As raízes do problema nas calçadas da cidade

Em toda a cidade, árvores com raízes expostas são um dos principais motivos dos passeios quebrados

Caminhar pelos passeios públicos da nossa cidade parece, cada vez mais, uma missão impossível. Recentemente, o Ibiá publicou uma matéria sobre a situação das calçadas em Montenegro. Mas não é somente o mato e a falta de espaço que prejudicam os caminhos. A reportagem andou por vários bairros da cidade e constatou outra causa comum para esse problema: as raízes de árvores.

A situação é a mesma em praticamente toda a cidade – onde há calçamento. Árvores com suas raízes grandes e salientes danificam o piso e tudo o que há ao redor, inclusive os muros das casas. Essa é a situação vivida por Patrícia Saticq de Souza, 32, moradora do bairro São Paulo. Ela conta que já rebocou o muro de casa várias vezes, mas a pressão da árvore em frente à sua residência sempre volta a trincar o cimento.

“Já fizemos vários pedidos na Prefeitura, nos Bombeiros e na AES Sul. A primeira que meu marido fez, faz uns cinco anos”, conta ela, referindo-se à altura da árvore, que os vizinhos temem prejudicar a fiação elétrica ou cair sobre as casas ao redor. “Falaram que não tem risco de cair, mas sempre caem galhos e quebra os telhados. Já vimos galhos totalmente ocos”, relata.

A árvore, que tem pelo menos 40 anos, segundo estimativa de uma vizinha que mora há mais de 30 no bairro, é madeira de lei, o que dificulta a liberação para o corte. “Além disso, precisa ter alguém com equipamentos adequados para cortar, porque é muito grande”, analisa Patrícia.

Do outro lado da rua, o casal Dulce Nair, 63, e Tadeu Oliveira de Athaydes, 65, sofre pela boa intenção e pela falta de conhecimento de anos atrás. Eles plantaram várias árvores ao redor da sua casa, com a ideia de ter sombra para os moradores e para os veículos. Duas delas, no entanto, cresceram a ponto de destruir boa parte do passeio público.

Tadeu conta que já consertou a calçada e recolocou as lajotas, mas a pressão da raiz tornou a estragar. “Tu faz cheio de boa intenção, mas aí, quando vê, acaba com o prejuízo”. Dulce acredita que seria ideal ter um plano de arborização que orientasse os moradores da cidade. “Não queremos incentivar a tirar tudo, mas acho que deveria ser orientado o plantio”, aponta.

Já a opinião de Antonio Manoel da Silva, 60, morador do Santo Antonio, é de que não há nada que possa ser feito em relação às árvores que teimam em quebrar o calçamento ao lado da sua residência. “Depois que está feito, não adianta mais, porque a gente não consegue autorização para derrubar”, afirma.

Ele, que também plantou as árvores por conta própria, revela que não faz questão de consertar a calçada lateral da casa, que é de esquina. “Até é bom que fique quebrada, porque se ficar muito bonitinha, os skatistas iriam incomodar”, analisa. As canelas doces têm mais de cinco anos e, quando plantou, Antonio diz que não sabia o espaço que precisaria deixar para as plantas. “Agora, se for tirar, Deus me livre a dor de cabeça que dá”.

Responsabilidade é da Prefeitura
As árvores plantadas sobre as calçadas são de responsabilidade da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. “Muitas foram plantadas pela prefeitura há muitos anos atrás e outras pelas pessoas, donas dos imóveis (sem critérios técnicos), e são as que dão problema hoje”, afirmou a assessora especial da Secretaria, Gisele Ramos Keller.

Por essas situações, hoje há diversos exemplares de vegetação exótica, ou seja, que não fazem parte da nossa flora nativa. Isso, segundo Gisele, causa problemas com os calçamentos e com a fiação elétrica. “Não se levava em consideração o sistema radicular, copada e altura”. O espaço deixado para plantar a árvore também não era levado em conta. “A árvore vai crescendo e não tem espaço de expansão e acaba danificando o calçamento”, complementa.

Apesar de ainda não haver um plano de arborização em Montenegro, a SMMA informa que há técnicos para orientar os moradores que desejarem plantar árvores nas suas calçadas. “Consta dentro do plano de governo, o projeto para um plano diretor de arborização urbana”, informou o diretor de Meio Ambiente, Magnus Engel. Ele relata que é um trabalho complexo, mas que está em tratativas.

Quem precisa remover árvores da calçada deve solicitar via processo administrativo, direcionado à Diretoria de Limpeza Pública, na SMMA. O pedido deve ser justificado e precisa conter anexos os documentos pessoais do solicitante e do imóvel. Após, a equipe da SMMA, vai ao local verificar se há real necessidade de retirada do indivíduo arbóreo, ou não.

O que plantar?
O ideal é optar por espécies nativas da nossa região. Antes de escolher uma árvore para plantar na calçada, deve-se pesquisar a altura dela, por causa dos fios de luz e se há encanamento da rede de água no subsolo. Qualquer pessoa, antes de plantar uma árvore, pode entrar em contato com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente para tirar as dúvidas sobre a espécie mais adequada. O telefone é (51) 3649-1829 ou 3649-8248.

Algumas espécies nativas e ideais para as calçadas da nossa região são o Araçá, Manacá da Serra, Aroeira Vermelha, Pitangueira e Camboim.

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