AIDS e HIV: nas relações sexuais, proteção vale a sua saúde

Se engana quem pensa que dezembro é reservado apenas às comemorações de fim de ano. O 12º mês do ano também é marcado pela Luta Mundial Contra a Aids, representado pelo Dezembro Vermelho. Dado repassado pela Vigilância Epidemiológica mostra que, neste ano, apenas em Montenegro, houve seis óbitos por AIDS. Além disso, foram 51 notificações de casos entre HIV e AIDS até então.

No ano passado foram 51 casos totais notificados e 11 óbitos. Já em 2021 foram 46 casos e seis óbitos novamente. O número não tem grande crescimento, mas também não reduziu, o que mostra que o assunto deve ser debatido durante o ano todo em todos os setores do município, visando a conscientização. O setor ainda indica que atualmente existem mais de mil casos em Montenegro de pessoas vivendo com HIV.

Nos Indicadores e Dados Básicos do HIV/AIDS nos Municípios Brasileiros, é possível destacar que, em nível nacional, em 2023, 16.281 casos de Aids foram notificados, entre homens, mulheres, menores de cinco anos e entre 15 e 24 anos de idade. O número foi bem mais baixo do que 2022, que fechou com 36.753 pessoas no mesmo público. No ano passado, foram 7.729 gestantes com HIV, enquanto, até agora, foram 1.034. Ainda, no ano passado foram registrados 11.515 óbitos que tiveram como causa básica Aids, enquanto neste ano foram 10.994.

O intuito do Dezembro Vermelho é vencer o preconceito à cerca da doença, desmistificando justamente os tabus, além de alertar a população para a importância do uso responsável de preservativo como forma de prevenção para HIV e Aids, assim como demais Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s). Ainda, o mês tem o grande desafio de incentivar a testagem rápida para detecção precoce do diagnóstico do HIV/Aids para otimização do tratamento em tempo oportuno. Para tratar deste tema tão importante, a assistente social da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Montenegro Ana Paula da Silva Martins e a enfermeira Zaira Motta da Rosa, coordenadora do Ambulatório de Infectologia da SMS explicam tudo o que você precisa saber sobre a doença.

É importante entender que não se pode falar de Aids sem falar de HIV. Esta última é a sigla em inglês para Vírus da Imunodeficiência Humana. Trata-se de uma Infecção Sexualmente Transmissível, IST, em relações sexuais desprotegidas, ou seja, sem o uso de preservativo feminino ou masculino. Se forma objetiva, pode-se afirmar que a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) é uma doença provocada pelo vírus do HIV. “Esse vírus ataca o sistema imunológico da pessoa, sendo as células mais atingidas os linfócitos T CD4+, provocando uma alteração no mecanismo de defesa do corpo, dessa forma a pessoa fica mais vulnerável a doenças oportunistas”, explica Ana Paula.

Ela acrescenta que quando a pessoa é infectada pelo vírus e não tem adesão adequada ao tratamento de saúde, o vírus ataca o sistema imunológico, que tem o objetivo de proteger o organismo e defendê-lo contra doenças. É fundamental destacar que ter o HIV não é a mesma coisa que ter Aids. Conforme Zaira, muitas pessoas vivem com o vírus e em adequada adesão ao tratamento podem atingir uma carga viral indetectável não adoecendo e com poucas chances de transmissibilidade.

Assistente social Ana Paula e enfermeira Zaira Motta

Ações que podem transmitir a doença:
– Sexo sem camisinha, seja vaginal ou anal. Em situações de sexo oral, são baixas as chances de transmissibilidade;
– Uso de seringa por mais de uma pessoa;
– Transfusão de sangue contaminado. OBS: os sangues doados em banco de sangue passam por testagem prévia, desta forma as chances de transmissibilidade são muito baixas;
– Da mãe infectada para seu filho durante a gravidez, no parto e na amamentação;
– Instrumentos que furam ou cortam não esterilizados.

Não há risco de transmissão:
– Sexo (desde que se use corretamente a camisinha);
– Masturbação a dois;
– Beijo no rosto ou na boca;
– Suor e lágrima;
– Picada de inseto;
– Aperto de mão ou abraço;
– Sabonete/toalha/lençol;
– Talheres/copos;
– Assento de ônibus;
– Piscina;
– Banheiro;
– Tomando chimarrão;
– Pelo ar.

