Mesmo com incentivos como o ICMS Verde, o meio ambiente ainda é negligenciado em muitas regiões do Brasil. Criado para premiar municípios que investem na preservação, o ICMS Verde busca transformar boas práticas ambientais em benefícios econômicos. Na teoria, é um avanço. Na prática, os resultados ainda ficam muito aquém do necessário.
O imposto devolve parte da arrecadação estadual aos municípios conforme seus esforços em proteger áreas de conservação, reflorestar, tratar resíduos e cuidar da água. É uma tentativa de alinhar desenvolvimento e sustentabilidade. No entanto, muitos municípios seguem tratando a natureza como obstáculo, não como ativo. Áreas verdes dão lugar a loteamentos, rios seguem poluídos, e o desmatamento continua — muitas vezes com a conivência ou omissão do poder público.
A pergunta que fica é: se há dinheiro envolvido, por que ainda não damos o devido valor ao meio ambiente? A resposta está na falta de consciência ambiental. O problema é estrutural, cultural e social.
Enquanto tratarmos a natureza como algo separado de nós, como se os impactos da destruição não chegassem até nossas vidas, não haverá incentivo que baste.
Precisamos de uma mudança de mentalidade, que vá além de leis e políticas públicas e alcance a educação, os hábitos de consumo e a forma como enxergamos o mundo. A educação ambiental precisa ser prioridade, desde a infância, mostrando que proteger o meio ambiente não é opção — é necessidade.
Aqui em Montenegro, por exemplo, vejo um enorme potencial para ampliar nossa arrecadação via ICMS Verde. Temos morros que são cartões postais, uma extensa margem de rio, mata ciliar preservada e grandes áreas verdes na zona rural. Valorizar esses patrimônios naturais não é apenas garantir mais recursos para o município — é cuidar da nossa própria qualidade de vida.
Preservar não pode ser só uma questão financeira, mas uma escolha ética, um dever coletivo. O ICMS Verde é uma ferramenta poderosa, mas só terá efeito real quando for acompanhado de uma sociedade que entenda que proteger o planeta é proteger a nós mesmos.
