Vale de dores

A chegada de um bebê é momento de sublimidade. Alegria imensa no íntimo, emoção no choro, no riso, nos abraços! Ao nascer um bebê, queremos que seja feliz. O que significa ser feliz? As definições se contradiriam. Cada um expressa exatamente o que tem em si, o que é interiormente: condições financeiras, viagens, família unida? Em todas as opções há sempre momentos de felicidade. O que queremos para este bebê?

Éramos muito pequenos. Seguidamente, estava em nossa casa, uma vez que no interior morava. Vinha com a mãe, uma pessoa calma e de grande doçura. Brincávamos muito e nas travessuras, ela nos acalentava e perdoava. Até hoje lembramos o olhar doce e a voz macia. Um dia, ela partiu definitivamente. A alegria esmoreceu e passamos longo tempo sem nos vermos. Foi para um internato e tempos depois, viu-se só, diante da doença e partida do pai.

A vida seguiu com ele, ainda menino, longe de nós. No percurso da vida, percebeu o “vale de dores” e o enfrentou: vacilou, caiu, chorou, sofreu. Foi quando, mergulhado no fundo de um poço, a imagem da doçura veio à mente. Na escuridão, olhou para o alto, admirou o céu e sentiu em si as nuvens, na leveza, pareciam lhe dizer algo. Foi quando, orou e chorou! Lentamente, fez um esforço e ergueu-se. Uma força o impulsionava. Entre tropeços, caminhou firme na busca do equilíbrio. Tinha muito a fazer nesta vida terrena. E a doce voz, nas vacilações, retornava e assoprava para seguir. Dele, tudo dependia.

As preces o conduziram ao Evangelho. Ao ler uma passagem, sentiu o quanto aqueles dizeres pra ele eram: “Que remédio, pois, recomendar àqueles que estão atacados de obsessões cruéis e de males cruciantes? Um só é infalível: a fé, o olhar para o céu. Se no acesso dos vossos mais cruéis sofrimentos, a vossa voz cantar ao Senhor, o anjo à vossa cabeceira, de sua mão vos mostrará o sinal de salvação e o lugar que deveis ocupar um dia…”(Evangelho segundo o Espiritismo, Cap.V, Bem-aventurados os aflitos, item 19, O mal e o remédio). A dor sentida é o remédio pra nossa alma! É no sofrimento que a fé aflora e chamamos por Deus. E neste chamado, a nossa salvação.

Ele e nós com angústias e sofrimentos! O que muda é a forma de olhar e sentir a dor. Quem descobre Deus e O tem em si, entende que as vicissitudes vêm para o crescimento moral e espiritual e as aceita com resignação. Mas não fica estagnado. Recorre a Deus na prece, confia e segue! Então, na alegria do nascimento de um bebê, a responsabilidade de nele plantar a semente da fé.
E nosso amigo? Depois das turbulências, o reencontro feliz de uma amizade de infância que permanecerá por toda eternidade. Nele, a calma e a doçura de quem tem Deus no coração.

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