A história não é nova, nem tampouco incomum. A maior parte das denúncias de improbidade e corrupção, em nível federal, partiu de aliados cujo poder foi, de alguma forma, reduzido ou retirado. Pois a nossa provinciana política produziu recentemente um episódio que está “dando pano pra manga”. O vereador Felipe Kinn (MDB) fez uma provocação à colega Camila de Oliveira (Republicanos) durante um debate e acabou acertando um petardo no governo. Ele insinuou que o irmão da vereadora foi nomeado para um cargo na Administração Municipal.
A indicação de parentes de vereadores para cargos na Prefeitura não foi referenciada por nenhum dos parlamentares na sessão ordinária da última semana. Nem mesmo o autor Felipe Kinn (MDB) quis tocar no assunto, apesar da curiosa posição que tomou na história. Só que acabou respingando em mais gente. Sobrou pro presidente da Câmara, Juarez Vieira da Silva (PTB), que tem o genro em um cargo; e especialmente pro Governo Zanatta pela suposta oferta das nomeações. Respinga, aliás, no Legislativo como um todo, pois levanta suspeitas sobre outros vereadores, que também têm indicados trabalhando na administração. Essas trocas de cargos por apoio, não sejamos ingênuos, é prática bastante comum na Política; tratando-se de parentes ou não.
É um caminho muito usado para garantir governabilidade e conduzir as coisas com menos turbulência na relação Executivo x Legislativo. Como Zanatta e Cristiano, durante a campanha, falavam em nova política, valorizando o servidor público, e escolhendo pessoas para as chefias pela capacidade técnica, a crítica tem sido pesada.
Analisando friamente a questão, a nomeação do genro de Juarez – o único que aceitou comentar o caso à reportagem do Ibiá – é, talvez, a menos problemática. O parente integra o governo desde o início, era do PTB de Zanatta e do sogro e, convenhamos, com indicação ou não, era certo o apoio do atual presidente do Legislativo ao governo. Já para o caso de Camila, do Partido Republicanos, que perdeu as eleições pra Prefeitura com Percival, a nomeação do irmão, feita mês passado, pode ganhar outras interpretações. Justo ou não, faz o eleitor se questionar até que ponto uma parlamentar, que tem como uma das principais funções a fiscalização do Executivo, pode fazê-lo com isenção. O que vale também para os demais vereadores.
Ao recusarem comentar o assunto, tanto o governo municipal quanto a vereadora Camila colocam mais lenha na fogueira. Os demais vereadores, também. Acabam parecendo beneficiados com a prática das indicações.
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Incentivos
O vereador Paulo Azeredo (PDT) estava confiante que seu pedido de vistas ao projeto de incentivos ao Grupo Imec seria aprovado na quinta-feira. Diz ele que colegas tinham-lhe garantido que era de praxe, na casa, que esse tipo de requerimento sempre encontraria voto favorável em todos os vereadores. Passou longe disso. Na realidade, todos foram contra o pedido.
Na discussão sobre os incentivos à empresa, Azeredo bateu o pé afirmando que, na CGP, votou contra o projeto. Mas, de acordo com a ata, e segundo os vereadores Camila Oliveira (Republicanos), Talis Ferreira e Gustavo Oliveira (ambos do PP), o pedetista se absteve de votar na comissão.
Paulo (foto) tem razão em querer conhecer melhor as possibilidades de incentivos do Município; e entender como eles podem atender à ainda mais empresas. Porém, como ex-prefeito, era de se esperar que o vereador já conhecesse bem dessa legislação. Uma rápida pesquisa no site da Câmara mostra que, dentro do seu governo, pelo menos quatro organizações receberam incentivos da Prefeitura.
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Orçamento
Especialistas ouvidos pelo Estadão apontam a inflação em alta como um dos principais motivos pros aumentos de arrecadação de ICMS registrados em vários estados do País. Por aqui, em Montenegro, a previsão de entradas com o tributo também embasa fortemente o orçamento do ano que vem, que teve incremento de 15,4% sobre o de 2021.
Juro Zero
O Governo Zanatta se prepara para relançar o Programa Montenegro Juro Zero. Principal medida criada para ajudar as pequenas empresas, a iniciativa trouxe o custeio integral dos juros em empréstimos de até R$ 5 mil às organizações. Porém, houve baixa procura até o fim do prazo de adesão, em agosto. A coluna apurou que a proposta é ampliar bastante a faixa de crédito, que poderá chegar a até R$ 20 mil; tendo os juros pagos pela Prefeitura. O primeiro passo, contudo, é um novo chamamento às instituições financeiras interessadas em operar o programa. Ainda não há data de quando isso irá ocorrer.
Tradicionalismo
Com o gancho dos Festejos Farroupilha, o vereador Gustavo Oliveira (PP) protocolou indicação ao Executivo para que sejam aplicados conteúdos sobre a cultura tradicionalista nas escolas da rede municipal. Muitas já trabalham o tema, mas a abordagem passaria a ser regra. Outros municípios gaúchos já têm legislação nesse sentido.
Planejamento
Na avaliação de Karl Kindel, presidente da ACI, entram e saem governos, e falta preocupação com pensar o planejamento da cidade a longo prazo, pras próximas décadas. A declaração foi dada à Rádio Ibiá Web, em mesa redonda sobre o Comércio (foto); composta, também, pelo presidente do Sindilojas, José Lotário Stoffel, e o diretor de Indústria e Comércio da Prefeitura, André Fernandes. É válida! Uma que há governantes que descartam projetos importantes ao assumir só pelo encaminhamento ter sido feito pelo antecessor. Outra, que investir em planejamento não rende ação imediata, nem mídia, por isso acaba ficando de lado. Kindel disse que já levou a preocupação ao atual prefeito.
Uergs
A ameaça da saída da Uergs voltou com mais força. É que da última vez que o assunto veio à tona, em 2017, os motivos de uma eventual saída eram os recursos financeiros escassos para pagar o aluguel junto à Fundarte. Só que, agora, o Estado já consegue “resolver” esse problema. A universidade recebeu a posse do imóvel da antiga Fundação de Ciência e Tecnologia em Porto Alegre e já anunciou os planos de, com ela, reduzir um pouco dos quase R$ 2,5 milhões que gasta por ano com locações em suas diferentes unidades. Aí que está a questão. Nessa linha, infelizmente, a proposta da oferta de um terreno da Prefeitura para que a Uergs faça uma sede própria por aqui parece difícil de vender. Mas dá pra tentar! O importante é conseguir, pro lugar que for, sensibilizar os responsáveis da importância que a universidade tem para Montenegro.
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Em Off
Mágoa
A saída de Kadu Müller do Progressistas tem outras razões, bem diferentes daquelas apresentadas oficialmente. Uma fonte do mesmo Progressista revelou que o ex-prefeito ficou magoado com assédio de lideranças do partido para trazer de volta o prefeito Gustavo Zanatta.
Uma ala do partido trabalhava numa eventual candidatura de Kadu a deputado estadual, mas dizem que o Progressista já teria definido outro candidato.
Assim, em curto espaço de tempo, Kadu viu duas portas se fechando para ele. Segundo a mesma fonte, na política nem sempre aqueles que “estendemos a mão, permanecem leais”.