Como prevenir?
Segundo as profissionais, manter as relações sexuais protegidas através do uso de preservativo masculino ou feminino é a melhor maneira de prevenir o vírus. Outro ponto citado é a Profilaxia Pós-Exposição Sexual (Pep Sexual) quando e se necessário em situações de urgência como violência sexual, relação sexual desprotegida (sem o uso de camisinha ou com rompimento da camisinha) e acidente ocupacional (com instrumentos perfurocortantes ou contato direto com material biológico).

Foto: freepik

Zaira explica que a PrEP HIV é a Profilaxia Pré-Exposição Sexual, método de prevenção à infecção pelo HIV que consiste na tomada diária de um comprimido que impede que HIV infecte o organismo, antes de a pessoa ter contato com o vírus. Moradores de Montenegro podem aderir à Pep Sexual gratuitamente junto ao atendimento 24h na SMS e à Prep no ambulatório de infectologia também na Secretaria.

Atuação no Município
Conforme Zaira, além de dispor das Profilaxias pré e pós exposição sexual, o Município realiza todo o atendimento necessário à pessoa vivendo com HIV, desde o teste rápido, tratamento com equipe multiprofissional, realização de exames e medicação. Como forma preventiva ainda atua na promoção de campanhas, distribuição de preservativos feminino e masculino em todos os postos. Quando chamada, a equipe realiza rodas de conversa junto a comunidade, também tem atuação junto ao Programa Saúde nas Escolas (PSE) realizando também palestras e levando a informação adiante. Para tirar dúvidas, você pode entrar em contato com o ambulatório através do número (51) 3649-4348.

Sistema Imunológico
O corpo reage diariamente aos ataques de bactérias, vírus e outros micróbios, por meio do sistema imunológico. Muito complexa, essa barreira é composta por milhões de células de diferentes tipos e com diferentes funções, responsáveis por garantir a defesa do organismo e por manter o corpo funcionando livre de doenças. Entre as células de defesa estão os linfócitos T-CD4+, principais alvos do HIV, vírus causador da Aids, e do HTLV, vírus causador de outro tipo de doença sexualmente transmissível. São esses glóbulos brancos que organizam e comandam a resposta diante dos agressores. Produzidos na glândula timo, eles aprendem a memorizar, reconhecer e destruir os microrganismos estranhos que entram no corpo humano.

O HIV liga-se a um componente da membrana dessa célula, o CD4, penetrando no seu interior para se multiplicar. Com isso, o sistema de defesa vai pouco a pouco perdendo a capacidade de responder adequadamente, tornando o corpo mais vulnerável a doenças. Quando o organismo não tem mais forças para combater esses agentes externos, a pessoa começar a ficar doente mais facilmente e então se diz que tem Aids.

Pessoas que vivem com HIV e parceiros com o mesmo vírus
Se você e seu parceiro ou parceira vivem com HIV, ainda precisam praticar sexo seguro. Use camisinha toda vez que fizer sexo vaginal, oral ou anal. Os preservativos podem protegê-los de outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Além disso, como existem diferentes cepas (tipos) de HIV, você pode ser infectado uma segunda vez com um tipo diferente do que já tem. Algumas formas de HIV também são mais virulentas, o que significa que progridem para a Aids mais rapidamente. Você pode se infectar com uma cepa de HIV resistente a medicamentos. Isso pode dificultar muito o funcionamento do tratamento.

Doença pode ser confundida com sintomas de gripe
Ana Paula explica que nas primeiras duas a seis semanas depois de serem infectadas pelo HIV, algumas pessoas podem apresentar sintomas similares aos de uma gripe, como febre, mal-estar prolongado, gânglios inchados pelo corpo, manchas vermelhas na pele, dor de garganta e dores nas articulações. Mas, por outro lado, outras pessoas podem não apresentar nenhum sintoma por muitos anos, enquanto o vírus, vagarosamente, se replica. “Por isso é tão importante que a pessoa que teve relação sexual desprotegida, sem uso de preservativo, realize testagem rápida para ter o diagnóstico”, diz.

Vale lembrar que o teste rápido pode ser realizado em todos os postos de saúde e não precisa de prescrição médica para sua realização. Ao notar algum sinal anormal, deve-se procurar o posto de saúde mais próximo à sua casa e agendar o teste rápido. “Caso positivo, o paciente será encaminhado para atendimento e acompanhamento de saúde adequado”, acrescenta Ana Paula.

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