Nada, já sentenciava o meu velho.
Só que, apesar dos conselhos, a gente insiste em arriscar pra depois culpar a sorte. A gente insiste em discordar, em acreditar que existe algo maior que justifique os nossos erros. Independente de todas as crenças, o destino taí e, não por acaso, às vezes eu tenho medo dele. A casualidade não é um fator; é uma desculpa.
Retrocessos não acontecem ao acaso. Teorias não são comprovadas, nem tampouco conspiradas, por acaso. Não; nós não nos apaixonamos, nem morremos de amor ou desamor, nem morremos de verdade, por acaso.
A polícia não nos prende por acaso; juízes não nos julgam ao acaso. Professores não usam o acaso pra ensinar, nem os médicos pra curar. Não mudamos nossos rumos, ou alguém cruza o nosso caminho, entra ou sai das nossas vidas, sem razão. O problema é que, às vezes, a ficha demora a cair; o que nos define é a nossa atitude diante dos fatos.
Você permanece em meu pensamento, não por acaso; o Universo tem um porquê. Nossa ignorância, porém, não vem ao caso.
Um carro só se desgoverna pela imperícia ou negligência de um motorista, da montadora, de quem deveria conservar nossas estradas. Mesmo as piores fatalidades, as maiores desilusões, pra tudo há uma razão, ainda que maior, ainda que desconhecida. Tudo tem um motivo, uma aprendizagem. Não foi por acaso que já erramos tanto, insistindo nos velhos hábitos. Atrasos, acidentes e esquecimentos modificam histórias. Olhares e dúvidas também. Mas, o que nos resta além das incertezas? “Há mais mistérios entre o céu e a terra…”
Deixei o cabelo crescer; você nunca gostou dele assim. Minha desimportância mentirosa não é obra do acaso.
O que foge do nosso controle? Nada é em vão; uma frase capaz de confortar. Mas nem todas as explicações do mundo me convencem. A vida sempre tem mais graça projetada em mistérios.
Não foi por acaso que passei o dia lembrando de palavras bonitas…
Adormeci pensando em saudade. Sonhei com você.