AQUISIÇÕES qualificam os serviços prestados às cidades da região
Há alguns meses, quem passa em frente ao quartel do Corpo de Bombeiros de Montenegro nota que o prédio está diferente: a pintura foi renovada, a área de recepção ao público repaginada, na garagem há mais veículos. E não para por aí. Na parte interna, as melhorias são ainda mais visíveis. Tanto na questão estrutural quanto no que diz respeito aos equipamentos de socorro e de proteção individual. Do segundo semestre de 2019 até agosto deste ano, foram investidos mais R$ 440 mil em adequações essenciais para uma prestação de serviços segura e qualificada. Grande parte do valor vem do Fundo Municipal de Reaparelhamento do Corpo De Bombeiros (Funrebom)
Nessa segunda-feira, 17, o comandante do Corpo de Bombeiros de Montenegro, Glaiton Contreira, completou 16 meses à frente da unidade. Nesse período, o gestor investiu no diálogo e aproximação com o Poder Público municipal, para conseguir executar as metas de melhoria para o quartel local. Uma das primeiras ações como comandante foi promover uma reunião com o chefe do Executivo, Kadu Müller, e outros representantes da Administração. O objetivo foi mostrar in loco as demandas da corporação. “Trouxe as autoridades aqui, mostrei a realidade, aproveitei e convidei fornecedores para fazer demonstração técnica dos produtos e, com isso, termos mais um argumento de convencimento sobre a necessidade de compra”, explica o comandante Contreira.
Para o oficial, a iniciativa deu certo. “Faltava diálogo”, avalia o bombeiro. Desde então, os projetos de aquisição de equipamentos com verbas do Funrebom passaram a tramitar com mais agilidade junto à Prefeitura e, com isso, muita coisa foi adquirida nos últimos meses. “Foram criados novos ritos de processos, montei uma equipe de logística para lidar diretamente com a Prefeitura. O trâmite está sendo bem mais fácil, porque tanto nós nos ajustamos ao sistema, como eles entenderam a nossa necessidade e que nossos equipamentos são materiais diferentes, que não se compra em qualquer comércio”, acrescenta.
“Não está 100%, mas está quase”
Quem tem mais tempo na “casa”, como o soldado André Luís Oliveira e o sargento Ângelo de Lima Justo – há mais de 30 anos na corporação -, sabe das dificuldades para ter acesso ao Funrebom e, por isso, comemora a nova fase. “A gente chega lá, consegue conversar, liga, tira dúvidas e o processo anda 200% mais rápido que antes. A relação com eles está muito boa. A evolução aqui é grande, a gente não tinha nada, o material era completamente defasado”, conta André Luís.
“O quartel é nossa segunda casa, temos que ter estrutura para trabalhar. O visual já mudou na chegada, está reestruturado, iluminado, bonito. Dentro, quase tudo é novo, ar condicionado. Não está 100%, mas está quase ”, diz o sargento Ângelo.
São muitas as mudanças no quartel. Entre elas, destacam-se investimentos em materiais de combate a incêndio (cerca de R$ 320 mil); de busca, salvamento e resgate (quase R$ 15 mil); fardamento (pouco mais R$ 24mil); móveis para cozinha e eletrodomésticos ( em torno de R$ 15 mil), num total de R$ 441 mil.
Projetos: reequipagem e reestruturação
O projeto de reequipagem e reestruturação do quartel dos Bombeiros de Montenegro é dividido em etapas. A primeira parte contempla ações de pintura, interna e externa, e já foi concluída. Na segunda fase, estão revisão elétrica, ampliação das garagens, reforma do telhado e o cercamento, que deve ser feito em blocos de concreto. A terceira parte prevê a reforma da torre de treinamento, para que possa ser usada com mais segurança.
Além disso, o quartel deve adotar um sistema de videomonitoramento, com instalação de câmeras externas. Um portão eletrônico, com interfone, também deve ser instalado para atender a população. “Temos ainda a construção de uma garagem para a carreta, que é uma das aquisições mais recentes”, lembra o comandante Contreira.
Relação de materiais adquiridos
– Combate a incêndio
– Botas
– Capacetes
– Proporcionador de espuma
– Lanternas
– Compressor
– Armários para roupas de combate
Salvamento, busca e resgate
– Serra sabre
– Calçados de estabilização
– Desfibrilador
– Capacetes de salvamento em altura
– Mochilas para resgate em altura
– Manequim de treinamento
Fardamento/material de escritório
– Coturnos
– Roupas impermeáveis
– Camisetas
– Calças
– Gandola
– Cadeiras giratórias
– Mesas
– Armários
– Estantes de aço
Móveis e eletrodomésticos
– Balcões duplo para pia
– Armários aéreos
– Fogão industrial
– Refrigerador duplex
– Forno micro-ondas
Aumento da equipe de resgate e efetivos
Um dos planos que mais motivam o comandante, mesmo em meio ao déficit de efetivo, é o de ampliar a equipe de resgate e salvamentos. Para tanto, o município fez a doação de uma ambulância, que pertencia ao Samu, aos bombeiros. O veículo aguarda trâmites burocráticos para ser colocado em uso. “Vai ser muito importante porque a nossa grande demanda hoje é acidente”, explica Contreira. “Falta pouco para que possamos começar a usar esse veículo”, acrescenta.
O acréscimo da “mão de obra” é outro ponto a ser trabalhado para melhoria da prestação de atendimentos e redução do desgaste físico dos bombeiros. “É difícil aumentar o efetivo, o Estado todo está sem gente. Precisamos de, pelo menos, mais um bombeiro em cada turno. O serviço é 24h, mas, no período da pandemia, chegam a fazer 48h”.
Ampliação dos canais de comunicação
Hoje, o caminhão sai da cidade e, em poucos quilômetros, já não tem sinal de rádio nem de telefone, falha essa, segundo o comandante Contreira, que faz a equipe trabalhar em um novo projeto de comunicação. “O sistema militar de comunicação padrão é por rádio. É importante essa comunicação, seja para pedir apoio ou narrar a situação da ocorrência”, informa o oficial.
“Queremos ter cobertura de rádio em todas as cidades de atuação: Tupandi, Maratá, Brochier, Pareci Novo, São José do Sul, Salvador do Sul, São Pedro da Serra e Harmonia”, projeta. O processo começou a tramitar neste mês e os avanços dão esperança de que a antena para distribuição do sinal seja instalada até o final do ano. “A maior dificuldade é a liberação de um espaço adequado. Pretendemos colocar a antena no Morro São João, mas isso depende de uma concessão. A prefeitura ficou de verificar o trâmite burocrático”, detalha Contreira. “Se ficar para o próximo ano, é possível que tenhamos de reiniciar o processo”, comenta, ao lembrar das mudanças que podem ocorrer no governo municipal, em função das eleições de novembro.
Sobre a necessidade de investimentos e melhorias, o comandante justifica: “Trabalhamos com emergência e urgência, precisamos estar bem equipados. Imagina se uma pessoa perde a vida porque o bombeiro não tem um desencarcerador – equipamento usado para retirar pessoas presas em ferragens -, por exemplo? O que levaria uma hora ou duas, com o equipamento, pode ser feito em 15 minutos”, explica o comandante.