categoria que tinha muitas atletas era a de 60 kg. As categorias amadoras tinham várias atletas”, salienta Fernanda.
A experiência na Ásia e os próximos desafios
Hoje é o último dia de Fernanda na Tailândia. A experiência de 12 dias da lutadora de Montenegro no país asiático foi inesquecível para ela, sua colega de quarto Simoni Santos e os demais atletas que representaram o Brasil no Mundial de Muay Thai. “Mesmo com todos os imprevistos e não tendo sido exatamente da forma como me preparei e esperava que tivesse sido, foi a melhor experiência da minha vida”, enaltece.
A chateação com a falta de profissionalismo das adversárias em um evento dessa magnitude é minimizada quando ela se recorda de todos os momentos vivenciados na Ásia. “O fato de estar no berço do Muay Thai, entre os melhores lutadores do mundo, representando o Brasil e disputando o Mundial, é mágico. Vivi momentos inesquecíveis, e no próximo ano estarei aqui novamente para levar meu cinturão para casa”, declara Fernanda.
“Vivi Muay Thai 24 horas por dia e fiz amizades com lutadores de vários países, que levarei para a vida toda. Muito grata a Deus por ter me permitido viver tudo isso”, acrescenta.
Cada lutador arcou com suas despesas no Mundial, desde o embarque para a Tailândia até o retorno para o Brasil. Praticamente todos os atletas convocados confirmaram presença, mas nem todos puderam viajar. “No Feminino, muitas não vieram. Provavelmente pelo fato de ser um gasto muito alto e ser tudo por conta do atleta. Eu, por exemplo, mesmo viajando o mundo para representar o Brasil, o Estado e a cidade de Montenegro, não tenho patrocínio. Paguei toda a minha viagem”, conta Fernanda.
Campeã mundial de Muay Thai, a lutadora da cidade já projeta os próximos desafios, e espera contar com o apoio de patrocinadores. Em abril, a atleta da Nitro Team disputa a Copa Brasil, no Rio de Janeiro. No mês seguinte, ela luta o Campeonato Gaúcho, em Bento Gonçalves. Fernanda volta ao Rio em junho para disputar o Brasileiro de Muay Thai. Em novembro, a atleta vai ao Uruguai para disputar o Pan-Americano. “Se alguém estiver disposto a embarcar comigo nesses sonhos, ficaria muito feliz. Não temos nenhum apoio de patrocinadores, nem da Prefeitura”, completa.