A população de Montenegro vive um drama alarmante com os sucessivos aumentos nas contas de água. Nos últimos meses, diversos moradores relataram cobranças exorbitantes e sem explicação plausível, chegando a valores que superam R$ 800,00, enquanto, historicamente, suas faturas se mantinham em patamares muito inferiores. Essa realidade abusiva precisa ser enfrentada com urgência, pois afeta diretamente famílias que já lutam para equilibrar suas finanças diante das dificuldades econômicas.
Conforme matéria publicada por este Jornal em 3 de fevereiro, moradores de diversos bairros da cidade, incluindo Cinco de Maio, Centenário, Estação e Santo Antônio, têm recebido faturas que destoam completamente do que era cobrado anteriormente. São comunidades de baixa renda, onde não há consumo elevado de água, grandes residências ou piscinas, e, ainda assim, o impacto financeiro dessas cobranças se tornou insustentável para muitas famílias. Ao buscar explicações junto à Corsan/Aegea, a resposta que encontram é sempre a mesma: verificações de hidrômetros e possíveis vazamentos na rede. No entanto, após inspeções particulares, não se constatou qualquer irregularidade nos sistemas hidráulicos das residências atingidas.
O que torna a situação ainda mais revoltante é que, além do aumento arbitrário das tarifas, a qualidade do serviço prestado tem se mostrado precária. Em diversas ocasiões, moradores abriram suas torneiras e se depararam com água marrom, imprópria para o consumo. A justificativa da concessionária foi vaga e insuficiente, deixando a população insegura quanto à potabilidade da água que chega às suas casas. Como se não bastasse, a cidade enfrenta interrupções frequentes no abastecimento devido a rompimentos na rede, fruto da falta de manutenção e investimentos adequados para acompanhar a expansão do município.
Diante desse cenário, é impossível não questionar a lógica tarifária imposta pela Corsan/Aegea. A água, reconhecida pela ONU como um direito humano fundamental desde 2010, está sendo tratada como um luxo acessível apenas àqueles que podem pagar por tarifas inflacionadas e desproporcionais. O serviço, no entanto, não condiz com os valores cobrados, o que caracteriza uma afronta aos direitos do consumidor e à dignidade das famílias montenegrinas.
A justificativa da concessionária para tais aumentos sempre recai sobre hipóteses de vazamentos ou falhas nos hidrômetros, porém, essas alegações são facilmente refutadas pelos casos em que a própria empresa constatou a inexistência de problemas, mas manteve os valores abusivos nas faturas. O impacto financeiro sobre os moradores é devastador, tornando-se mais um fardo em tempos já difíceis para grande parte da população.
Diante dessa realidade, é imprescindível que medidas sejam tomadas com urgência. A suspensão imediata dessas cobranças excessivas deve ser considerada até que a Corsan/Aegea consiga justificar, com total transparência, os motivos desse aumento abusivo. A fiscalização sobre a concessionária precisa ser ampliada e medidas concretas devem ser adotadas para garantir que a população não seja penalizada por falhas administrativas e decisões comerciais injustificáveis.
A Câmara de Vereadores tem acompanhado de perto essa situação e seguirá cobrando uma atuação firme dos órgãos reguladores e do Ministério Público para que essa política tarifária predatória seja revista. A água não pode ser tratada como uma mercadoria qualquer. É um direito essencial à vida, e é dever das autoridades garantir que esse direito seja respeitado, protegendo os cidadãos de Montenegro contra abusos e cobranças indevidas que comprometem sua dignidade e bem-estar.