Mais um maio terrível para Montenegro

Mal havíamos nos recuperado do terrível maio de 24, com sua enchente tragicamente histórica, eis que o maio corrente lança nova bomba sobre a economia gaúcha. A mesma Montenegro que sangrou o flagelo implacável do Rio Caí, volta ao noticiário por razões que jamais se desejaria: a descoberta de um surto de gripe aviária em uma granja local.

As autoridades sanitárias ainda investigam a origem exata do surto de gripe aviária (H5N1) por estas bandas, considerando três hipóteses principais: o contato com aves silvestres (que podem ser portadoras do vírus sem apresentar sintomas, facilitando a disseminação); fatores humanos e operacionais (mesmo com protocolos de biossegurança, o vírus pode entrar através de roupas e calçados, equipamentos ou veículos contaminados); e contaminação pela utilização de água ou insumos contaminados na alimentação das aves.

O fato consumado é que a recente detecção de um foco de N5N1 em uma granja de Montenegro, acende um alerta sanitário com implicações econômicas significativas que vão além do município, causando estragos nas balanças comerciais do estado e do país. Não é uma crise pequena.

IMPACTOS ECONÔMICOS – O Rio Grande do Sul, segundo maior produtor de carne de frango do Brasil, já enfrentava desafios em 2024 devido a um surto de Doença de Newcastle, que resultou em uma queda de 6,5% nas exportações de carne de frango e uma redução de 12,7% na receita, totalizando US$ 1,266 bilhão. A confirmação de gripe aviária pode agravar essa situação, levando a embargos internacionais e aumentando a oferta no mercado interno, o que tende a pressionar os preços para baixo. Para os consumidores, essa queda de preços pode ser positiva a curto prazo. No entanto, para os produtores, especialmente os de menor porte, a redução nas receitas pode comprometer a sustentabilidade dos negócios e afetar o emprego na cadeia produtiva.

RISCOS À SAÚDE – A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o risco global da gripe aviária para a saúde humana como baixo. A transmissão entre humanos é rara e geralmente ocorre em pessoas com contato direto com aves infectadas. Afortunadamente, até o momento, não há registros de infecção humana.

ORIENTAÇÕES SANITÁRIAS – As autoridades recomendam evitar o contato direto com aves doentes ou mortas e reforçar medidas de biossegurança em granjas. O consumo de carne de frango e ovos continua seguro, desde que os produtos sejam devidamente assados ou cozidos. Para trabalhadores do setor avícola, o uso de equipamentos de proteção é essencial.

O foco de gripe aviária em Montenegro representa um desafio que exige ação coordenada entre autoridades políticas, sanitárias, produtores e a comunidade. Medidas eficazes de controle e prevenção são fundamentais para mitigar os impactos econômicos e proteger a saúde dos trabalhadores e das pessoas em geral. Enfim, maio de 2025 nos entrega sua indigesta “enchente” e as chamadas “forças vivas” da comunidade precisarão se unir num mutirão de solidariedade, sobretudo aos trabalhadores diretos e indiretos do setor.

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