A Educação conflagrada

A transferência de alguns professores das escolas em que vinham lecionando há anos deu um toque de polêmica à volta às aulas na rede municipal de ensino, esta semana. Sete educadores, das escolas Gente Miúda, Pedro João Müller (Costa da Serra) e São Paulo ingressaram com ações na Justiça contra o Município. Dois obtiveram liminar, ou seja, uma autorização para ficar onde estão até que o mérito do processo seja julgado. A Prefeitura, através da Procuradoria Geral do Município, respondeu com um recurso para preservar o direito de realizar os remanejamentos, sob o argumento de que os mestres fizeram concurso para atuar na rede e não na instituição A ou B. Já os que recorreram ao Judiciário alegam que a transferência precisa estar fundamentada e como as suas fichas estão limpas, sem qualquer penalização, acreditam ter o direito de permanecer onde estão.

Boicote – Esta polêmica não é nova. Foi desencadeada no fim do ano passado, quando a Smec substituiu os diretores de algumas instituições de ensino da rede e deu a eles a liberdade de formarem as suas equipes de trabalho. A decisão gerou polêmica e descontentamentos, que acabaram encontrando nas redes sociais um ambiente fértil para queixas e desabafos. E, embora ninguém confirme oficialmente, pelo aplicativo Whats app, teriam sido combinadas até mesmo estratégias para boicotar o trabalho dos novos gestores.

Confiança – É natural que qualquer pessoa, ao assumir o comando de uma instituição, queira se cercar de pessoas da sua absoluta confiança, afastando aqueles que resistem à mudança. Funciona assim no mundo corporativo e não é diferente nas repartições públicas. De acordo com a Smec, alguns desses professores possuem, sim, ocorrências registradas em atas, recomendando a sua transferência. Vão aparecer dentro do processo.

Mais cedo – Por mais grave que seja, esta não é a única situação de conflito vivenciada na educação do Município neste começo de ano. Como sempre, é grande a queixa em relação à falta de vagas nas escolas de Educação Infantil. A Secretaria, porém, afirma que, em breve, todos estes casos estarão selecionados. Todos que têm direito deverão ser contemplados. Espera-se que sim.

O confronto envolvendo a Smec e os professores transferidos merece algumas considerações:
1 – de um gestor da Educação, espera-se equilíbrio e habilidade para conviver com as críticas. É um princípio da Democracia, ensinado nas escolas;

2 – de um educador, é desejável uma postura mais adulta. Falar mal de chefes nas redes sociais, um espaço onde não existe segredo, é demonstração de amadorismo que desqualifica um professor;

3 – a Educação é uma área importante demais para ser contaminada por disputas mesquinhas e, eventualmente, por rivalidades políticas.

Obsoletos – No que diz respeito à falta de vagas, nos primeiros dias, até que as grades de cada escola estejam fechadas, podem ocorrer problemas. Contudo, o governo precisa investir num mecanismo de controle que não transforme os pais em bolinhas de pingue-pongue, correndo de um lado para o outro, entre a Smec e as escolas, para ter um encaminhamento definitivo de suas demandas.

Estresse – A pressão sobre os servidores da Smec, não restam dúvidas, é grande. Até porque muitos pais são relapsos e deixam tudo para a última hora. Contudo, há relatos de que estão sendo mal atendidos na Secretaria, por funcionários estressados e impacientes. Que tal uma pequena dose de maracujina?

Convivência pacífica
Os ataques efetuados nos últimos dias contra motoristas que trabalham para o serviço de transportes Uber precisam ser repelidos pelas autoridades. Não queremos que a cidade seja palco de agressões e depredações como as registradas, desde o ano passado, nas regiões em que o serviço chegou primeiro. Até porque, dentro dos veículos, pode haver passageiros, que têm todo o direito de escolher aquilo que melhor lhes convier e for mais barato.

Regulamento – A disputa é natural, já que os taxistas pagam impostos e contribuem com o erário, enquanto os concorrentes do Uber atuam livremente. Trata-se de uma concorrência desleal e, como tal, deve ser tratada. O ideal é que seja feita a regulamentação, por meio de um projeto de lei, o quanto antes, após um amplo debate com a sociedade.

Bons e maus – As agressões registradas nos últimos dias, felizmente, são um caso isolado. A maioria dos taxistas é contra a violência e o vandalismo, mas, como em qualquer categoria, existem os bons e os maus profissionais.

Fiscalização efetiva
A apreensão de um carrinho de mão cheio de abacaxis, no centro da cidade, esta semana, provocou pesadas críticas aos fiscais da Prefeitura nas redes sociais. Muita gente considerou um absurdo fazerem o recolhimento das frutas quando vivemos num momento de crise, em que a informalidade é, para muitos, a única alternativa de sobrevivência. Parece lógico, mas o argumento é raso.

Ameaça – Vendedores ambulantes que não estão regularizados na Prefeitura, por meio do pagamento de uma taxa, competem com estabelecimentos formalizados, que geram receitas e impostos. Estas empresas, se a fiscalização não agir, perdem seus clientes para eles e serão obrigadas a reduzir o quadro de funcionários. Ou seja, a informalidade tende a aumentar ainda mais no médio e longo prazos.

Justo agora?
Diante da necessidade de reduzir despesas, a Administração Municipal suspendeu contrato para a capina e varrição das ruas. O resultado é uma cidade cada vez mais suja, situação agravada pelo desleixo de alguns proprietários de terrenos, que simplesmente não providenciam a limpeza das suas áreas. E o pior é que isso ocorre justamente na época do ano em que o capim mais cresce, por causa do calor e da umidade, e quando boa parte dos servidores públicos está de férias.

Caloteiros – Aliás, alguém está faltando com a verdade nessa história. Ontem, o proprietário da empreiteira que fazia o serviço informou que, na verdade, foi ele que decidiu parar, pois estaria sem receber desde setembro. O calote do poder público de Montenegro continua, como nunca antes na história recente.

Paraíso – Mas como a zoeira nunca acaba, há quem veja essa situação com otimismo. A cidade poderá se tornar uma grande área de preservação, paraíso de cobras, lagartos, aranhas, ratos, escorpiões, baratas e outros seres que adoram viver na imundície. Talvez dê até para cobrar ingresso para um safari na “ex-Montenegro”.

Rapidinhas
* É uma vergonha a situação em que se encontra o prédio do Instituto de Previdência do Estado, na rua José Luiz. Sem atendimento ao público novamente, a unidade agora é um viveiro de inços, insetos e outros animais que vivem no mato. Lamentável!

* Os políticos são campeões em transformar o simples atendimento de suas obrigações em grandes eventos. Foi o que ocorreu segunda-feira, quando Sartori anunciou o pagamento das dívidas dos hospitais. As instituições nem viram a cor do dinheiro, mas a promessa de liberação foi transformada em uma solenidade com pompa. Ridículo!

* Não é só em Montenegro que as obras públicas não duram muito. Em São José do Sul, o forro do prédio da Prefeitura, inaugurado em junho de 2012, veio abaixo durante a chuvarada que caiu sobre a região na noite de domingo. É possível que a empreiteira responsável pela construção seja chamada a providenciar a reforma.

* É corajoso o secretário de Viação, Ricardo Endres, ao pedir que os moradores do interior, prejudicados pela má conservação das estradas, tenham paciência. Se existe algo que eles exercitam há muitos anos é a paciência. Alguns podem ser facilmente confundidos com monges budistas. A expectativa em relação aos políticos é mínima.

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