900 alunos do São João Batista ficam sem merenda

Descaso. Professores e higienizadoras acumulavam a função desde março

A denúncia chegou à redação do Ibiá através de um estudante do Ensino Médio na Escola Estadual Técnica São João Batista, em Montenegro, sendo confirmada depois pela direção, pelo Circulo de Pais e Mestres (CPM) e pelo Grêmio Estudantil São João Batista. “Estamos sem merendeira desde o mês de fevereiro, e até agora quem estava fazendo a comida era a direção e professores”, confirmou a estudante Raquel Marques da Silva, responsável pela comunicação do Grêmio.

A preparação da alimentação para cerca de 900 jovens, dos três turnos, não é mais realizada a partir desta semana, até que venha uma pessoa contratada para o cargo. A professora Daniela Boos, que também é mãe de aluno e integrante do CPM, revelou que as servidoras da higienização estavam ajudando, ao lado de docentes e equipe diretiva. Um exemplo dado pela mãe é o da vice-diretora do noturno, professora Viviane Morandini, que dedicava as tardes à preparação da merenda que seria servida em seu turno.

O resultado era acúmulo de função, além do claro desvio, criando uma escalada do problema que afetava outros setores da escola. “E a situação chegou a um limite insustentável. Não tem mais como manter”, definiu. Daniela lembra que o déficit no quadro se arrasta desde março deste ano, quando a única servidora na função de merendeira entrou em atestado médico. “A gente fez de tudo que podia quanto CPM e Escola”, desabafou.

Apesar de conhecer a realidade das escolas estaduais no Vale do Caí, apenas na tarde de segunda-feira, 12, o 5º Núcleo do Cpers Sindicato soube suspensão definitiva da merenda no São João Batista. Sua diretora geral, professora Elisabete Pereira, informou que nessa terça-feira, 13, durante a ‘marcha dos aposentados’ em Porto Alegre, entregou relatório à Direção Estadual do Sindicato dos Professores.

“Mas não é somente no São João Batista”, apontou. Ela recorda que as caravanas do Cpers, cuja última passou na região em 26 de agosto, têm apontado deficiências estruturais e de equipe nos educandários estaduais. Ela citou a Escola Estadual Guilherme Moojen, onde também há falta de merendeira, além de monitor e professores. “O governo está só querendo mandar terceirizados, que é para dois ou três meses, iludindo a pessoa, e mandam embora depois”, declarou.

A coordenadora da 2ª Coordenadoria Regional da Educação (CRE), Ileane dos Santos Bravo, diz que nessa terça-feira, 13, duas servidoras foram remanejadas de outras escolas para atender a demanda do São João Batista até a chegada de cinco servidoras terceirizadas. “Já avisamos a direção da escola, que até então vem fazendo um trabalho maravilhoso junto a sua equipe para minimizar este problema”, destaca. A assessoria da 2ª CRE também confirmou a contratação de novos profissionais, informando que previsão é de que a demanda esteja suprida em até 15 dias.

Outras 11 escolas também têm falta de servidores
Das 17 instituições de ensino estaduais de Montenegro, além do São João Batista, mais 11 escolas alegaram falta no quadro de funcionários. A escola Moojen é a mais afetada com a defasagem, onde há falta de servidor de limpeza, merendeira, orientação, secretaria, monitor de escola para alunos com necessidades especiais e professor de matemática. Já o Polivalente aguarda por profissionais de limpeza, merendeira e professores de geografia e língua portuguesa. Na Adelaide Sá Brito faltam dois servidores para limpeza, merendeira, orientador educacional, além de professores de português e inglês.

Na Adão Martini falta merendeira, profissional de limpeza e supervisão. Na Tanac, além de falta de servidores de orientação, supervisão e secretaria, ainda falta um professor de português. No Ciep faltam dois servidores da limpeza e no Manoel de Souza Moraes um. O Aurélio Porto aguarda uma merendeira e um servidor para limpeza. No Delfina, a falta é de um professor de língua portuguesa; na Osvaldo Brochier falta um professor de inglês e na José Garibaldi é de um monitor. As direções das escolas Yara Ferraz Gaia, AJ Renner, Promorar, Januário Corrêa e Álvaro de Moraes afirmaram estar com o quadro completo atualmente.

Ibiá denunciou crise no começo do ano
Em março deste ano o Ibiá publicou reportagem sob título “Treze escolas estaduais têm falta de servidores em Montenegro”. O jornalismo revelou que, após um mês de início deste ano letivo, em Montenegro, das 17 escolas estaduais, apenas quatro tinham o quadro de professores e servidores completo.

Na época, a responsável pela 2ª Coordenadoria Regional da Educação (CRE), Ileane dos Santos Bravo, garantiu que houve a contratação de quatro serventes e uma merendeira para escolas no município. Em relação às demais necessidades, prometeu que seriam supridas por terceirizadas e revelou ainda “falta de liberação de fonte de custeio para contratação de merendeiras”.

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